quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

ENEM_Linguagens_Códigos_2019_1ªAp

ENEM 2019 - 1ª APLICAÇÃO
ENEM 2019 - LINGUAGENS E CÓDIGOS - 1ª APLICAÇÃO

01
(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

    Meu caro Sherlock Holmes, algo horrível aconteceu às três da manhã no Jardim Lauriston. Nosso homem que estava na vigia viu uma luz às duas da manhã saindo de uma casa vazia. Quando se aproximou, encontrou a porta aberta e, na sala da frente, o corpo de um cavalheiro bem vestido. Os cartões que estavam em seu bolso tinham o nome de Enoch J. Drebber, Cleveland, Ohio, EUA. Não houve assalto e nosso homem não conseguiu encontrar algo que indicasse como ele morreu. Não havia marcas de sangue, nem feridas nele. Não sabemos como ele entrou na casa vazia. Na verdade, todo assunto é um quebra-cabeça sem fim. Se puder vir até a casa seria ótimo, se não, eu lhe conto os detalhes e gostaria muito de saber sua opinião. Atenciosamente, Tobias Gregson.

DOYLE, A. C. Um estudo em vermelho. Cotia: Pé de Letra, 2017.

Considerando o objetivo da carta de Tobias Gregson, a sequência de enunciados negativos presente nesse texto tem a função de

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De acordo com o texto, Tobias Gregson manda uma carta ao detetive Sherlock Holmes informando quais não foram as causas da morte, a partir de sequências negativas de enunciados. Assim, descarta possíveis causas da morte.


02
(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

Mídias: aliadas ou inimigas da educação física escolar?

    No caso do esporte, a mediação efetuada pela câmera de TV construiu uma nova modalidade de consumo: o esporte telespetáculo, realidade textual relativamente autônoma face à prática “real” do esporte, construída pela codificação e mediação dos eventos esportivos efetuados pelo enquadramento, edição das imagens e comentários, interpretando para o espectador o que ele está vendo. Esse fenômeno tende a valorizar a forma em relação ao conteúdo, e para tal faz uso privilegiado da linguagem audiovisual com ênfase na imagem cujas possibilidades são levadas cada vez mais adiante, em decorrência dos avanços tecnológicos. Por outro lado, a narração esportiva propõe uma concepção hegemônica de esporte: esporte é esforço máximo, busca da vitória, dinheiro... O preço que se paga por sua espetacularização é a fragmentação do fenômeno esportivo. A experiência global do ser-atleta é modificada: a sociabilização no confronto e a ludicidade não são vivências privilegiadas no enfoque das mídias, mas as eventuais manifestações de violência, em partidas de futebol, por exemplo, são exibidas e reexibidas em todo o mundo.

BETTI, M. Motriz, n. 2, jul.-dez. 2001 (adaptado).

A reflexão trazida pelo texto, que aborda o esporte telespetáculo, está fundamentada na

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A distorção da experiência do ser-atleta para os espectadores está sugerida no texto quando o autor ressalta que as manifestações de violência são privilegiadas em relação a, por exemplo, sociabilização e ludicidade. Para o espectador, assim, a imagem que sobressai é o contexto da violência.


03
(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

Um amor desse

    Era 24 horas lado a lado

    Um radar na pele, aquele sentimento alucinado

    Coração batia acelerado

   

    Bastava um olhar pra eu entender

    Que era hora de me entregar pra você

    Palavras não faziam falta mais

    Ah, só de lembrar do seu perfume

    Que arrepio, que calafrio

    Que o meu corpo sente

    Nem que eu queira, eu te apago da minha mente

   

    Ah, esse amor

    Deixou marcas no meu corpo

    Ah, esse amor

    Só de pensar, eu grito, eu quase morro

AZEVEDO, N.; LEÃO, W.; QUADROS, R. Coração pede socorro. Rio de Janeiro: Som Livre, 2018 (fragmento).

Essa letra de canção foi composta especialmente para uma campanha de combate à violência contra as mulheres, buscando conscientizá-las acerca do limite entre relacionamento amoroso e relacionamento abusivo. Para tanto, a estratégia empregada na letra é a

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A letra da canção explora o duplo sentido das palavras apresentadas, mostrando que o léxico voltado ao amor também pode ser relacionado ao contexto de dominação e violência.


