ENEM 2014 - LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - 3ª APLICAÇÃO
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Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía e só tomava na manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a princípio, com a existência da comborça; mas, afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou achando que era muito direito.
ASSIS, M. et al. Missa do galo: variações sobre o mesmo tema. São Paulo: Summus, 1977 (fragmento).
No fragmento desse conto de Machado de Assis, "ir ao teatro" significa "ir encontrar-se com a amante". O uso do eufemismo como estratégia argumentativa significa
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TEXTO I
GAROTO PROPAGANDA
Disponível em: www.lumaxazevedo.com.br. Acesso em: 10 nov. 2011 (adaptado)
TEXTO II
Eu etiqueta
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, permanência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
ANDRADE, C. D. Disponível em: http://pensador.uol.com.br. Acesso em: 10 nov. 2011 (fragmento)
O anúncio publicitário Garoto propaganda e o poema Eu etiqueta, embora pertençam a gêneros textuais diferentes, abordam a mesma temática, com vistas a
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ERNEST, M. O gigante acéfalo. Disponível em: www.historiadaarte.com.br. Acesso em: 26 jan. 2012
A perplexidade causada pela catástrofe da Primeira Guerra Mundial fez surgir um movimento de vanguarda denominado Dadaísmo, que rejeitava os valores tradicionais e rompia com a estética clássica. A imagem da obra O gigante acéfalo
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A literatura de cordel é ainda considerada, por muitos, uma literatura menor. A alma do homem não é mensurável e — desde que o cordel possa exprimir a história, a ideologia e os sentimentos de qualquer homem — vai ser sempre o gênero literário preferido de quem procura apreender o espírito nordestino. Os costumes, a língua, os sonhos, os medos e as alegrias do povo estão no cordel. Na nossa época, apesar dos jornais e da TV — que poderiam ter feito diminuir o interesse neste tipo de literatura — e da falta de apoio econômico, o cordel continua vivo no interior e em cenáculos acadêmicos.
A literatura de cordel, as xilogravuras e o repente não foram apenas um divertimento do povo. Cordéis e cantorias foram o professor que ensinava as primeiras letras e o médico que falava para inculcar comportamentos sanitários. O cordel e o repente fazem, muitas vezes, de um candidato o ganhador da banca de deputado. E assim, lendo e ouvindo, foi-se formando a memória coletiva desse povo alegre e trabalhador, que embora calmo, enfrenta o mar e o sertão com a mesma valentia.
BRICKMANN, L. B. E de repente foi o cordel. Disponível em: http://pt.scribd.com. Acesso em: 29 fev. 2012 (fragmento).
O gênero textual cordel, também conhecido como folheto, tem origem em relatos orais e constitui uma forma literária popular no Brasil. A leitura do texto sobre a literatura de cordel permite
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O seu cérebro é capaz de quase qualquer coisa. Ele consegue parar o tempo, ficar vários dias numa boa sem dormir, ler pensamentos, mover objetos a distância e se reconstruir de acordo com a necessidade. Parecem superpoderes de histórias em quadrinhos, mas são apenas algumas das descobertas que os neurocientistas fizeram ao longo da última década. Algumas dessas façanhas sempre fizeram parte do seu cérebro e só agora conseguimos perceber. Outras são fruto da ciência: ao decifrar alguns mecanismos da nossa mente, os pesquisadores estão encontrando maneiras de realizar coisas que antes pareciam impossíveis. O resultado é uma revolução como nenhuma outra, capaz de mudar não só a maneira como entendemos o cérebro, mas também a imagem que fazemos do mundo, da realidade e de quem somos nós. Siga adiante e entenda o que está acontecendo (e aproveite que, segundo uma das mais recentes descobertas, nenhum exercício para o seu cérebro é tão bom quanto a leitura).
