Quiz 15: PORTUGUÊS - 3ª Série (Ens. Médio)
01
(SAEPE). Leia o texto abaixo.
Backup de lembranças
O americano Gordon Bell, pioneiro da comunicação na década de 60, fez um experimento consigo mesmo para mostrar como finalmente podemos escapar do esquecimento biológico. Tudo começou em 1998, quando Bell decidiu digitalizar todos os documentos de papel que guardava desde os anos 50: fotos, anotações de trabalho e até imagens de suas roupas. No “ápice” do experimento, retratado em O Futuro da Memória (2009, Editora Campus), ele chegou a gravar quase tudo o que acontecia na sua vida. Para isso, usava uma microcâmera em seu peito que tirava fotos a cada 5 segundos, e carregava um gravador para captar todos os sons que ouvia. Tudo o que Gordon lê num computador é automaticamente repassado para um sistema que funciona como um Google pessoal. Lá, ele consegue checar instantaneamente quando e com quem estava em dado momento, e até encontrar o que aquela pessoa disse. “É ótimo ter um backup de memória”, diz o pesquisador da Microsoft de 76 anos, que critica as técnicas de memorização.
Na verdade, há quem argumente que a cabeça é um dos piores lugares para se guardar uma memória – ao menos se você quiser ser uma versão mais próxima do que realmente aconteceu. Imagine que nosso armazenamento de informação é semelhante a uma trupe de atores (os neurônios) interpretando uma peça. Cada um sabe somente suas falas, que devem ser ditas após a deixa dos outros. Se um dos atores ficar doente, atrapalha a peça, forçando os companheiros a improvisar. A metáfora serve para explicar por que, ao recuperarmos algumas de nossas memórias, nós as fortalecemos, mas enfraquecemos e esquecemos outras que não estão relacionadas. E (desculpe, Gordon Bell) não há arquivo que combata isso.
Galileu. n. 241. Ago. 2011. p. 45. Fragmento.
Nesse texto, no trecho “Lá, ele consegue checar instantaneamente...” (1° parágrafo), a palavra destacada está no lugar de
02
(SAERO). Leia o texto abaixo e responda.
Burro-sem-rabo
São dez horas da manhã. O carreto que contratei para transportar minhas coisas acaba de chegar.
Vejo sair a mesa, a cadeira, o arquivo, uma estante, meia dúzia de livros, a máquina de escrever. Quatro retratos de criança emoldurados. Um desenho de Portinari, outro de Pancetti. Levo também este cinzeiro. E este tapete, aqui em casa ele não tem serventia.
E esta outra fotografia, ela pode fazer falta lá.
A mesa é velha, me acompanha desde menino: destas antigas, com uma gradinha de madeira em volta, como as do tabelião do interior. Gosto dela: curti na sua superfície muita hora de estudo para fazer prova no ginásio; finquei cotovelos em cima dela noites seguidas, à procura de uma ideia. Foi de meu pai. É austera, simpática, discreta, acolhedora e digna: lembra meu pai.
Esta cadeira foi de Hélio Pellegrino, que também me acompanha desde menino: é giratória e de palhinha. Velha também, mas confortável como as amizades duradouras.
Mandei reformá-la e tem prestado serviços, inspirando-me sempre a sábia definição de Sinclair Lewis sobre o ato de escrever: é a arte de sentar-se numa cadeira.
E lá vai ele, puxando a sua carroça, no cumprimento da humilde profissão que lhe vale o injusto designativo de burro-sem-rabo. Não tenho mais nada a fazer, vou atrás.
Vou atrás das coisas que ele carrega, as minhas coisas; parte de minha vida, pelo menos parte material, no que sobrou de tanta atividade dispersa: o meu cabedal. [...]
SABINO, Fernando. A mulher do vizinho. Rio de Janeiro: Ed. do autor, 1962, p. 10-12.
O trecho que indica que o narrador era escritor é:
04
(AREAL). Leia o texto abaixo.
