QUIZ 10: PORTUGUÊS 8° ANO
(SEDUCE-GO - 3ª P.D - 2016). Leia o texto e, a seguir, responda as questões 01, 02, e 03.
O valetão que engolia meninos e outras histórias de Pajé
Kelli Carolina Bassani
Já foram escritas muitas histórias da época em que os meninos engraxates eram engolidos pelo valetão da Rua Sete de Setembro. Mas nenhuma delas conta esta ou outras histórias de Pajé. Guardo-as dentro do peito, como boas lembranças da rua onde vivi e que teimam em se misturar com a história da cidade.
Nascemos juntos: eu, a rua e essas histórias. Somos uma coisa só, mas nós não estamos nos livros. Estamos na contramão, por isso me atrapalho com as palavras. Às vezes falta ar, outras o ar é demais, então o meu coração acelera, o nó na garganta avisa: o menino Pajé vai acordar!
Hoje, quem não conhece a Rua Sete de Setembro é porque não conhece minha cidade — Toledo. Apertada entre outras no extremo oeste paranaense, bem pertinho do Paraguai, surgiu de uma clareira no meio da mata.
Naquele tempo, uma clareira; hoje, Rua Sete de Setembro. Essa rua foi crescendo e acolhendo o progresso que tenta esconder e aprisionar as histórias de Pajé. Elas estão descansando embaixo do calçamento, dos asfaltos, dos prédios, das casas. Basta um sinal que elas voltam.
Cheiro de terra molhada — esse era o sinal. E, ainda hoje, sinto esse cheiro entrando no meu cérebro e mexendo com o meu coração. Naquele tempo bastava sentir o cheiro de terra molhada para que nós, os meninos engraxates, escondêssemos nossas engraxadeiras — caixa de madeira em que se guardava o material necessário para engraxar sapatos — no porão dos fundos da bodega do Pizetta e, como garotos matreiros, saíssemos de mansinho, sem despertar curiosidade. Corríamos lá embaixo, no começo da rua que embicava no meio da mata, pois o mistério ia começar!
A chuva caía e formava muita enxurrada que, com sua força, trazia a terra misturada. Parecia uma cascata de chocolate que despencava no valetão — buraco muito profundo provocado pelas enxurradas, erosão. A água fresquinha que caía do céu misturava com a terra quente e provocava o mistério. Nós éramos puxados para dentro daquele enorme buraco por uma força estranha sem dó. Mesmo os que não queriam não conseguiam resistir, porque a magia era muito forte e, em poucos segundos, estávamos lá dentro, na garganta do valetão, onde brincávamos durante horas. Nessas horas o trabalho era esquecido.
Quando eu era menino, trabalhava muito. Todos os dias de manhã ia à escola e, ao retornar, mal acabava de almoçar, pegava a engraxadeira, colocava nas costas para a rua, quer dizer, para o trabalho. A engraxadeira era muito grande e pesada para meu tamanho — eu era apenas um garoto! Mas era a única forma de ajudar minha mãe no sustento da família.
Sentia como se estivesse carregando o mundo sozinho.
Hoje sou adulto e sei que aquela magia era fruto de nossa fantástica imaginação. Como qualquer outro menino, o engraxate também tinha direito de brincar. Uma das poucas vezes em que podíamos fazer isso era quando chovia. Mesmo que depois nos custasse castigos e surras.
Atualmente, as brincadeiras, comparadas com as de meu tempo, são muito diferentes. Hoje, os heróis são Supermem, Batman, Homem-Aranha. Antes tínhamos heróis indígenas, com suas histórias cheias de mistérios das florestas.
Naquele tempo, quando chovia, o valentão da Rua Sete de Setembro era nosso mundo fantástico. Além das divertidas brincadeiras no lamaçal que escorria da rua, fazíamos cabanas no paredão da erosão, guerrilhas com bodoque, usando sementes de árvores como cinamomo e mamona.
Quando não chovia, sobrava tempo para brincar só aos domingos. Então, eu — Pajé — e minha turma nos reuníamos na mata, que se misturava com o terreiro das casas.
Nele, construíamos cabanas, arcos, flechas, tacapes. Pintávamos o corpo todo com barro e frutinhas da mata. Assim, sentindo-nos como heróis, brincávamos de índios guerreiros, até o sol se esconder.