KENSKI, R. A revolução do cérebro. Superinteressante, ago. 2006
Nessa introdução de uma matéria de popularização da ciência, são usados recursos linguísticos que estabelecem interação com o leitor, buscando envolvê-lo. Desses recursos, aquele que caracteriza a persuasão pretendida de forma mais incisiva se dá pelo emprego
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SAÚDE NO MAPA
SITES AJUDAM A ACHAR MÉDICOS POR PERTO E VER SE ELES ACEITAM SEU PLANO DE SAÚDE
O funcionamento deles é mais ou menos o mesmo: você procura pelos médicos usando filtros por especialidade, convênios e local de atendimento. As opções aparecem num mapa e você dica nelas para ver a ficha dos profissionais. Aí entra o diferencial: alguns sites têm muitos cadastrados, com quase nenhum dado sobre eles; outros têm poucos, com perfis detalhados e agenda, para marcar consulta no alto. Depois, você recebe a confirmação por e-mail ou SMS.
O bom é que tudo é prático e de graça: um dos sites já cobra mensalidade dos médicos cadastrados e a tendência é que os outros façam o mesmo a seguir. O problema é que eles não garantem os dados fornecidos pelos médicos – nenhum dos médicos consultados pela reportagem disse ter enviado diplomas na inscrição. Os sites dizem checar os dados dos médicos via conselhos de medicina, mas assim só é possível confirmar suas especializações e se há processos contra eles.
OLIVEIRA, M. Galileu, n. 255, out. 2012 (adaptado).
A praticidade e a gratuidade dos sites de busca por profissionais de saúde são vantagens apontadas no texto. No entanto, uma desvantagem desses sites diz respeito ao (à)
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Caco Galhardo, 2001. Disponível em: http://solinguagem.blogspot.com.br. Acesso em: 7 dez. 2012.
A charge é um gênero textual que tem por finalidade satirizar ou criticar, por meio de uma caricatura, algum fato atual. Assumindo um posicionamento crítico, essa charge retrata
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Seu nome define seu destino
"O nome pode ter uma força determinante sobre o seu destino", diz James Bruning, professor da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, que passou 20 anos estudando a psicologia dos nomes. "Na maioria das vezes, o impacto vem da expectativa que ele cria nas demais pessoas. É comum julgarmos alguém com base no nome, mesmo que isso seja um bocado injusto." Ele cita um exemplo óbvio: espera-se que alguém com nome oriental seja bom em matemática, por isso é possível que um empregador dê preferência a um nome japonês para uma vaga de programador.
"O nome próprio da pessoa marca a sua identidade e a sua experiência social, e por isso é um dado essencial na sua vida", diz Francisco Martins, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília e autor do livro Nome próprio (editora UnB). "Mas não dá para dizer que ele conduz a um destino específico. É você quem constrói a sua identidade. Existe um processo de elaboração, em que você toma posse do nome que lhe foi dado. Então, ele pesa, mas não é decisivo." De acordo com Martins, essa apropriação do nome se dá em várias fases: na infãncia, quando se desenvolve a identidade sexual; na adolescência, quando a pessoa começa a assinar o nome; no casamento, quando ela adiciona (ou não) o sobrenome do marido ao seu. "O importante é a pessoa tomar posse do nome, e não ficar brigando com ele."
CHAMARY, J.V.; GIL, M. A. Knowledge, jul. 2010
O título do texto propõe uma discussão em que são evocadas as opiniões de dois especialistas. Há a relativização do valor dado ao nome próprio, a qual se configura na
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Antiga viola
A minha antiga viola
Feita de pau de pinhero
É minha eterna lembrança
Do meu tempo de violero
A saudade dos fandango
Do meu sertão brasilero.
O recortado e catira
Faiz lembrá dos mutirão
O xote alembro as gaúchas
O churrasco no galpão
As moda de viola é triste
Faiz chorá quem tem paixão.
O baião é lá do Norte Paulista é o cateretê
Quando escuto Cana-Verde
Alembro de Tietê
Numa festa do Divino
Que me encontrei com você.
A valsa é uma serenata
Na janela das morena
O rasqueado faiz lembrá
O cantar das siriema
Do tempo de boiadero
Nas madrugada serena.
Cantei muitos desafio
Já fui cabra fandanguero
Na congada já fui rei
Em todo sertão minero
Hoje só canto a saudade
Do folclore brasilero.