Saber não ocupa lugar
O sucesso na vida pessoal e profissional depende de um aprendizado contínuo. Devemos estar dispostos a aprender e aumentar nosso nível de cultura e experiência sempre. O saber é necessário para uma vida melhor e mais equilibrada. A sabedoria nos permite apreciar melhor as belezas da vida, pela compreensão de como os fenômenos acontecem, pelo desenvolvimento de valores mais apurados e coerentes com nossa personalidade, pelo cuidado com a educação de nossos filhos e com o trato com as pessoas. Enfim, o saber nos leva a crescer, pessoal e profissionalmente. Ele pode ser obtido tanto pela educação formal como pela experiência e pela observação. O saber nos conduz a uma filosofia de vida alinhada com os valores humanos mais elevados.
COSTA, João José da. A sabedoria dos ditados populares. São Paulo: Butterfly, 2009. p. 101.
Nesse texto, o autor defende a ideia de que
05
(SAEGO). Leia o texto abaixo.
O mágico de araque e a nuvem de traque
Estudar com o irmão na mesma escola tem vantagens e desvantagens... [...]
Foi numa manhã fria e ensolarada de outono em que tudo aconteceu. Naquela sexta, na hora do intervalo, havia um clima estranho no ar: a movimentação no pátio da escola era grande e um menino-sanduíche zanzava de um lado a outro, carregando um cartaz que anunciava O Grande Houguini: o maior ilusionista de todos os tempos.
Houguini? Aquilo me cheirava mal, muito mal... Dez e cinco: uma multidão começou a se aglomerar na quadra. Por causa da importância do evento, as partidas de futebol foram suspensas e uma pequena confusão teve início na disputa pelos melhores lugares. Para os professores, foram reservados até camarotes. Os bedéis formavam um cordão de isolamento entre o público e o han-han – mágico.
Temendo o pior, achei melhor me esconder atrás de uma árvore. Dito e feito: o Hugo apareceu vestido com uma capa preta, gravata-borboleta e cartola. Ninguém aplaudiu a entrada do mágico; a plateia estava bestificada. De repente, surpreendi olhares vindos em direção à pata-de-vaca, já quase sem folhas. Os que não aprenderam que era feio apontar para os outros, levantavam o indicador, sem piedade para mim.
Silêncio total. O pobre menino ainda vestia a propaganda e comia um sanduíche gordurento pra chuchu. O menino-sanduíche havia sido sorteado entre os alunos da 2ª série e a Ingrid, a menina mais bonita da escola, fora convencida pelo melhor amigo do meu irmão a participar como ajudante do mágico. [...]
CAMARGO. Maria Amália. Carta fundamental. Abr. 2011. *Adaptado: Reforma Ortográfica. Fragmento.
Nesse texto, a história é narrada sob o ponto de vista
06
(SAERO). Leia o texto abaixo e responda.
Borboleta-da-praia
A borboleta-da-praia é uma espécie endêmica no estado do Rio de Janeiro. Até o ano de 1989, era o único inseto na lista oficial de espécies brasileiras ameaçadas de extinção.
Atualmente, esta mesma lista já ultrapassa mais de 200 outros nomes e não para de crescer.
O desaparecimento da borboleta-da-praia está sendo causado, principalmente, pela ocupação irregular de seu habitat natural cuja área abrange a região de restingas e lagoas salgadas.
Antes abundante em toda a costa fluminense, atualmente essa espécie é encontrada apenas em locais parcialmente preservados, como os brejos e as vegetações originais da Reserva Ecológica de Jacarepaguá (REEJ), situada no trecho da Praia de Massambaba, região dos lagos fluminenses, município de Saquarema, no Rio de Janeiro.
A alimentação básica dessa borboleta é o néctar da vegetação arbustiva da restinga, principalmente o cambará e o gervão. Seu hábito de voo ocorre normalmente pela manhã e à tardinha.