Nossa vida se enchia dos poderes que vinham da mata e seguia solta, como passarinho. O fim da história? Não sei não, porque eu ainda vivo. E enquanto eu viver as lembranças nunca vão terminar.
CLARA, Regina Andrade. ALTENFELDER, Anna Helena. ALMEIDA, Neide. Se bem me lembro...: caderno do professor: orientações para produção de textos. São Paulo: Cenpec 2010. (Coleção da Olimpíada).
01
Os meninos engraxates, ao sentirem cheiro de terra molhada, escondiam as engraxadeiras e corriam para a rua no meio da mata, porque
(SEDUCE-GO - 3ª P.D - 2016). Leia o texto e, a seguir, responda as questões 04 e 05.
Disponível em: http://algotaodoceeducacao.blogspot.com.br/ 2011/02/tirinhas-turma-mig-e-meg-dengue.html. Acesso em: 24 fev. 2016.
04
No trecho “Já me confundiram três vezes com o dengoso viloso horroroso, o causador da dengue!”, ao utilizar as palavras “dengoso viloso horroroso”, o autor quis
(SEDUCE-GO - 3ª P.D - 2016). Leia o texto e, a seguir, responda as questões 06 e 07.
Futuro da água
Marcos Correntino
Engenheiro Eletricista e especialista em Hidrologia e Recursos Hídricos
Com 12% a 16% da água doce disponível no Planeta, o Brasil é considerado um país privilegiado, o que pode induzir a conceitos errados, pois a água nem sempre está alocada no lugar que queremos ou necessitamos. Impermeabilização do solo, desmatamento, variação climática, aumento da demanda, falta de sensibilização e de educação ambiental, além do descaso com as deliberações dos comitês de bacias hidrográficas estão contribuindo para a atual crise hídrica ou falta de água em várias regiões.
O País não se preparou para enfrentar a crise, que pode ser considerada em 20% devido às variações climáticas e 80% por falta de planejamento. As variações climáticas sempre existiram, e especialistas no assunto sempre fizeram as projeções sobre as alterações. Não se pode planejar nem evitar as alterações climáticas naturais, mas pode-se utilizar destas alterações para auxiliar no planejamento, objetivando minimizar a falta de água. A Eletrobrás recomenda que, para os estudos de geração de energia, deve-se considerar o ano crítico de 1931, e o período de junho de 1949 a novembro de 1956. O Sistema Interligado Nacional (SIN) também menciona este período para o Plano de Operação Energético.
A inexistência e o não cumprimento de planejamentos são os principais responsáveis pela atual crise. Não bastam somente o planejamento ou planos de recursos hídricos para evitar a falta de água para os vários usos. O planejamento de recursos hídricos tem que estar articulado com o planejamento dos setores usuários e com o planejamento do uso do solo.
Infelizmente, falta planejamento, ou se existe, não é cumprido ou levado a sério pelos governantes. Um exemplo disso é o Estado de Goiás, que até o presente momento não tem o Plano Estadual de Recursos Hídricos aprovados, não há nenhum plano de bacia e muito menos a lei de proteção dos mananciais de abastecimento. Isso é muito sério, pois o que está acontecendo em São Paulo poderá acontecer em Goiás se não houver planejamento e os planos de recursos hídricos sendo executados pelo governo, aprovados e acompanhados pelos comitês de bacias hidrográficas.
Disponível em: http://www.opopular.com.br/editorias/opiniao/ cartas-dos-leitores-1.145041/cartas-dos-leitores-1.782996. Acesso em: 24 fev. 2016.
06
A tese desse texto é
(SEDUCE-GO - 3ª P.D - 2016). Leia o texto e, a seguir, responda as questões 08 e 09 .
Paraíso
José Paulo Paes
Se esta rua fosse minha,
eu mandava ladrilhar,
não para automóveis matar gente,
mas para criança brincar.
Se esta mata fosse minha,
eu não deixava derrubar.
Se cortarem todas as árvores,
onde é que os pássaros vão morar?
Se este rio fosse meu,
eu não deixava poluir.
Joguem esgotos noutra parte,
que os peixes moram aqui.
Se este mundo fosse meu,
Eu fazia tantas mudanças
Que ele seria um paraíso
De bichos, plantas e crianças.
Disponível em: http://baudashistoriasepoemas.blogspot.com. br/2010/04/poemas-de-jose-paulo-paes.html. Acesso em: 25 fev. 2016.