04
(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

Disponível em: http://palavrastempoder.org. Acesso em: 20 abr. 2015.

Pela análise do conteúdo, constata-se que essa campanha publicitária tem como função social

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O texto afirma que as palavras têm poder e, por isso, elas “informam”, “libertam” e “destroem”, ao mesmo tempo em que “desinformam”, “aprisionam” e “criam preconceitos”. Diante dessas múltiplas capacidades, o emissor deve ter consciência da sua responsabilidade na escolha das palavras.


05
(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

Disponível em: www.tecmundo.com.br. Acesso em: 10 dez. 2018 (adaptado).

O texto tem o formato de uma carta de jogo e apresenta dados a respeito de Marcelo Gleiser, premiado pesquisador brasileiro da atualidade. Essa apresentação subverte um gênero textual ao

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A carta, por pertencer a um jogo, evoca o lúdico, ou seja, o brincar e, com isso, subverte a estrutura comum e canônica do gênero biografia, o que costuma ser apresentado por meio de um texto em prosa em vez de topicalizações enxutas.


06
(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

    Toca a sirene na fábrica,

    e o apito como um chicote

    bate na manhã nascente

    e bate na tua cama

    no sono da madrugada.

    Ternuras da áspera lona

    pelo corpo adolescente.

    É o trabalho que te chama.

    Às pressas tomas o banho,

    tomas teu café com pão,

    tomas teu lugar no bote

    no cais do Capibaribe.

    Deixas chorando na esteira

    teu filho de mãe solteira.

    Levas ao lado a marmita,

    contendo a mesma ração

    do meio de todo o dia,

    a carne-seca e o feijão.

    De tudo quanto ele pede

    dás só bom-dia ao patrão,

    e recomeças a luta

    na engrenagem da fiação.

MOTA, M. Canto ao meio. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964.

Nesse texto, a mobilização do uso padrão das formas verbais e pronominais

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No texto, as formas verbais e pronominais são empregadas para distinguir os referentes. A funcionária é identificada por meio da 2ª pessoa do singular (“tua”, “te”, “tomas”, “teu”, “deixas”, “devas”, “dás”) e o patrão é identificado por meio da 3ª pessoa do singular (“ele pede”).


07
(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

    Irerê, meu passarinho do sertão do Cariri,

    Irerê, meu companheiro,

    Cadê viola? Cadê meu bem? Cadê Maria?

    Ai triste sorte a do violeiro cantadô!

    Ah! Sem a viola em que cantava o seu amô,

    Ah! Seu assobio é tua flauta de irerê:

    Que tua flauta do sertão quando assobia,

    Ah! A gente sofre sem querê!

    Ah! Teu canto chega lá no fundo do sertão,

    Ah! Como uma brisa amolecendo o coração,

    Ah! Ah!

    Irerê, solta teu canto!

    Canta mais! Canta mais!

    Prá alembrá o Cariri!

VILLA-LOBOS, H. Bachianas Brasileiras n. 5 para soprano e oito violoncelos (1938-1945). Disponível em: http://euterpe.blog.br. Acesso em: 23 abr. 2019.

Nesses versos, há uma exaltação ao sertão do Cariri em uma ambientação linguisticamente apoiada no(a)

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Linguisticamente, percebe-se a manifestação da oralidade no texto escrito, o que fica exemplificado pelos termos “cantador”, “amô”, “querê”, “prá”. Com isso, o texto se apropria de expressões populares (que não são, necessariamente, regionais) do português.


08
(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

PICASSO, P. Cabeça de touro. Bronze, 33,5 cm x 43,5 cm x 19 cm. Musée Picasso, Paris. França, 1945. JANSON, H. W. Iniciação à história da arte. São Paulo: Martins Fontes, 1988.

Na obra Cabeça de touro, o material descartado torna-se objeto de arte por meio da

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Na escultura de Picasso, há utilização de partes de uma bicicleta reagrupadas de forma a comporem uma estátua com cabeça de touro. O guidão forma os chifres e a cabeça é produzida a partir do assento.


09
(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

Emagrecer sem exercício?

