(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
O Egito é visitado anualmente por milhões de turistas de todos os quadrantes do planeta, desejosos de ver com os próprios olhos a grandiosidade do poder esculpida em pedra há milênios: as pirâmides de Gizeh, as tumbas do Vale dos Reis e os numerosos templos construídos ao longo do Nilo.
O que hoje se transformou em atração turística era, no passado, interpretado de forma muito diferente, pois
O Egito Antigo tinha sua organização política constituída por uma monarquia teocrática em que o Faraó era considerado um “deus” na terra. Este exercia autoridade absoluta concentrando em suas mãos poder político e religioso. A forma de trabalho estabelecida no Egito era a servidão coletiva e a escravidão. Nesse sentido, o faraó comandava esses trabalhadores não somente na produção da agricultura, mas também na construção monumentos que tinham como objetivo demonstrar o seu poder e cultuar os deuses.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
O que se entende por Corte do antigo regime é, em primeiro lugar, a casa de habitação dos reis de França, de suas famílias, de todas as pessoas que, de perto ou de longe, dela fazem parte. As despesas da Corte, da imensa casa dos reis, são consignadas no registro das despesas do reino da França sob a rubrica significativa de Casas Reais.
ELIAS, N. A sociedade de corte. Lisboa: Estampa, 1987.
Algumas casas de habitação dos reis tiveram grande efetividade política e terminaram por se transformar em patrimônio artístico e cultural, cujo exemplo é
O Palácio de Versalhes foi um castelo construído pelo rei Luiz XIV (o rei sol) a partir de 1664 na Cidade de Versalhes. O castelo que ocupa mais de 100 hectares foi construído para abrigar toda a corte francesa. Considerado o maior castelo entre as cortes europeias, naquele período, era famoso por seu luxo e suntuosidade. Tal suntuosidade tornou-se símbolo do poder do rei e uma das marcas do absolutismo do Antigo Regime Europeu.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
Hoje em dia, nas grandes cidades, enterrar os mortos é uma prática quase íntima, que diz respeito apenas à família. A menos, é claro, que se trate de uma personalidade conhecida. Entretanto, isso nem sempre foi assim. Para um historiador, os sepultamentos são uma fonte de informações importantes para que se compreenda, por exemplo, a vida política das sociedades.
No que se refere às práticas sociais ligadas aos sepultamentos,
A sociedade colonial brasileira era marcada por forte hierarquização. Essa característica transparecia não somente no seu cotidiano, como também em seus rituais religiosos. Dessa maneira, na tradição da época, quanto mais importante na hierarquia social (como senhores de engenho, bispos etc.), mais próximo do altar da igreja ficavam seus assentos. Isso ocorria também nas cerimônias de sepultamento, em que os mais importantes na escala social eram enterrados próximo ao altar (até mesmo dentro da igreja) mais considerado era naquela sociedade.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
A Idade Média é um extenso período da História do Ocidente cuja memória é construída e reconstruída segundo as circunstâncias das épocas posteriores. Assim, desde o Renascimento, esse período vem sendo alvo de diversas interpretações que dizem mais sobre o contexto histórico em que são produzidas do que propriamente sobre o Medievo.
Um exemplo acerca do que está exposto no texto acima é
Uma das características do regime nazista foi a busca por elementos que o legitimassem. Para tal intento, Hitler utilizou como estratégia a busca de uma origem histórica que demonstrasse a superioridade e a nobreza dos alemães. Dessa forma, acreditava que o seu governo era uma continuidade das conquistas do Sacro Império Romano Germânico, o I Reich. A unificação alemã, em 1870, representaria o II Reich que se estendeu até o fim da Segunda guerra Mundial e, a partir da década de 1930, Hitler iniciava-se o III Reich. Com a marca dessa tradição, o líder nazista tinha como objetivo reforçar o caráter nacionalista de sua população.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
A primeira metade do século XX foi marcada por conflitos e processos que a inscreveram como um dos mais violentos períodos da história humana.
Entre os principais fatores que estiveram na origem dos conflitos ocorridos durante a primeira metade do século XX estão
Todos os pontos citados na alternativa A contemplam fatores que contribuíram nos conflitos que ocorreram na primeira metade do século XX, leia-se 1º e 2º guerras mundiais. A crise do colonialismo, a disputa por colônias na África e na Ásia e a ascensão do discurso nacionalista foram um dos principais fatores conjunturais que provocaram a 1º guerra mundial. Anos depois, o mesmo discurso nacionalista foi utilizado pelos regimes totalitários europeus que intensificaram disputas que culminaram na 2º guerra.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
Os regimes totalitários da primeira metade do século XX apoiaram-se fortemente na mobilização da juventude em torno da defesa de ideias grandiosas para o futuro da nação. Nesses projetos, os jovens deveriam entender que só havia uma pessoa digna de ser amada e obedecida, que era o líder. Tais movimentos sociais juvenis contribuíram para a implantação e a sustentação do nazismo, na Alemanha, e do fascismo, na Itália, Espanha e Portugal.
A atuação desses movimentos juvenis caracterizava-se
A opção correta é a letra A, pois evidencia como característica fundamental dos Estados totalitários a perseguição abusiva a tudo e todos que sejam contrários às suas concepções.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
Do ponto de vista geopolítico, a Guerra Fria dividiu a Europa em dois blocos. Essa divisão propiciou a formação de alianças antagônicas de caráter militar, como a OTAN, que aglutinava os países do bloco ocidental, e o Pacto de Varsóvia, que concentrava os do bloco oriental. É importante destacar que, na formação da OTAN, estão presentes, além dos países do oeste europeu, os EUA e o Canadá. Essa divisão histórica atingiu igualmente os âmbitos político e econômico que se refletia pela opção entre os modelos capitalista e socialista.