08
O tema desse texto é
10
(SEDUCE-GO - 3ª P.D - 2016). Leia o texto e, a seguir, responda.
Solidão mata tanto quanto cigarro
Carol Castro
Não dá para viver sozinho. Faz tão mal à saúde quanto ser obeso ou fumar quase um maço de cigarros diariamente. Solidão é mortal, segundo a ciência.
Pesquisadores da Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos, avaliaram dados sobre estilo de vida e saúde de mais de três milhões de pessoas, todas com menos de 65 anos. E descobriram que viver isolado do mundo, sem contato com ninguém, aumenta em até 32% o risco de morrer prematuramente. É tão perigoso quanto fumar 15 cigarros por dia ou ser alcoólatra ou obeso.
É que manter contato com outras pessoas diminui o nível de cortisol, hormônio ligado ao estresse, no organismo. E menos estresse significa riscos menores de doenças cardíacas e derrame.
“Precisamos começar a levar mais a sério nossos relacionamentos sociais. Os efeitos deles são comparados à obesidade, algo que consideramos muito sério à saúde”, explica Julianne Holt-Lunstand, uma das autoras da pesquisa.
Pois é, leve a sério seus amigos – você deve muito a eles (e eles a você). Aproveite a deixa e marque logo aquele café.
Disponível em: http://super.abril.com.br/blogs/cienciamaluca solidao-mata-tanto-quanto-cigarro/. Acesso em: 25 fev. 2016.
Qual é a principal informação desse texto?
11
(SEDUCE-GO - 3ª P.D - 2016). (SISPAE). Leia o texto abaixo.
29 de julho de 1846
Nascimento da princesa Isabel
A princesa Isabel foi a segunda filha do imperador D. Pedro II. Seu nome era Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga. Ufa! Com 14 anos, ela prestou um juramento para se tornar a primeira princesa do Brasil. Ela se casou com Luís Gastão de Orléans, o Conde d’Eu, príncipe francês, com quem teve três filhos. A princesa Isabel ficou muito conhecida porque, no dia 13 de maio 1888, assinou a Lei Áurea, que dava liberdade a todos os escravos brasileiros de qualquer idade. Mas, com a Proclamação da República, a Família Imperial foi para a Europa e perdemos nossa princesa.
Disponível em: http://www.meninomaluquinho.com.br Acesso em: 27 jun. 09.
Nesse texto, a palavra “Ufa!” indica
12
(PROEB). Leia o texto abaixo.
O gambá
No silêncio circular da praça, a esquina iluminada. O patrão aguardava a hora de apagar as luzes do café. O garçom começou a descer as portas de aço e olhou o relógio: meia-noite e quarenta e cinco. O moço da farmácia chegou para o último cafezinho. Até ser enxotados, uns poucos fregueses de sempre insistiam em prolongar a noite. Mas o bate-papo estava encerrado.
Foi quando o chofer de táxi sustou o gesto de acender o cigarro e deu o alarme: um gambá! Correram todos para ver e, mais que ver, para crer. Era a festa, a insólita festa que a noite já não prometia. Ali, na praça, quase diante do edifício de dez andares, um gambá.
Vivinho da silva, com sua anacrônica e desarmada arquitetura.
No meio da rua – como é que veio parar ali? Um frêmito de batalha animou os presentes.
Todos, pressurosos, foram espiar o recém-chegado. Só o Corcundinha permaneceu imóvel diante da mesa de mármore. O corpo enterrado na cadeira, as grossas botinas mal dispensavam as muletas. O intruso não lhe dizia respeito. Podia sorver devagarinho o seu conhaque.
Encolhido de medo e susto, o gambá não queria desafiar ninguém. Mas seus súbitos inimigos a distância mantinham uma divertida atitude de caça. Ninguém sabia por onde começar a bem-vinda peleja. Era preciso não desperdiçar a dádiva que tinha vindo alvoroçar a noite de cada um dos circunstantes.
REZENDE, Oto Lara. O gambá. In: O elo perdido & outras histórias. 5 ed. São Paulo: Ática, 1998. p.12. Fragmento. *Adaptado: Reforma Ortográfica.
Nesse texto, o autor usou a expressão “Vivinho da silva” (3° parágrafo) com a intenção de
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