    Hormônio aumenta a esperança de perder gordura sem sair do sofá. A solução viria em cápsulas. O sonho dos sedentários ganhou novo aliado. Um estudo publicado na revista científica Nature, em janeiro, sugere que é possível modificar a gordura corporal sem fazer exercício. Pesquisadores do Dana-Farber Cancer Institute e da Escola de Medicina de Harvard, nos EUA, isolaram em laboratório a irisina, hormônio naturalmente produzido pelas células musculares durante os exercícios aeróbicos, como caminhada, corrida ou pedalada. A substância foi aplicada em ratos e agiu como se eles tivessem se exercitado, inclusive com efeito protetor contra o diabetes.

    O segredo foi a conversão de gordura branca — aquela que estoca energia inerte e estraga nossa silhueta — em marrom. Mais comum em bebês, e praticamente inexistente em adultos, esse tipo de gordura serve para nos aquecer. E, nesse processo, gasta uma energia tremenda. Como efeito colateral, afinaria nossa silhueta.

    A expectativa é que, se o hormônio funcionar da mesma forma em humanos, surja em breve um novo medicamento para emagrecer. Mas ele estaria longe de substituir por completo os benefícios da atividade física. “Possivelmente existem muitos outros hormônios musculares liberados durante o exercício e ainda não descobertos”, diz o fisiologista Paul Coen, professor assistente da Universidade de Pittsburgh, nos EUA. A irisina não fortalece os músculos, por exemplo. E para ficar com aquele tríceps de fazer inveja só o levantamento de controle remoto não daria conta.

LIMA, F. Galileu. São Paulo, n. 248, mar. 2012.

Para convencer o leitor de que o exercício físico é importante, o autor usa a estratégia de divulgar que

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O texto aborda um estudo publicado sobre um hormônio capaz de diminuir as gorduras, entretanto, o autor ressalta que o exercício físico é fundamental para a saúde e, por isso, estimula essa prática.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

    Inverno! inverno! inverno!

    Tristes nevoeiros, frios negrumes da longa treva boreal, descampados de gelo cujo limite escapa-nos sempre, desesperadamente, para lá do horizonte, perpétua solidão inóspita, onde apenas se ouve a voz do vento que passa uivando como uma legião de lobos, através da cidade de catedrais e túmulos de cristal na planície, fantasmas que a miragem povoam e animam, tudo isto: decepções, obscuridade, solidão, desespero e a hora invisível que passa como o vento, tudo isto é o frio inverno da vida.

    Há no espírito o luto profundo daquele céu de bruma dos lugares onde a natureza dorme por meses, à espera do sol avaro que não vem.

POMPEIA, R. Canções sem metro. Campinas: Unicamp, 2013.

Reconhecido pela linguagem impressionista, Raul Pompeia desenvolveu-a na prosa poética, em que se observa a

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Raul Pompeia, nesse texto em prosa, emprega recursos próprios da poesia, como a “plasticidade verbal” intensa na descrição muito sugestiva da paisagem de inverno. Pode-se notar também o uso de elementos que dão ao texto “cadência melódica” a partir de ritmo percebido pelas construções frásicas e também no uso de assonâncias e aliterações.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

    Antes de Roma ser fundada, as colinas de Alba eram ocupadas por tribos latinas, que dividiam o ano de acordo com seus deuses. Os romanos adaptaram essa estrutura. No princípio dessa civilização o ano tinha dez meses e começava por Martius (atual março). Os outros dois teriam sido acrescentados por Numa Pompílio, o segundo rei de Roma.

    Até Júlio César reformar o calendário local, os meses eram lunares, mas as festas em homenagem aos deuses permaneciam designadas pelas estações. O descompasso de dez dias por ano fazia com que, em todos os triênios, um décimo terceiro mês, o Intercalaris, tivesse que ser enxertado. Com a ajuda de matemáticos do Egito emprestados por Cleópatra, Júlio César acabou com a bagunça ao estabelecer o seguinte calendário solar: Januarius, Februarius, Martius, Aprilis, Maius, Junius, Quinctilis, Sextilis, September, October, November e December. Quase igual ao nosso, com as diferenças de que Quinctilis e Sextilis deram origem aos meses de julho e agosto.