Essa divisão europeia ficou conhecida como
“Cortina de ferro” foi uma expressão criada pelo primeiro Ministro Britânico Winston Churchill em 1946, no contexto da Guerra Fria, para designar a separação política ideológica que se encontrava a Europa após o fim da Segunda Guerra Mundial. Na parte Ocidental, estavam os países do bloco capitalista que eram influenciados pelos EUA e, no Leste europeu, estavam os países socialistas que sofriam influência da URSS.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
O ano de 1968 ficou conhecido pela efervescência social, tal como se pode comprovar pelo seguinte trecho, retirado de texto sobre propostas preliminares para uma revolução cultural: “É preciso discutir em todos os lugares e com todos. O dever de ser responsável e pensar politicamente diz respeito a todos, não é privilégio de uma minoria de iniciados. Não devemos nos surpreender com o caos das ideias, pois essa é a condição para a emergência de novas ideias. Os pais do regime devem compreender que autonomia não é uma palavra vã; ela supõe a partilha do poder, ou seja, a mudança de sua natureza. Que ninguém tente rotular o movimento atual; ele não tem etiquetas e não precisa delas”.
Journal de la comune étudiante. Textes et documents. Paris: Seuil, 1969 (adaptado).
Os movimentos sociais, que marcaram o ano de 1968,
Na década de 1960, o mundo sofreu o auge da guerra fria, golpes ditatoriais eclodiam em várias partes do mundo, além de conflitos armados como a Guerra do Vietnã. Nesse momento, vários questionamentos à ordem vigente começaram a surgir principalmente entre os jovens. Dessa maneira, em maio de 1968, uma onda de insatisfação popular iniciada pelos estudantes varreu a França e se espalhou por todo o mundo e por outros segmentos sociais. Além da busca de melhorias na educação e nos direitos civis, estes pregavam a liberdade sexual, a paz, o fim da discriminação social e a proteção ao meio ambiente que inspiraram vários outros movimentos como o movimento hippie, por exemplo.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
Os Yanomami constituem uma sociedade indígena do norte da Amazônia e formam um amplo conjunto linguístico e cultural. Para os Yanomami, urihi, a “terrafloresta”, não é um mero cenário inerte, objeto de exploração econômica, e sim uma entidade viva, animada por uma dinâmica de trocas entre os diversos seres que a povoam. A floresta possui um sopro vital, wixia, que é muito longo. Se não a desmatarmos, ela não morrerá. Ela não se decompõe, isto é, não se desfaz. É graças ao seu sopro úmido que as plantas crescem. A floresta não está morta pois, se fosse assim, as florestas não teriam folhas.
Tampouco se veria água. Segundo os Yanomami, se os brancos os fizerem desaparecer para desmatá-la e morar no seu lugar, ficarão pobres e acabarão tendo fome e sede.
ALBERT, B. Yanomami, o espírito da floresta. Almanaque Brasil Socioambiental. São Paulo: ISA, 2007 (adaptado).
De acordo com o texto, os Yanomami acreditam que
Segundo o texto, os Yanomamis é uma tribo indígena do norte da Amazônia que considera a floresta não apenas como um objeto de exploração econômica, mas também um organismo vivo capaz de se desenvolver através de processos de trocas. Tal capacidade é chamada de Wixia pelos Yanomamis e, se o homem branco destruí-la, poderia comprometer até mesmo seu sustento e suas vidas.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
O fim da Guerra Fria e da bipolaridade, entre as décadas de 1980 e 1990, gerou expectativas de que seria instaurada uma ordem internacional marcada pela redução de conflitos e pela multipolaridade.
O panorama estratégico do mundo pós-Guerra Fria apresenta
Com o fim da Guerra fria no início da década de 1980, o mundo deixava de ser bipolarizado entre EUA e URSS. Todavia, esse quadro não representou o fim dos conflitos e oposições no mundo. A retirada da influência das grandes potências fez com que eclodissem em vários países conflitos nacionalistas e de cunho étnico, como por exemplo, na África e no Leste Europeu. Esse período também é marcado por conflitos religiosos com destaque aos ocorridos entre o mundo ocidental e os muçulmanos; além do crescimento das facções criminosas tendo seu principal eixo o tráfico de drogas.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
Na democracia estado-unidense, os cidadãos são incluídos na sociedade pelo exercício pleno dos direitos políticos e também pela ideia geral de direito de propriedade. Compete ao governo garantir que esse direito não seja violado. Como consequência, mesmo aqueles que possuem uma pequena propriedade sentem-se cidadãos de pleno direito.
Na tradição política dos EUA, uma forma de incluir socialmente os cidadãos é
Os Estados Unidos formou, desde sua independência e a promulgação de sua Constituição em 1787, uma tradição de livre iniciativa, a liberdade individual e, sobretudo, a proteção da sociedade privada. Dessa maneira, tem como tradição em sua sociedade relacionar o “progresso econômico” com sua conduta moral e compreender a livre iniciativa e a propriedade como garantias de uma sociedade democrática.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
Na década de 30 do século XIX, Tocqueville escreveu as seguintes linhas a respeito da moralidade nos EUA: “A opinião pública norte-americana é particularmente dura com a falta de moral, pois esta desvia a atenção frente à busca do bem-estar e prejudica a harmonia doméstica, que é tão essencial ao sucesso dos negócios.
Nesse sentido, pode-se dizer que ser casto é uma questão de honra”.
TOCQUEVILLE, A. Democracy in America. Chicago: Encyclopædia Britannica, Inc., Great Books 44, 1990 (adaptado).