TONICO E TINOCO. Cantando para o Brasil, 1963 Disponível em: http://letras.terra.com.br. Acesso em: 24 set. 2011
A letra da música de Tonico e Tinoco revela que, entre tantas funções da língua, ela contribui para a preservação da identidade nacional sertaneja. No texto, o que caracteriza linguisticamente essa identidade?
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Os anúncios publicitários são compostos, em sua maioria, de imagem e texto, e sua principal finalidade é mudar comportamentos e hábitos.
Disponível em: www.meiaamazonianao.org.br. Acesso em: 28 out. 2011.
Com o objetivo de persuadir o leitor, o autor da peça publicitária sobre a Amazônia busca levá-lo a
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Essa forma de dança social (folclórica) desenvolveu-se como parte dos costumes e tradições de um povo que expressa sua manifestação cultural. Transmitida de geração a geração, é uma das formas de dança mais antigas, datando desde a época das culturas tribais evoluídas que estabeleceram ligação com as grandes civilizações da história da humanidade. A principal característica dessa dança é a integração, socialização, prazer, divertimento, respeito aos costumes e tradições.
HASS, A. N; GARCIA, A. Ritmo e Dança. Canoas: Ulbra, 2003 (fragmento).
As danças folclóricas, sendo uma expressão das diferentes manifestações da dança
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(ENEM 2014 - 3ª Aplicação).
O telefone tocou.
— Alô? Quem fala?
— Como? Com quem deseja falar?
— Quero falar com o sr. Samuel Cardoso.
— É ele mesmo. Quem fala, por obséquio?
— Não se lembra mais da minha voz, seu Samuel? Faça um esforço.
— Lamento muito, minha senhora, mas não me lembro. Pode dizer-me de quem se trata?
ANDRADE, C. D. Contos de aprendiz. Rio de Janeiro: José Olympio, 1958 (fragmento).
Pela insistência em manter o contato entre o emissor e o receptor, predomina no texto a função
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As origens da capoeira remontam ao Brasil escravocrata e ao tráfico negreiro africano. O confronto dessas ações e contextos tornou possível o florescimento dessa prática corporal. O negro na condição de escravo nunca se submeteu totalmente à violência do branco, quer seja física ou simbólica, criando suas próprias estratégias de resistência. Evidentemente, a capoeira enfrentou uma série de preconceitos e rejeições até o seu recente reconhecimento como patrimônio histórico nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
PELEGRINI. T. A contribuição da capoeira para a formação do professor de Educação Física: fundamentos teóricos e possibilidades de intervenção. Disponível em: www.efdeportes.com. Acesso em: 2 mar. 2012 (fragmento).
Até o seu recente reconhecimento como patrimônio cultural nacional, a trajetória social da Capoeira, como expressão de resistência da população negra no Brasil, foi marcada
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Adorei a pergunta, darling! Tem muita gente que não sabe se comportar no elevador do prédio onde mora nem no da empresa em que trabalha. Anote as minhas dicas para o bom convívio e todos: entre a saia rapidamente (nada de segurar a porta para terminar o bate-papo com a sua amiga); ao embarcar, cumprimente os que já estão presentes; encerre a conversa com o seu colega ao lado ou no celular antes de entrar; não entre se o elevador estiver cheio (o ambiente fica insuportável para todos); espere para embarcar, pois a preferência é sempre de quem está desembarcando; se você sair com o seu pet ou carregar objetos grandes, espere até que ele esteja vazio ou use as escadas.
Ana Maria. 20 JAN. 2012.