O tempo de vida da fêmea é em média 25 dias, quando deposita seus ovos sob as folhas Aristolochia macroura, uma planta venenosa. Tanto a Paridis ascanius como outras lindíssimas borboletas de restingas podem ser vistas nas áreas brejais da Reserva Ecológica de Jacarepaguá.
Disponível em: http://www.adeja.org.br/borboleta.htm. Acesso em: 20 set. 09.
Segundo esse texto, a causa principal do desaparecimento das borboletas da praia é
07
(SPAECE). Leia o texto abaixo.
A professora de desenho
[...] Toda sexta-feira, depois do recreio, [...] entrava a professora de desenho. A dona Andréia. [...] A aula de desenho era uma farra. A gente abria os cadernos, que não tinham linhas, só folhas de papel em branco, para a gente fazer o que quisesse. Podia. Dona Andréia deixava. Ela era linda.
Um dia, ela se atrasou. [...] Todo mundo estava louco para ter aula de desenho. Por que será que ela estava atrasada? [...] Talvez a dona Andréia tivesse brigado com o namorado. Pode ser que o diretor da escola tivesse dado uma bronca nela. Vai ver que tinha alguém doente na família.
Mas a gente não queria saber de nada. Só queria ter aula de desenho. Foi quando a dona Andréia apareceu. Todos nós ficamos contentes. Não foi só contente. Foi uma espécie de alegria total, de gritaria, de explosão. Ela entrou na classe. Alguém gritou:
– É a Andréia!
[...] Todo mundo começou a gritar:
– É a Andréia! É a Andréia!
O berreiro foi ganhando ritmo. Como se fosse torcida de futebol.
– AN-DRÉ-IA! AN-DRÉ-IA! [...]
Ela começou ficando alegre com a zoeira. Deu um sorriso. O sorriso dela era lindo. [...] Depois, ela ficou um pouco assustada. Não estava entendendo a bagunça. [...]
Foi então que eu vi. Ela começou a chorar. E saiu da sala. Na hora, não entendi. Fiquei pensando. Quem sabe ela se assustou muito. Talvez não imaginasse que a gente gostava tanto dela. E, às vezes, muito amor assusta as pessoas. [...] Ela também pode ter chorado por outro motivo qualquer. Estava triste com o namorado, ou com alguma doença da família, e toda aquela alegria da gente atrapalhando os sentimentos dela.
A Andréia nunca mais voltou. As aulas de desenho acabaram. Comecei a perceber uma coisa. É que às vezes, quando a gente gosta demais de uma pessoa, não dá certo. Dá uma bobeira na gente. A gente começa a gritar:
– Andréia! Andréia!
E a Andréia fica sem jeito. Não sabe o que fazer. Se assusta. Se enche.
Ouça este conselho: Se você gosta muito de alguém, tome cuidado antes de fazer escândalo. Não fique gritando “Andréia! Andréia!”. Finja que você só está achando a pessoa legal, nada mais. Senão a Andréia sai correndo.
Quando a gente gosta de alguém, tem de fazer como sorvete. Dá uma mordidinha. Mas não enfia o nariz e a boca na massa de morango. Senão, vão achar que a gente é idiota.
As pessoas da minha classe gostavam tanto da Andréia, que ela foi embora. Se a gente fosse mais esperto fingia que não gostava tanto.
COELHO, Marcelo. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/ fundamental-1/professora-desenho-634209.shtml.
Um trecho desse texto que apresenta marcas de oralidade é:
10
(AREAL). Leia o texto abaixo.
Prioridades
Muito do que gastamos (e nos desgastamos) nesse consumismo feroz podia ser negociado com a gente mesmo: uma hora de alegria em troca daquele sapato. Uma tarde de amor em troca da prestação do carro do ano; um fim de semana em família em lugar daquele trabalho extra [...].