Do trecho, infere-se que, para Tocqueville, os norteamericanos do seu tempo
De acordo com o texto de Tocqueville, a opinião pública norte-americana tem por tradição relacionar seus valores morais ao sucesso econômico da nação. Essa cultura está atrelada ao caráter liberal estadunidense que tem, desde a sua criação como nação independente, o respeito à livre iniciativa e à propriedade privada como uma das premissas de uma sociedade democrática. Dessa maneira, a alternativa correta é a letra D.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
Na década de 30 do século XIX, Tocqueville escreveu as seguintes linhas a respeito da moralidade nos EUA: “A opinião pública norte-americana é particularmente dura com a falta de moral, pois esta desvia a atenção frente à busca do bem-estar e prejudica a harmonia doméstica, que é tão essencial ao sucesso dos negócios.
Nesse sentido, pode-se dizer que ser casto é uma questão de honra”.
TOCQUEVILLE, A. Democracy in America. Chicago: Encyclopædia Britannica, Inc., Great Books 44, 1990 (adaptado).
Do trecho, infere-se que, para Tocqueville, os norteamericanos do seu tempo
A resposta correta é a letra B, pois a opção interpreta acertadamente a sentença estabelecida por Aristóteles, que vincula o direito à cidadania a um grupo seleto de indivíduos. Deste modo, devemos perceber que até mesmo a política ateniense, símbolo maior da democracia na Antiguidade, fora estabelecida a partir de um série de critérios que limitavam o pleno gozo da cidadania pelos homens que habitavam essa cidade-Estado.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
Para Caio Prado Jr., a formação brasileira se completaria no momento em que fosse superada a nossa herança de inorganicidade social ― o oposto da interligação com objetivos internos ― trazida da colônia.
Este momento alto estaria, ou esteve, no futuro. Se passarmos a Sérgio Buarque de Holanda, encontraremos algo análogo. O país será moderno e estará formado quando superar a sua herança portuguesa, rural e autoritária, quando então teríamos um país democrático.
Também aqui o ponto de chegada está mais adiante, na dependência das decisões do presente. Celso Furtado, por seu turno, dirá que a nação não se completa enquanto as alavancas do comando, principalmente do econômico, não passarem para dentro do país. Como para os outros dois, a conclusão do processo encontra-se no futuro, que agora parece remoto.
SCHWARZ, R. Os sete fôlegos de um livro. Sequências brasileiras. São Paulo: Cia. das Letras,1999 (adaptado).
Acerca das expectativas quanto à formação do Brasil, a sentença que sintetiza os pontos de vista apresentados no texto é:
O texto de Roberto Schawartz mostra um pouco da historiografia tradicional sobre a formação do Brasil que acredita que o país teve como pilar de sua sociedade estruturas que permanecem como: a dependência do capital estrangeiro, o latifúndio, o autoritarismo entre outros. Essa historiografia acredita que tais aspectos são heranças coloniais que comprometem o pleno desenvolvimento do país e devem ser superadas para uma realização nacional definitiva. Todavia, acredita que esses problemas vão ser resolvidos no futuro.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
A definição de eleitor foi tema de artigos nas Constituições brasileiras de 1891 e de 1934. Diz a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1891:
Art. 70. São eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da lei.
A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1934, por sua vez, estabelece que:
Art. 180. São eleitores os brasileiros de um e de outro sexo, maiores de 18 anos, que se alistarem na forma da lei.
Ao se comparar os dois artigos, no que diz respeito ao gênero dos eleitores, depreende-se que
O enunciado da questão se refere ao gênero dos eleitores, ou seja, ao sexo. Nesse sentido, fica claro que a Constituição de 1891 restringia o poder de volto aos homens maiores de 21 anos, o que demonstra que, naquele período, o direito político era reservado aos homens. Já a partir da Constituição de 1934, as mulheres já tem o direito ao voto.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
O autor da constituição de 1937, Francisco Campos, afirma no seu livro, O Estado Nacional, que o eleitor seria apático; a democracia de partidos conduziria à desordem; a independência do Poder Judiciário acabaria em injustiça e ineficiência; e que apenas o Poder Executivo, centralizado em Getúlio Vargas, seria capaz de dar racionalidade imparcial ao Estado, pois Vargas teria providencial intuição do bem e da verdade, além de ser um gênio político.
CAMPOS, F. O Estado nacional. Rio de Janeiro: José Olympio, 1940 (adaptado).
Segundo as ideias de Francisco Campos,
O texto de Francisco Campos deixa claro uma descrença nas instituições democráticas naquele período, argumenta que o “eleitor seria apático; a democracia de partidos conduziria à desordem”. Campos buscava assim, legitimar a concentração do poder político nas mãos do executivo, no caso, nas mãos de Getúlio Vargas que, naquele ano de 1937, dá um golpe e institui o Estado Novo.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
A partir de 1942 e estendendo-se até o final do Estado Novo, o Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio de Getúlio Vargas falou aos ouvintes da Rádio Nacional semanalmente, por dez minutos, no programa “Hora do Brasil”. O objetivo declarado do governo era esclarecer os trabalhadores acerca das inovações na legislação de proteção ao trabalho.
GOMES, A. C. A invenção do trabalhismo. Rio de Janeiro: IUPERJ / Vértice. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1988 (adaptado).
Os programas “Hora do Brasil” contribuíram para
Uma das características do governo de Getúlio Vargas foi a busca do apoio popular (populismo). Dessa maneira, utilizou dos meios de comunicação para fazer propaganda de seu governo. Um deles foi a “hora do Brasil”, programa de rádio em que Getúlio fazia discursos baseados na valorização do trabalho e do trabalhador e dos símbolos nacionais, buscando popularizar sua imagem como “pai dos pobres”.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
No final do século XVI, na Bahia, Guiomar de Oliveira denunciou Antônia Nóbrega à Inquisição. Segundo o depoimento, esta lhe dava “uns pós não sabe de quê, e outros pós de osso de finado, os quais pós ela confessante deu a beber em vinho ao dito seu marido para ser seu amigo e serem bem-casados, e que todas estas coisas fez tendo-lhe dito a dita Antônia e ensinado que eram coisas diabólicas e que os diabos lha ensinaram”.