Nas regras de etiqueta, a linguagem coloquial promove maior proximidade do leitor com o texto. Um recurso para a produção desse efeito constitui um desvio à variedade padrão da língua portuguesa. Trata-se do uso
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"Um programa de inclusão digital com foco na redução de preços favorece mais a indústria do que os usuários. Dizer que preços baixos podem ajudar na resolução do problema é como afirmar que um indivíduo estará alfabetizado quando ganhar uma caneta. Será que uma questão tão abrangente pode ser resolvida com micros mais baratos?" No Brasil há cinco meses, onde trabalha como professor visitante da UFBA (Universidade Federal da Bahia), Roberto Aparici defende a inclusão com foco na alfabetização digital — só assim, as pessoas saberão como tirar o melhor proveito da tecnologia. "A informática, por si só, não transforma vidas. É necessário que as pessoas vejam a internet como uma ferramenta que melhore seu trabalho, sua vida pessoal. Para isso, elas precisam ser ensinadas com uma metodologia que inclua processos mais complexos do que o uso do teclado e do mouse", diz.
CARPANEZ, J. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 2 dez. 2012 (fragmento).
A leitura do texto evidencia que, para convencer o leitor a respeito das ideias apresentadas sobre a inclusão digital, o autor
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Wiki: liberdade e colaboração
Liberdade e colaboração, duas palavras cada vez mais importantes no mundo movido pela informação. Mas nem sempre foi assim. A mudança para esta nova realidade só foi possível graças à evolução dos meios de comunicação e dentre estes, em especial, temos a internet. Você pode estar pensando, mas isto ainda está longe do ideal. Tenho que concordar com esta afirmação, mas comparando com a situação de um passado não muito distante já dá para ver que evoluímos muito.
Na internet encontramos uma classe de ferramentas de software que permite não só o acesso às informações de forma livre, como também a colaboração entre indivíduos no desenvolvimento de um projeto (mesmo que distantes geograficamente). São os chamados wikis (pronuncia-se "uiquis").
Entre, leia e participe. Os wikis e o trabalho colaborativo através da internet são a maior prova de que a soma de dois mais dois pode ser cinco ou muito mais.
SUDRÉ, G. Disponível em: http://imasters.com.br. Acesso em: 27 fev. 2012 (adaptado).
Com base no texto de Gilberto Sudré, conclui-se que a ferramenta wiki seria mais adequada para a
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Dietas radicais são perigosas, que o diga o protagonista da comédia O Professor Aloprado. Mesmo sem recorrer a poções explosivas como o personagem de Eddie Murphy, muitas vezes as pessoas se dispõem a correr certos riscos para perder alguns quilinhos. As estatísticas mostram que os distúrbios alimentares graves como a anorexia (redução extrema ou perda de apetite) e bulimia (apetite compulsivo seguido de vômito provocado) se manifestam, sobretudo, entre as adolescentes. Com a pressão estética exercida principalmente sobre os jovens e por desconhecerem os aspectos positivos de uma dieta equilibrada associada a exercícios físicos, "fecham a boca" e trilham um caminho bastante perigoso para a saúde.
Disponível em: www.revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 26 out. 2010 (adaptado).
Levando-se em conta a conscientização acerca de hábitos corporais saudáveis e a reflexão crítica sobre os modelos de corpo disseminados pela sociedade, os jovens devem considerar importante a
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De um lado, as doenças relacionadas ao sedentarismo (hipertensão, diabetes, obesidade etc.), e de outro lado, o insistente chamamento para determinados padrões de beleza corporal, associados a produtos e práticas alimentares e de exercício físico, colocam os jovens na "linha de frente" dos cuidados com o corpo e a saúde.
FINI, M. I. (Org.) Proposta Curricular do Estado de São Paulo: Educação Física. São Paulo: SEE, 2008 (adaptado).
Nesse contexto, considera-se que, atualmente, os assuntos relacionados à saúde, beleza, hábitos alimentares saudáveis têm sido objeto de discussões que O
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Retrato do artista quando coisa
A menina apareceu grávida de um gavião.
Veio falou para a mãe: o gavião me desmoçou.
A mãe disse:
Você vai parir uma árvore para a gente comer goiaba nela.
E comeram goiaba.
Naquele tempo de dantes não havia limites para ser.
Se a gente encostava em ser ave ganhava o poder de alçar.
Se a gente falasse a partir de um córrego a gente pegava murmúrios.
Não havia comportamento de estar.
Urubus conversavam sobre auroras.