Disponível em: https://aventurasnahistoria.uol.com.br. Acesso em: 8 dez. 2018.

Considerando as informações no texto e aspectos históricos da formação da língua, a atual escrita dos meses do ano em português

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As informações apresentadas no texto abordam as mudanças linguísticas originadas da transformação do latim para o português. Dessa forma, retrata como a nomenclatura dos meses do ano foi alterada.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

    No Brasil, a disseminação de uma expectativa de corpo com base na estética da magreza é bastante grande e apresenta uma enorme repercussão, especialmente, se considerada do ponto de vista da realização pessoal. Em pesquisa feita na cidade de São Paulo, aparecem os percentuais de 90% entre as mulheres pesquisadas que se dizem preocupadas com seu peso corporal, sendo que 95% se sentem insatisfeitas com “seu próprio corpo”.

SILVA, A. M. Corpo, ciência e mercado: reflexões acerca da gestação de um novo arquétipo da felicidade. Campinas: Autores Associados; Florianópolis: UFSC, 2001.

A preocupação excessiva com o “peso” corporal pode provocar o desenvolvimento de distúrbios associados diretamente à imagem do corpo, tais como

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Tendo em vista os conceitos biológicos relacionados ao processo de distúrbios alimentares associados à imagem corporal, destacam-se a anorexia e a bulimia.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

TEXTO I

Fotografia de Jackson Pollock pintando em seu ateliê, realizada por Hans Namuth em 1951. CHIPP, H. Teorias da arte moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1988.

TEXTO II

MUNIZ, V. Action Photo (segundo Hans Namuth em Pictures in Chocolate). Impressão fotográfica, 152,4 cm x 121,92 cm, The Museum of Modern Art, Nova Iorque, 1977. NEVES, A. História da arte 4. Vitória: Ufes – Nead, 2011.

Utilizando chocolate derretido como matéria-prima, essa obra de Vick Muniz reproduz a célebre fotografia do processo de criação de Jackson Pollock. A originalidade dessa releitura reside na

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Vick Muniz reproduz a fotografia de Jackson Pollock, produzindo uma tela com tinta, empregando como matéria-prima chocolate derretido e, assim, faz uma releitura da obra original, numa nova interpretação parodística.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

    Na semana passada, os alunos do colégio do meu filho se mobilizaram, através do Twitter, para não comprarem na cantina da escola naquele dia, pois acharam o preço do pão de queijo abusivo. São adolescentes. Quase senhores das novas tecnologias, transitam nas redes sociais, varrem o mundo através dos teclados dos celulares, iPads e se organizam para fazer um movimento pacífico de não comprar lanches por um dia. Foi parar na TV e em muitas páginas da internet.

GOMES, A. A revolução silenciosa e o impacto na sociedade das redes sociais. Disponível em: www.hsm.com.br. Acesso em: 31 jul. 2012.

O texto aborda a temática das tecnologias da informação e comunicação, especificamente o uso de redes sociais. Muito se debate acerca dos benefícios e malefícios do uso desses recursos e, nesse sentido, o texto

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O texto traz o relato de uma experiência escolar em que, por meio do twitter, uma rede social, os alunos de um colégio conseguiram se organizar e decidir como se movimentarem contra o preço de um dos itens de sua cantina, demonstrando, por esse exemplo, que esses meios tecnológicos de comunicação são capazes de facilitar e fortalecer a união de um grupo em prol de uma causa que gera mudança social.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

    “O computador, dando prioridade à busca pela própria felicidade, parou de trabalhar para os humanos”. É assim que termina o conto O dia em que um computador escreveu um conto, escrito por uma inteligência artificial com a ajuda de cientistas humanos.

    Os cientistas selecionaram palavras e frases que seriam usadas na narrativa, e definiram um roteiro geral da história, que serviria como guia para a inteligência artificial. A partir daí, o computador criou o texto combinando as frases e seguindo as diretrizes que os cientistas impuseram. Os juízes não sabem quais textos são escritos por humanos e quais são feitos por computadores, o que mostra que o conto estava bem escrito. O dia só não passou para as próximas etapas porque, de acordo com os juízes, os personagens não foram muito bem descritos, embora o texto estivesse estruturalmente impecável.