ARAÚJO, E. O teatro dos vícios. Transgressão e transigência na sociedade urbana colonial. Brasília: UnB/José Olympio, 1997.
Do ponto de vista da Inquisição,
A Inquisição surge em meados da Idade Média e tinha como objetivo geral combater qualquer rito ou religião que estivesse fora da Igreja Católica. Dessa maneira, buscava monopólio das práticas religiosas. Ao longo da época moderna, sobretudo através do Tribunal do Santo Ofício, atuou não somente na Europa, mas também na América em países colonizados por países católicos.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
A formação dos Estados foi certamente distinta na Europa, na América Latina, na África e na Ásia. Os Estados atuais, em especial na América Latina — onde as instituições das populações locais existentes à época da conquista ou foram eliminadas, como no caso do México e do Peru, ou eram frágeis, como no caso do Brasil —, são o resultado, em geral, da evolução do transplante de instituições europeias feito pelas metrópoles para suas colônias. Na África, as colônias tiveram fronteiras arbitrariamente traçadas, separando etnias, idiomas e tradições, que, mais tarde, sobreviveram ao processo de descolonização, dando razão para conflitos que, muitas vezes, têm sua verdadeira origem em disputas pela exploração de recursos naturais. Na Ásia, a colonização europeia se fez de forma mais indireta e encontrou sistemas políticos e administrativos mais sofisticados, aos quais se superpôs. Hoje, aquelas formas anteriores de organização, ou pelo menos seu espírito, sobrevivem nas organizações políticas do Estado asiático.
GUIMARÃES, S. P. Nação, nacionalismo, Estado. Estudos Avançados. São Paulo: EdUSP, v. 22, n.º 62, jan.- abr. 2008 (adaptado).
Relacionando as informações ao contexto histórico e geográfico por elas evocado, assinale a opção correta acerca do processo de formação socioeconômica dos continentes mencionados no texto.
O texto apresentado na questão faz uma análise de como ocorreu o processo de colonização nos continentes Americano, Africano e Asiático. Apesar de terem suas peculiaridades, todos eles sofreram com a exploração europeia. Assim, essa exploração advém das fases colonialistas dos países europeus que ocorreu tanto no período moderno (América) e na Idade contemporânea com o neocolonialismo (África e Ásia).
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
No tempo da independência do Brasil, circulavam nas classes populares do Recife trovas que faziam alusão à revolta escrava do Haiti:
Marinheiros e caiados
Todos devem se acabar,
Porque só pardos e pretos
O país hão de habitar.
AMARAL, F. P. do. Apud CARVALHO, A. Estudos pernambucanos. Recife: Cultura Acadêmica, 1907.
O período da independência do Brasil registra conflitos raciais, como se depreende
A Revolução haitiana iniciada em 1791 foi a luta comandada por negros pela independência da colônia francesa do Haiti. Em 1804, o Haiti se torna o primeiro país independente da América e serve de inspiração para diversos movimentos que buscavam mais justiça social e o fim da exploração colonial na América, como por exemplo, a Conjuração Baiana de 1798.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
Colhe o Brasil, após esforço contínuo dilatado no tempo, o que plantou no esforço da construção de sua inserção internacional. Há dois séculos formularam-se os pilares da política externa. Teve o país inteligência de longo prazo e cálculo de oportunidade no mundo difuso da transição da hegemonia britânica para o século americano.
Engendrou concepções, conceitos e teoria própria no século XIX, de José Bonifácio ao Visconde do Rio Branco.
Buscou autonomia decisória no século XX. As elites se interessaram, por meio de calorosos debates, pelo destino do Brasil. O país emergiu, de Vargas aos militares, como ator responsável e previsível nas ações externas do Estado. A mudança de regime político para a democracia não alterou o pragmatismo externo, mas o aperfeiçoou.
SARAIVA, J. F. S. O lugar do Brasil e o silêncio do parlamento. Correio Braziliense, Brasília, 28 maio 2009 (adaptado).
Sob o ponto de vista da política externa brasileira no século XX, conclui-se que
As ações do Estado brasileiro no último século em relação a sua política externa priorizou a emergência do país no cenário mundial à partir de uma política decisória e autônoma em suas escolhas, diferente daquelas do passado colonial, no qual o Brasil deveria responder aos desejos da metrópole portuguesa.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
A prosperidade induzida pela emergência das máquinas de tear escondia uma acentuada perda de prestígio. Foi nessa idade de ouro que os artesãos, ou os tecelões temporários, passaram a ser denominados, de modo genérico, tecelões de teares manuais. Exceto em alguns ramos especializados, os velhos artesãos foram colocados lado a lado com novos imigrantes, enquanto pequenos fazendeiros-tecelões abandonaram suas pequenas propriedades para se concentrar na atividade de tecer. Reduzidos à completa dependência dos teares mecanizados ou dos fornecedores de matéria-prima, os tecelões ficaram expostos a sucessivas reduções dos rendimentos.
THOMPSON, E. P. The making of the english working class. Harmondsworth: Penguin Books, 1979 (adaptado).