Pessoas viravam árvore.
Pedras viravam rouxinóis.
Depois veio a ordem das coisas e as pedras têm que rolar seu destino de pedra para o resto dos tempos.
Só as palavras não foram castigadas com a ordem natural das coisas.
As palavras continuam com seus deslimites.
BARROS, M. Retrato do Artista Quando Coisa. Rio de Janeiro: Record, 1998
No poema, observam-se os itens lexicais desmoçou e deslimites.
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Os mesmos objetivos que a teatróloga Spolin propõe para o espetáculo são válidos em cada momento durante o processo de aprendizagem, onde o teatro, enquanto manifestação viva e espontânea, deve estar presente em todos os momentos. Da mesma forma como a plateia de espectadores é normalmente pouco estimulada por emoções que pertencem ao passado, o jogador no palco não explora a si mesmo (suas emoções) através de um processo de identificação subjetivo, mas atua em função do momento presente.
KOUDELA, I. D. Jogos teatrais. São Paulo: Perspectiva, 2006
O jogo teatral permite a liberdade de ação e o estabelecimento de contato com o ambiente e a ação espontânea se desenvolve de forma a
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Resumo
Gerou os filhos, os netos,
Deu à casa o ar de sua graça
e vai morrer de câncer.
O modo como pousa a cabeça para um retrato
é o da que, afinal, aceitou ser dispensável.
Espera, sem uivos, a campa, a tampa, a inscrição: 1906-1970
SAUDADE DOS SEUS, LEONORA. PRADO, A. Bagagem. Rio de Janeiro: Record, 2007
O texto de Adélia Prado apresenta uma mulher cuja vida se "resume". Sua expressão poética revela
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TEXTO I
A invasão dos marcianos
O cineasta Orson Welles, em outubro de 1938, propôs à rádio Columbia Broadcasting System uma transmissão diferente: uma adaptação de A guerra dos mundos. A obra é um dos livros de ficção científica mais famosos do escritor H.G. Wells. Na época de sua publicação, foi considerado perigoso, pois poderia causar fobias nos leitores.
Depois de passar 15 dias convencendo a direção da rádio a não colocar a locução na programação do dia, a transmissão foi ao ar às 20 horas do dia 30 de outubro daquele ano.
Depois das previsões meteorológicas, a rádio começou a tocar música. Houve uma interrupção brusca e o locutor disse: “A C.B.S. interrompe seu programa para anunciar aos ouvintes que um meteoro de grandes dimensões caiu em Grovers Hill, no Estado de Nova Jersey, a algumas milhas de Nova York”. A música voltou e novamente foi interrompida para a entrevista com um professor de meteorologia sobre a origem dos meteoros. Em seguida, entrou no ar um repórter falando sobre o meteoro e os muitos curiosos ao redor. Então, o enviado especial começou a descrever o meteoro se abrindo e dele saindo seres gigantescos com tentáculos. De repente, ele foi morto por raio disparado pelos seres extraterrestres.
Logo chegaram à CBS as primeiras notícias de que a população estava histérica. No entanto, o diretor da estação resolveu não anunciar que tudo não passava de uma transmissão fictícia e decidiu continuar. "Vocês acabaram de ouvir a primeira parte de uma irradiação de Orson Welles, que radiofonizou a obra A guerra de dois mundos, do famoso escritor inglês H. G. Wells”.
Disponível em: www.pucrs.br. Acesso em: 10 out. 2011.
TEXTO II
Escrava Isaura
As novelas brasileiras fazem muito sucesso no exterior. A adaptação do romance a escrava Isaura é um exemplo de sucesso mundial. Segundo o Guia dos Curiosos, “seu sucesso no exterior foi tamanho que influenciou acontecimentos importantes da História”. O site registra também que “em Cuba, o governo chegou a cancelar o racionamento de energia elétrica durante o horário da novela”.
Disponível em: www.guiadoscuriosos.com.br. Acesso em: 10 out. 2011.