Não sei se sou otimista demais, ou fora da realidade. Mas, à medida que fui gostando mais do meu jeans, camiseta e mocassins, me agitando menos, querendo ter menos, fui ficando mais tranquila e mais divertida. Sapato e roupa simbolizam bem mais do que isso que são: representam uma escolha de vida, uma postura interior.
Nunca fui modelo de nada, graças a Deus. Mas amadurecer me obrigou a fazer muita faxina nos armários da alma e na bolsa também. Resistir a certas tentações é burrice; mas fugir de outras pode ser crescimento, e muito mais alegria.
Cada um que examine o baú de suas prioridades, e faça a arrumação que quiser ou puder.
Que seja para aliviar a vida, o coração e o pensamento – não para inventar de acumular ali mais alguns compromissos estéreis e mortais.
LUFT, Lya. Disponível em: http://cris57.blogspot.com/2008 /04/prioridades-uma-crônica-de -lya-luft.html. Acesso em: 25 maio 2011.
Nesse texto, no trecho “Mas amadurecer me obrigou a fazer muita faxina nos armários da alma...”, (3° parágrafo), a expressão destacada ressalta a necessidade de
11
(SAEPE). Leia o texto abaixo.
A namorada
Havia um muro alto entre nossas casas.
Difícil de mandar recado para ela.
Não havia e-mail.
O pai era uma onça.
A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por um cordão
E pinchava a pedra no quintal da casa dela.
Se a namorada respondesse pela mesma pedra
Era uma glória!
Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira
E então era agonia.
No tempo do onça era assim.
BARROS, Manoel de. Tratado geral das grandezas do ínfimo. Rio de Janeiro: Record, 2001, p. 17.
Nos versos “Era uma glória!” (v. 9) e “E então era agonia.” (v. 12), o emprego das palavras destacadas sugere
12
(SAEGO). Leia os textos abaixo.
Texto 1
Com certeza, uma epidemia
A todo momento, sem nenhuma razão especial, você solta um “com certeza” como resposta afirmativa para qualquer coisa. É incontrolável. Você tomou café da manhã hoje? Com certeza.
[...] Os juros vão continuar subindo? Com certeza.[...] o vírus do “com certeza” não foi espalhado por nenhuma novela ou campanha de publicidade. Nunca foi bordão de programa humorístico [...]. A única pessoa pública a usar o “com certeza” como marca registrada é a apresentadora Leda Nagle – mas [...] é pouco para que ela seja apontada como [...] culpada. O “com certeza” simplesmente pegou. [...]
Oitenta por cento dos “com certeza” que saem de nossa boca são puro chute. Vai chover amanhã? Com certeza. O trânsito está livre? Com certeza. Dá para chegar até a próxima cidade com essa gasolina? Com certeza.
Ainda não se sabe como o “com certeza” atua no cérebro [...], mas existe o temor de que, dentro de poucos anos, o “com certeza” se transforme na única resposta que sejamos capazes de dar para qualquer pergunta.
– Você prefere os ovos fritos ou mexidos?
– Com certeza.
– Para onde você vai depois de amanhã?
– Com certeza.
– Qual é o seu nome?
– Com certeza.
Antes de isso acontecer, com certeza, já teremos perdido para sempre a palavra “não” – substituída, é claro, pela locução “sem certeza”.
FREIRE, Ricardo. Disponível em: http://migre.me/rBdH2. Acesso em: 23 set. 2015. *Adaptado: Reforma Ortográfica. Fragmento.
Texto 2
Quanto ao artigo sobre a epidemia do “com certeza”, coincidentemente, havia comentado com meus alunos que ouço essa expressão com bastante frequência [...]. Não acredito que Leda Nagle tenha alguma participação nisso.
José de oliveira, Barra Mansa, RJ.
Disponível em: http://migre.me/rBdQM. Acesso em: 23 set. 2015. *Adaptado: Reforma Ortográfica. Fragmento.
Esses textos se assemelham porque
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