Com a mudança tecnológica ocorrida durante a Revolução Industrial, a forma de trabalhar alterou-se porque
Anteriormente a entrada da máquina vapor e da concentração do trabalho dentro do espaço fabril, o artesão via sua subsistência a partir de sua própria criação material, onde ele mesmo cultivava seus alimentos e seus materiais de tecelagem. Contudo, com o emprego do salário na produção manufatureira, ocorreu a saída deste artesão do meio rural, havendo a necessidade dele comprar seus alimentos ao invés de cultivá-los.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
Até o século XVII, as paisagens rurais eram marcadas por atividades rudimentares e de baixa produtividade. A partir da Revolução Industrial, porém, sobretudo com o advento da revolução tecnológica, houve um desenvolvimento contínuo do setor agropecuário.
São, portanto, observadas consequências econômicas, sociais e ambientais inter-relacionadas no período posterior à Revolução Industrial, as quais incluem
Com o advento industrial, a necessidade de recursos naturais para a manufatura teve um crescimento exponencial. A partir disso, algumas consequências econômicas, sociais e ambientais estão relacionadas, já que o aumento da extração de recursos naturais e energéticos afeta a vida no meio rural, destruindo matas e nascentes de rios, aprofundando desigualdades sociais, além de fortalecer uma burguesia industrial.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
Como se assistisse à demonstração de um espetáculo mágico, ia revendo aquele ambiente tão característico de família, com seus pesados móveis de vinhático ou de jacarandá, de qualidade antiga, e que denunciavam um passado ilustre, gerações de Meneses talvez mais singelos e mais calmos; agora, uma espécie de desordem, de relaxamento, abastardava aquelas qualidades primaciais. Mesmo assim era fácil perceber o que haviam sido, esses nobres da roça, com seus cristais que brilhavam mansamente na sombra, suas pratas semi-empoeiradas que atestavam o esplendor esvanecido, seus marfins e suas opalinas – ah, respirava-se ali conforto, não havia dúvida, mas era apenas uma sobrevivência de coisas idas. Dir-se-ia, ante esse mundo que se ia desagregando, que um mal oculto o roía, como um tumor latente em suas entranhas.
CARDOSO, L. Crônica da casa assassinada. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002 (adaptado).
O mundo narrado nesse trecho do romance de Lúcio Cardoso, acerca da vida dos Meneses, família da aristocracia rural de Minas Gerais, apresenta não apenas a história da decadência dessa família, mas é, ainda, a representação literária de uma fase de desagregação política, social e econômica do país. O recurso expressivo que formula literariamente essa desagregação histórica é o de descrever a casa dos Meneses como
A partir dos objetos e móveis da residência da família Menezes, é possível observar no trecho literário a decadência da aristocracia rural mineira, visualizado pela depreciação dos bens e das lembranças de um passado glorioso e ilustre.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
O suíço Thomas Davatz chegou a São Paulo em 1855 para trabalhar como colono na fazenda de café Ibicaba, em Campinas. A perspectiva de prosperidade que o atraiu para o Brasil deu lugar a insatisfação e revolta, que ele registrou em livro. Sobre o percurso entre o porto de Santos e o planalto paulista, escreveu Davatz: “As estradas do Brasil, salvo em alguns trechos, são péssimas.
Em quase toda parte, falta qualquer espécie de calçamento ou mesmo de saibro. Constam apenas de terra simples, sem nenhum benefício. É fácil prever que nessas estradas não se encontram estalagens e hospedarias como as da Europa. Nas cidades maiores, o viajante pode naturalmente encontrar aposento sofrível; nunca, porém, qualquer coisa de comparável à comodidade que proporciona na Europa qualquer estalagem rural. Tais cidades são, porém, muito poucas na distância que vai de Santos a Ibicaba e que se percorre em cinquenta horas no mínimo”.
Em 1867 foi inaugurada a ferrovia ligando Santos a Jundiaí, o que abreviou o tempo de viagem entre o litoral e o planalto para menos de um dia. Nos anos seguintes, foram construídos outros ramais ferroviários que articularam o interior cafeeiro ao porto de exportação, Santos.
DAVATZ, T. Memórias de um colono no Brasil. São Paulo: Livraria Martins, 1941 (adaptado).
O impacto das ferrovias na promoção de projetos de colonização com base em imigrantes europeus foi importante, porque
Com a construção da ferrovia ligando o interior paulista até o litoral, conectando as zonas cafeeiras com o principal porto para exportação, houve um maior dinamismo da mão-de-obra na região, já que os imigrantes que chegavam no porto de Santos já se encaminhavam para as áreas de produção, concentradas nas cidades do oeste paulista.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
Além dos inúmeros eletrodomésticos e bens eletrônicos, o automóvel produzido pela indústria fordista promoveu, a partir dos anos 50, mudanças significativas no modo de vida dos consumidores e também na habitação e nas cidades. Com a massificação do consumo dos bens modernos, dos eletroeletrônicos e também do automóvel, mudaram radicalmente o modo de vida, os valores, a cultura e o conjunto do ambiente construído. Da ocupação do solo urbano até o interior da moradia, a transformação foi profunda.
MARICATO, E. Urbanismo na periferia do mundo globalizado: metrópoles brasileiras. Disponível em: http://www.scielo.br. Acesso em: 12 ago. 2009 (adaptado).
Uma das consequências das inovações tecnológicas das últimas décadas, que determinaram diferentes formas de uso e ocupação do espaço geográfico, é a instituição das chamadas cidades globais, que se caracterizam por
Essas novas formas de uso e ocupação do espaço geográfico foram originadas pelo avanço do transporte e das telecomunicações, proporcionando as empresas transnacionais se dispersarem ao longo do globo. As cidades nas quais atuavam as sedes dessas empresas passaram à controlar a dinâmica político-econômica mundial, impactando e sendo impactadas pelo processo de internacionalização da economia.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
Populações inteiras, nas cidades e na zona rural, dispõem da parafernália digital global como fonte de educação e de formação cultural. Essa simultaneidade de cultura e informação eletrônica com as formas tradicionais e orais é um desafio que necessita ser discutido. A exposição, via mídia eletrônica, com estilos e valores culturais de outras sociedades, pode inspirar apreço, mas também distorções e ressentimentos. Tanto quanto há necessidade de uma cultura tradicional de posse da educação letrada, também é necessário criar estratégias de alfabetização eletrônica, que passam a ser o grande canal de informação das culturas segmentadas no interior dos grandes centros urbanos e das zonas rurais. Um novo modelo de educação.