Os textos I e II tratam da adaptação de obras ficcionais para o rádio e a televisão, tecnologias de comunicação e informação predominantes em determinadas épocas. São efeitos sociais dessas respectivas transmissões
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TEXTO I
Convivemos com o modelo de pirâmide social, no qual uma grande base de excluídos sustenta alguns poucos privilegiados situados no topo da pirâmide socioeconômica, modelo esse que se repete, ipsis litteris, no caso do acesso ao chamado mundo da cibercultura. E, mesmo com todas as políticas públicas de implantação de telecentros, infocentros, pontos de cultura e programas de introdução de computadores nas escolas, ainda percebemos que os conectados, no Brasil, são, em grande maioria, os que estão nas camadas mais altas da sociedade.
PRETTO, N. L.; SILVEIRA, S. A. (Org.). Além das redes de colaboração: internet, diversidade cultural e tecnologias do poder. Salvador: Edufba, 2008 (fragmento)
TEXTO II
CARUSO, F.; SILVEIRA C. Quadrinhos para a cidadania. História, ciências, saúde - Manguinhos, Rio de Janeiro, v, n. 1, jan-mar. 2009.
Os dois textos apresentam pontos de vista críticos sobre os usos sociais que são feitos dos sistemas de comunicação e informação. Em ambos, problematiza-se a
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(ENEM 2014 - 3ª Aplicação).
Pecados, vagância de pecados. Mas, a gente estava com Deus? Jagunço podia? Jagunço – criatura paga para crimes, impondo o sofrer no quieto arruado dos outros, matando e roupilhando. Que podia? Esmo disso, disso, queri, por pura toleima; que sensata resposta podia me assentar o Jõe, broreiro peludo do Riachão do Jequitinhonha? Que podia? A gente, nós, assim jagunços, se estava em permissão de fé para esperar de Deus perdão de proteção? Perguntei, quente. — "Uai? Nós vive... — foi o respondido que ele me deu.
ROSA, G. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001 (fragmento).
Guimarães Rosa destaca-se pela inovação da linguagem com marcas dos falares populares e regionais. Constrói seu vocabulário a partir de arcaísmos e da intervenção nos campos sintático-semânticos. Em Grande sertão: veredas, seu livro mais marcante, faz o enredo girar em torno de Riobaldo, que tece a história de sua vida e sua interlocução com o mundo-sertão. No fragmento em referência, o narrador faz uso da linguagem para revelar
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(ENEM 2014 - 3ª Aplicação).
A despropósito
Olhou para o teto, a telha parecia um quadrado de doce.
Ah! — falou sem se dar conta de que descobria,
durando desde
a infância, aquela hora do dia, mais um galo cantando,
um corte de trator, as três camadas de terra,
a ocre, a marrom, a roxeada. Um pasto,
não tinha certeza se uma vaca
e o sarilho da cisterna desembestado, a lata
batendo no fundo com estrondo.
Quando insistiram, vem jantar, que esfria, ele foi e disse antes de comer: "Qualidade de telha é essas de antigamente".
PRADO, A. Bagagem. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2006
A poesia brasileira sofreu importantes transformações após a Semana de 1922, sendo a aproximação com a prosa uma das mais significativas. O poema da poeta mineira Adélia Prado rompe com a lírica tradicional e se aproxima da prosa por apresentar
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Art. 5° — Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 23 ago. 2011 (fragmento).
A objetividade inerente ao gênero lei manifesta-se no alto grau de formalidade da linguagem empregada. Essas características são expressas na estruturação do texto por
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É possível ter cãibras no coração?
É impossível ter cãibras no coração, apesar de ser comum pacientes se queixarem de dores semelhantes a uma contratura no órgão. A musculatura cardíaca é diferente da musculatura esquelética das pernas e braços, onde sentimos as cãibras. Isso porque o coração possui um tipo especial de fibra muscular estriada, que tem movimento involuntário. O órgão contrai e relaxa automaticamente. Não há registro de casos em que ele permaneça contraído sem relaxamento imediato, que é como a cãibra se apresenta.
Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jun. 2012 (fragmento).