BRIGAGÃO, C. E.; RODRIGUES, G. A globalização a olho nu: o mundo conectado. São Paulo: Moderna, 1998 (adaptado).
Com base no texto e considerando os impactos culturais da difusão das tecnologias de informação no marco da globalização, depreende-se que
Segundo o texto as novas tecnologias encurtam os espaços e disseminam ideias que ajudam na obtenção do conhecimento, da educação e formação cultural. Com uma maior conectividade entre diferentes lugares e pessoas, os impactos gerados por essas diferentes culturais fazem ter uma necessidade na concepção de educação, onde temos que criar novas formas de ensino a partir dessas tecnologias.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
CIATTONI, A. Géographie. L’espace mondial. Paris: Hatier, 2008 (adaptado).
A partir do mapa apresentado, é possível inferir que nas últimas décadas do século XX, registraram-se processos que resultaram em transformações na distribuição das atividades econômicas e da população sobre o território brasileiro, com reflexos no PIB por habitante. Assim,
O avanço da fronteira econômica nas regiões Centro-Oeste e Norte proporcionados pelo crescimento da produção agrícolas (setor primário), a incorporação de terras e implementação de agroindústrias (setor secundário), além da intensa ocupação nessas regiões, criando cidades e a necessidade de um aparato de serviços (setor terciário) proporcionou que estados como Mato Grosso e Amazonas tivessem aumento na relação do PIB por habitante no ano de 2004.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
No período 750-338 a. C., a Grécia antiga era composta por cidades-Estado, como por exemplo Atenas, Esparta, Tebas, que eram independentes umas das outras, mas partilhavam algumas características culturais, como a língua grega. No centro da Grécia, Delfos era um lugar de culto religioso frequentado por habitantes de todas as cidades-Estado.
No período 1200-1600 d. C., na parte da Amazônia brasileira onde hoje está o Parque Nacional do Xingu, há vestígios de quinze cidades que eram cercadas por muros de madeira e que tinham até dois mil e quinhentos habitantes cada uma. Essas cidades eram ligadas por estradas a centros cerimoniais com grandes praças. Em torno delas havia roças, pomares e tanques para a criação de tartarugas.
Aparentemente, epidemias dizimaram grande parte da população que lá vivia.
Folha de S. Paulo, ago. 2008 (adaptado).
Apesar das diferenças históricas e geográficas existentes entre as duas civilizações elas são semelhantes pois
A partir do texto, podemos observar que a única comparação viável é que as duas civilizações tinham cidades autônomas e independentes entre si, marcadas pelos muros ao entorno que delimitavam as “cidades indígenas”, assim como as cidade-Estado, que eram independentes, tendo suas produções e rituais próprios, apesar de partilharem laços culturais, como a língua com outros povos ao redor.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
O movimento migratório no Brasil é significativo, principalmente em função do volume de pessoas que saem de uma região com destino a outras regiões. Um desses movimentos ficou famoso nos anos 80, quando muitos nordestinos deixaram a região Nordeste em direção ao Sudeste do Brasil. Segundo os dados do IBGE de 2000, este processo continuou crescente no período seguinte, os anos 90, com um acréscimo de 7,6% nas migrações deste mesmo fluxo. A Pesquisa de Padrão de Vida, feita pelo IBGE, em 1996, aponta que, entre os nordestinos que chegam ao Sudeste, 48,6% exercem trabalhos manuais não qualificados, 18,5% são trabalhadores manuais qualificados, enquanto 13,5%, embora não sejam trabalhadores manuais, se encontram em áreas que não exigem formação profissional.
O mesmo estudo indica também que esses migrantes possuem, em média, condição de vida e nível educacional acima dos de seus conterrâneos e abaixo dos de cidadãos estáveis do Sudeste.
Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 30 jul. 2009 (adaptado).
Com base nas informações contidas no texto, depreende-se que
A precariedade nas zonas rurais do Nordeste, agravadas pelos problemas sociais e climáticos, fez nascer um intenso êxodo rural para o Sudeste, onde os processos urbano-industriais eram mais intensos, oferecendo melhores condições de vida. Contudo essa grande massa populacional levou ao fenômeno denominado de inchaço urbano – cidades com acelerada urbanização e crescimento populacional desproporcional aos investimentos estatais em infraestrutura.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
Apesar do aumento da produção no campo e da integração entre a indústria e a agricultura, parte da população da América do Sul ainda sofre com a subalimentação, o que gera conflitos pela posse de terra que podem ser verificados em várias áreas e que frequentemente chegam a provocar mortes.
Um dos fatores que explica a subalimentação na América do Sul é
A estrutura fundiária da América do Sul é marcada pela sua desigual distribuição, nascida desde o período colonial, a terra era somente obtida por aqueles que tinham renda ou posses, excluindo grande parte dos trabalhadores de origem indígena ou negra (escrava até o final do século XIX no Brasil). Desta forma, a perpetuação de latifúndios improdutivos, somente para especulação imobiliária, eleva a tensão no meio rural e origina conflitos pela posse da terra e pela segurança alimentar.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
A luta pela terra no Brasil é marcada por diversos aspectos que chamam a atenção. Entre os aspectos positivos, destaca-se a perseverança dos movimentos do campesinato e, entre os aspectos negativos, a violência que manchou de sangue essa história. Os movimentos pela reforma agrária articularam-se por todo o território nacional, principalmente entre 1985 e 1996, e conseguiram de maneira expressiva a inserção desse tema nas discussões pelo acesso à terra. O mapa seguinte apresenta a distribuição dos conflitos agrários em todas as regiões do Brasil nesse período, e o número de mortes ocorridas nessas lutas.
Brasil – Vítimas fatais de conflitos ocorridos no campo 1985-1996. Fonte: Comissão Pastoral da Terra – CPT.
OLIVEIRA, A. U. A longa marcha do campesinato brasileiro: movimentos sociais, conflitos e reforma agrária. Revista Estudos Avançados. Vol. 15 n. 43, São Paulo, set./dez. 2001.
Com base nas informações do mapa acerca dos conflitos pela posse de terra no Brasil, a região
A região no qual os conflitos pela posse da terra são mais intensos é a do Bico do Papagaio, localizado na divisa entre os estados do Tocantins, Maranhão e Pará, resultado das disputas entre os proprietários de terras, posseiros, grileiros, indígenas e sem-terra, este último articulados com movimentos sociais com o âmbito de conseguir a reforma agrária nesta região. Muitas pessoas acabam sendo assassinadas, por existir interesses políticos e econômicos na manutenção dos latifúndios.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
O gráfico mostra o percentual de áreas ocupadas, segundo o tipo de propriedade rural no Brasil, no ano de 2006.
MDA/INCRA (DIEESE, 2006) - Disponível em: http://www.sober.org.br. Acesso em: 6 ago. 2009.
De acordo com o gráfico e com referência à distribuição das áreas rurais no Brasil, conclui-se que
A única alternativa que mostra a observação correta do gráfico é a grande quantidade de terras improdutivas no Brasil e em todas as regiões, o que define o Brasil no seu meio rural um país extremamente desigual, já que este se manteve com a mesma estrutura fundiária do período colonial, necessitando de uma profunda distribuição de terras (Reforma Agrária).
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
Entre 2004 e 2008, pelo menos 8 mil brasileiros foram libertados de fazendas onde trabalhavam como se fossem escravos. O governo criou uma lista em que ficaram expostos os nomes dos fazendeiros flagrados pela fiscalização. No Norte, Nordeste e Centro-Oeste, regiões que mais sofrem com a fraqueza do poder público, o bloqueio dos canais de financiamento agrícola para tais fazendeiros tem sido a principal arma de combate a esse problema, mas os governos ainda sofrem com a falta de informações, provocada pelas distâncias e pelo poder intimidador dos proprietários.
Organizações não governamentais e grupos como a Pastoral da Terra têm agido corajosamente, acionando as autoridades públicas e ministrando aulas sobre direitos sociais e trabalhistas.
“Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo”. Disponível em: http://www.mte.gov.br. Acesso em: 17 mar. 2009 (adaptado).
Nos lugares mencionados no texto, o papel dos grupos de defesa dos direitos humanos tem sido fundamental, porque eles
As organizações que conscientizam os trabalhadores rurais tem um papel fundamental em comunicar as autoridades, como Ministério Público, sobre o trabalho escravo ainda presente no Brasil. Esse trabalho escravo se dá à partir da chamada servidão por dívida, onde muitos trabalhadores contraem dívidas em seu deslocamento para as fazendas, sendo obrigados a trabalhar em condições precárias para pagá-las.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
O homem construiu sua história por meio do constante processo de ocupação e transformação do espaço natural. Na verdade, o que variou, nos diversos momentos da experiência humana, foi a intensidade dessa exploração.
Disponível em: http://www.simposioreformaagraria.propp.ufu.br. Acesso em: 09 jul. 2009 (adaptado).
Uma das consequências que pode ser atribuída à crescente intensificação da exploração de recursos naturais, facilitada pelo desenvolvimento tecnológico ao longo da história, é
A intensificação da extração dos recursos naturais em todo planeta gera desequilíbrios ecológicos irreversíveis, observados, por exemplo, nos derramamentos de óleo dos petroleiros que se locomovem pelos oceanos, geralmente oriundos do Oriente Médio e África, afetando o ambiente marinho e das áreas costeiras por qual passam.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
No presente, observa-se crescente atenção aos efeitos da atividade humana, em diferentes áreas, sobre o meio ambiente, sendo constante, nos fóruns internacionais e nas instâncias nacionais, a referência à sustentabilidade como princípio orientador de ações e propostas que deles emanam. A sustentabilidade explica-se pela
O termo sustentabilidade vem sendo abordado na agenda de diversos países no mundo nas últimas três décadas. A sustentabilidade na utilização dos recursos naturais e energéticos se dá na manutenção destes recursos para as próximas gerações. Novas tecnologias amenizam os impactos humanos, como o uso de energia solar e eólica, a reciclagem de diversos produtos na indústria, a reutilização de água em processos agrícolas e industriais etc.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
Com a perspectiva do desaparecimento das geleiras no Polo Norte, grandes reservas de petróleo e minérios, hoje inacessíveis, poderão ser exploradas. E já atiçam a cobiça das potências.
KOPP, D. Guerra Fria sobre o Ártico. Le monde diplomatique Brasil. Setembro, n. 2, 2007 (adaptado).
No cenário de que trata o texto, a exploração de jazidas de petróleo, bem como de minérios – diamante, ouro, prata, cobre, chumbo, zinco – torna-se atraente não só em função de seu formidável potencial, mas também por
Com a diminuição das calotas polares, novas áreas energéticas e minerais podem ser exploradas. Desta forma, poderá existir uma diminuição da importância geopolítica no Oriente Médio, já que não haveria a necessidade de estabelecer alianças ou pactos com países ideologicamente e culturalmente diferentes dos países ditos ocidentais, que necessitam de grande quantidade desses recursos.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
No mundo contemporâneo, as reservas energéticas tornam-se estratégicas para muitos países no cenário internacional. Os gráficos apresentados mostram os dez países com as maiores reservas de petróleo e gás natural em reservas comprovadas até janeiro de 2008.