Os conectivos são elementos fundamentais para a ligação de palavras e orações no texto. Contextualmente, o conectivo "apesar de" expressa
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Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em: 1 mar. 2012.
O mapa apresenta o conflito interno na Síria, com a apresentação de um quadro onde estão indicados os tipos de relação entre os países da região e os acontecimentos que caracterizam a situação. Os índices presentes no quadro estão estrategicamente dispostos sobre determinadas regiões do mapa, orientando a compreensão de que
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José tinha um verso do poeta morto tatuado na barriga, logo abaixo do umbigo. Um dia, a família viva do poeta morto viu José refestelando-se na areia da praia, com o tal verso bem à vista, logo acima da sunga amarela. Horrorizada com o acinte, a família o processou. Era um inequívoco oferecimento da obra ao conhecimento público — e num local de frequência coletiva. A família ganhou a causa e a tatuagem, que hoje está emoldurada na grande sala de estar, logo acima do sofá vermelho.
STIGGER, V. Disponível em: http://culturaebarbarie.org. Acesso em: 28 jul. 2012
No texto, o verso tatuado no corpo de José é reinvindicado pelos herdeiros do poeta, que não aceitam sua exposição pública. Nesse sentido, o texto tem como objetivo
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(ENEM 2014 - 3ª Aplicação).
A história do futebol é uma triste viagem do prazer ao dever. Ao mesmo tempo em que o esporte se tornou indústria, foi desterrando a beleza que nasce da alegria de jogar só pelo prazer de jogar. Neste mundo do fim do século, o futebol profissional condena o que é inútil, o que não é rentável, ninguém ganha nada com esta loucura que faz com que o homem seja menino por um momento, jogando como menino que brinca com o balão de gás e como o gato que brinca com o novelo de lã: bailarino que dança com uma bola leve como o balão que sobe ao ar e o novelo que roda, jogando sem saber que joga, sem motivo, sem relógio e sem juiz. O jogo se transformou em espetáculo, com poucos protagonistas e muitos espectadores, futebol para olhar, e o espetáculo se transformou num dos negócios mais lucrativos do mundo, que não é organizado para ser jogado, mas para impedir que se jogue. A tecnocracia do esporte profissional foi impondo um futebol de pura velocidade e muita força, que renuncia à alegria, atrofia a fantasia e proíbe a ousadia.
GALEANO, E. Futebol ao sol e à sombra. Porto Alegre: L&PM, 1995
As transformações que marcam a trajetória histórica do futebol, especialmente aquelas identificadas no texto, se caracterizam pelo(a)
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Em todas as datas cívicas a máquina é agora uma parte importante das festividades. Você se lembra que antigamente os feriados eram comemorados no coreto ou no campo de futebol, mas hoje tudo se passa ao pé da máquina. Em tempo de eleição todos os candidatos querem fazer seus comícios à sombra dela, e como isso não é possível, alguém tem de sobrar, nem todos se conformam e sempre surgem conflitos. Felizmente a máquina ainda não foi danificada nesses esparramos, e espero que não seja. A única pessoa que ainda não rendeu homenagem à máquina é o vigário, mas você sabe como ele é ranzinza, e hoje mais ainda, com a idade. Em todo caso, ainda não tentou nada contra ela, e ai dele. Enquanto ficar nas censuras veladas, vamos tolerando; é um direito que ele tem.
VEIGA, J. J. A máquina extraviada. In: MORICONI, I. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000 (fragmento).
A presença do inusitado ou do fantástico na vida cotidiana é frequente na obra de José J. Veiga. No fragmento, a situação de singularidade experimentada pelas personagens constrói-se a partir do
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A sua concepção de governo [do Marechal Floriano Peixoto] não era o despotismo, nem a democracia, nem a aristocracia; era a de uma tirania doméstica. O bebê portou-se mal, castiga-se. Levada a coisa ao grande o portar-se mal era fazer-lhe oposição, ter opiniões contrárias às suas e o castigo não eram mais palmadas, sim, porém, prisão e morte. Não há dinheiro no tesouro; ponham-se as notas recolhidas em circulação, assim como se faz em casa quando chegam visitas e a sopa é pouca: põe-se mais água.
BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Brasiliense, 1956 (fragmento).
A obra literária de Lima Barreto faz uma crítica incisiva ao período da Primeira República no Brasil. No fragmento do romance Triste fim de Policarpo Quaresma, a expressão "tirania doméstica", como concepção do governo florianista, significa que
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E vejam agora com que destreza, com que arte faço eu a maior transição deste livro. Vejam: o meu delírio começou em presença de Virgília; Virgília foi o meu grão pecado de juventude; não há juventude sem meninice; meninice supõe nascimento; e eis aqui como chegamos nós, sem esforço, ao dia 20 de outubro de 1805, em que nasci. Viram?
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: NovaAguilar, 1974 (fragmento).
A repetição é um recurso linguístico utilizado para promover a progressão textual, pois indica entrelaçamento de ideias. No fragmento de romance, as repetições foram utilizadas com o objetivo de
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Floresta tropical, Rio de Janeiro, Brasil. Em meio às árvores, os pássaros gorjeiam, oh!, alegremente. De repente, uma batucada daquelas bem brasileira. Aí, tucanos, garças, canários e araras e outras aves enlouqueceram numa coreografia tipo "a cara do Brasil". A imagem é cortesia de Rio, animação de Carlos Saldanha. Ao fundo, Real in Rio — na versão brazuca, Favo de Mel —, música de Sérgio Mendes e Carlinhos Brown, letra da americana Siedah Garrett, e esperança brasileira na cerimônia de entrega do Oscar 2012. Com trechos como "Nós somos os melhores no ritmo/ é por isso que amamos o Carnaval/ a mágica pode acontecer de verdade no Rio/ tudo é selvagem e livre/ não se sinta sozinho porque aqui é a nossa casa", Brown, Mendes e Garrett vendem o eterno clichê de samba-suor-futebol desta terra tropical.
CHARLSON, F.; LOS/kC), G. Um sonho bem brasileiro. Jornal de Brasília, 26 fev. 2012 (adaptado).
A música Real in Rio, de Brown, Mendes e Garrett, que integra a animação Rio, foi composta para
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Tragédia anunciada
Entraves burocráticos, incompetência administrativa, conveniências políticas e contingenciamento indiscriminado de gastos estão na raiz de um dos graves males da administração pública brasileira, que é a dificuldade do Estado de transformar recursos previstos no Orçamento em investimentos reais.
Exemplo dessa inépcia político-administrativa é a baixa execução de verbas destinadas a obras de prevenção de desastres naturais — como controle de cheias, contenção de encostas e combate à erosão.
As dificuldades para planejar e realizar as obras de prevenção terminam por onerar o governo. Acaba saindo mais caro para os cofres públicos remediar ocorrências que poderiam ter sido evitadas.
A nota positiva é que o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) foi inaugurado em agosto pela presidente Dilma Rousseff.
O órgão já emitiu alertas a mais de 400 municípios e prepara-se para aperfeiçoar seu sistema de monitoramento. De pouco valerão esses esforços se o descaso e a omissão continuarem a contribuir para a sinistra contabilidade de vítimas que se repete a cada ano.
Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 5 dez. 2012 (adaptado).
O editorial é um gênero que apresenta o ponto de vista de um jornal ou de uma revista sobre determinado assunto. É característica do gênero, exemplificada por esse editorial,
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Revistas terão de informar uso de editor de imagens
Todos os anúncios veiculados em jornais e revistas terão de informar ao leitor se houve uso de software para manipular imagens de pessoas. É isso o que diz uma lei recém-aprovada em Israel. O objetivo é evitar que a publicidade divulgue imagens de modelos magras demais, que supostamente estimulam transtornos alimentares em jovens. O parlamento francês está discutindo uma medida similar, porém mais dura — até embalagens de produtos e imagens de campanhas políticas teriam de revelar o uso de um software de edição de imagens.
Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 10 jul. 2012 (adaptado).
A expressão "medida similar" auxilia a progressão das ideias no texto, pois foi empregada com a finalidade de
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