Disponível em: http://indexmundi.com. Acesso em: 12 ago. 2009 (adaptado).
As reservas venezuelanas figuram em ambas as classificações porque
A Venezuela está presente entre os dez maiores países produtores de petróleo e gás natural do mundo, emerge como uma potência energética, sendo participante da OPEP (Organização dos Países Produtores de Petróleo), torna-se um ator importante no cenário mundial.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
As terras brasileiras foram divididas por meio de tratados entre Portugal e Espanha. De acordo com esses tratados, identificados no mapa, conclui-se que
Entre as imagens aplicadas na questão, podemos observar o emprego de tecnologia em condições climáticas reversas na figura referente à Arábia Saudita, já que este país está localizado numa zona árida, necessitando de avanços tecnológicos como a irrigação por aspersão no cultivo agrícola.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
O clima é um dos elementos fundamentais não só na caracterização das paisagens naturais, mas também no histórico de ocupação do espaço geográfico.
Tendo em vista determinada restrição climática, a figura que representa o uso de tecnologia voltada para a produção é:
Entre as imagens aplicadas na questão, podemos observar o emprego de tecnologia em condições climáticas reversas na figura referente à Arábia Saudita, já que este país está localizado numa zona árida, necessitando de avanços tecnológicos como a irrigação por aspersão no cultivo agrícola.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
Figura 1: Disponível em: http://clickdigitalsj.com.br. Acesso em: 9 jul. 2009.
Figura 2: Disponível em: http://conexaoambiental.zip. net/images/charge.jpg. Acesso em: 9 jul. 2009.
Reunindo-se as informações contidas nas duas charges, infere-se que
Com o desmatamento das florestas tropicais, geralmente ocasionado por queimadas, há uma emissão gigantesca de CO₂ na atmosfera, aumentando o efeito estufa e consequentemente a temperatura média global, o que acarreta no derretimento das calotas polares e nas mudanças do clima planetário.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
Na figura, observa-se uma classificação de regiões da América do Sul segundo o grau de aridez verificado.
Em relação às regiões marcadas na figura, observa-se que
A partir do mapa, podemos observar diferentes regiões segundo o grau de aridez. Parcela das terras sul-americanas está situada em zonas áridas ou semiáridas que nas últimas décadas, devido aos avanços tecnológicos no meio rural, proporcionou novos meios de irrigação das terras cultivadas nessas regiões secas. Desta forma, as produções oriundas dessas zonas puderam ser inseridas no comercio mundial.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
À medida que a demanda por água aumenta, as reservas desse recurso vão se tornando imprevisíveis. Modelos matemáticos que analisam os efeitos das mudanças climáticas sobre a disponibilidade de água no futuro indicam que haverá escassez em muitas regiões do planeta. São esperadas mudanças nos padrões de precipitação, pois
As mudanças climáticas estão relacionadas diretamente com a dinâmica das chuvas, já que o aumento da temperatura global provocado pela ação do homem pode redistribuir as massas úmidas e secas para lugares nos quais anteriormente não havia umidade ou falta dela.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
A mais profunda objeção que se faz à ideia da criação de uma cidade, como Brasília, é que o seu desenvolvimento não poderá jamais ser natural. É uma objeção muito séria, pois provém de uma concepção de vida fundamental: a de que a atividade social e cultural não pode ser uma construção. Esquecem-se, porém, aqueles que fazem tal crítica, que o Brasil, como praticamente toda a América, é criação do homem ocidental.
PEDROSA, M. Utopia: obra de arte. Vis – Revista do Programa de Pós-graduação em Arte (UnB), Vol. 5, n. 1, 2006 (adaptado).
As ideias apontadas no texto estão em oposição, porque
Segundo o texto, o autor faz uma referência à construção da cidade de Brasília, cujo seu nascimento se deu pela ação do homem, e não naturalmente como outras cidades, no qual outras concepções são citadas e criticadas. Desta forma, o autor justifica sua posição com exemplos históricos que mostram a formação antrópica de várias cidades no mundo.
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).
As áreas do planalto do cerrado – como a chapada dos Guimarães, a serra de Tapirapuã e a serra dos Parecis, no Mato Grosso, com altitudes que variam de 400 m a 800 m – são importantes para a planície pantaneira mato-grossense (com altitude média inferior a 200 m), no que se refere à manutenção do nível de água, sobretudo durante a estiagem. Nas cheias, a inundação ocorre em função da alta pluviosidade nas cabeceiras dos rios, do afloramento de lençóis freáticos e da baixa declividade do relevo, entre outros fatores. Durante a estiagem, a grande biodiversidade é assegurada pelas águas da calha dos principais rios, cujo volume tem diminuído, principalmente nas cabeceiras.
Cabeceiras ameaçadas. Ciência Hoje. Rio de Janeiro: SBPC. Vol. 42, jun. 2008 (adaptado).
A medida mais eficaz a ser tomada, visando à conservação da planície pantaneira e à preservação de sua grande biodiversidade, é a conscientização da sociedade e a organização de movimentos sociais que exijam
O Pantanal é um bioma marcado por áreas alagadiças e pantanosas na época das cheia, cujo suas nascentes são originadas no planalto do Cerrado. Com a ocorrência de desmatamentos das várzeas e consequentemente a erosão das margens dos rios, haverá assoreamento das partes alagadas. Sendo assim, há necessidade de conscientizar as populações dos riscos ambientais decorrentes das ações antrópicas neste bioma.
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