    A ideia dos cientistas é continuar desenvolvendo a criatividade da IA para que ela se pareça cada vez mais com a humana. Simular esse tipo de resposta é difícil, porque o computador precisa ter, primeiro, um banco de dados vasto vinculado a uma programação específica para cada tipo de projeto — escrita, pintura, música, desenho e por aí vai.

D’ANGELO, H. Disponível em: https://super.abril.com.br. Acesso em: 5 dez. 2018.

O êxito e as limitações da tecnologia utilizada na composição do conto evidenciam a

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Na composição do conto, percebem-se o êxito no quesito estrutura e a limitação da máquina no quesito criatividade. Isso demonstra que esses aspectos cognitivos (estrutura e criatividade) operam de modo diferente.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

    Essa lua enlutada, esse desassossego

    A convulsão de dentro, ilharga

    Dentro da solidão, corpo morrendo

    Tudo isso te devo. E eram tão vastas

    As coisas planejadas, navios,

    Muralhas de marfim, palavras largas

    Consentimento sempre. E seria dezembro.

    Um cavalo de jade sob as águas

    Dupla transparência, fio suspenso

    Todas essas coisas na ponta dos teus dedos

    E tudo se desfez no pórtico do tempo

    Em lívido silêncio. Umas manhãs de vidro

    Vento, a alma esvaziada, um sol que não vejo

   

    Também isso te devo.

HILST, H. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São Paulo: Cia. das Letras, 2018.

No poema, o eu lírico faz um inventário de estados passados espelhados no presente. Nesse processo, aflora o

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A expressão “isso te devo” reveste-se de um sentido potencialmente irônico, pois o eu-lírico indica por meio dela sentimentos negativos (expressos pelo desassossego, alma esvaziada, etc) causados por esse interlocutor. Nota-se, também, o amadurecimento do eu-lírico em função dessas experiências vividas e um desapego em relação a essa figura com quem eu-poético teve um vínculo emocional.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

A viagem

    Que coisas devo levar

    nesta viagem em que partes?

    As cartas de navegação só servem

    a quem fica.

    Com que mapas desvendar

    um continente

    que falta?

    Estrangeira do teu corpo

    tão comum

    quantas línguas aprender

    para calar-me?

    Também quem fica

    procura

    um oriente.

    Também

    a quem fica

    cabe uma paisagem nova

    e a travessia insone do desconhecido

    e a alegria difícil da descoberta.

    O que levas do que fica,

    o que, do que levas, retiro?

MARQUES, A. M. In: SANT’ANNA, A. (Org.). Rua Aribau. Porto Alegre: Tag, 2018.

A viagem e a ausência remetem a um repertório poético tradicional. No poema, a voz lírica dialoga com essa tradição, repercutindo a

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O estado de abandono e solidão do eu lírico o fazem buscar novos rumos: línguas para aprender, a procura por um oriente ou por novas paisagens, travessias e descobertas.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

    O Instituto de Arte de Chicago disponibilizou para visualização on-line, compartilhamento ou download (sob licença Creative Commons), 44 mil imagens de obras de arte em altíssima resolução, além de livros, estudos e pesquisas sobre a história da arte.

    Para o historiador da arte, Bendor Grosvenor, o sucesso das coleções on-line de acesso aberto, além de democratizar a arte, vem ajudando a formar um novo público museológico. Grosvenor acredita que quanto mais pessoas forem expostas à arte on-line, mais visitas pessoais acontecerão aos museus.

    A coleção está disponível em seis categorias: paisagens urbanas, impressionismo, essenciais, arte africana, moda e animais. Também é possível pesquisar pelo nome da obra, estilo, autor ou período. Para navegar pela imagem em alta definição, basta clicar sobre ela e utilizar a ferramenta de zoom. Para fazer o download, disponível para obras de domínio público, é preciso utilizar a seta localizada do lado inferior direito da imagem.

Disponível em: www.revistabula.com. Acesso em: 5 dez. 2018 (adaptado).

A função da linguagem que predomina nesse texto se caracteriza por

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O texto apresenta linguagem denotativa em que predomina a função referencial.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

Ed Mort só vai

    Mort. Ed Mort. Detetive particular. Está na plaqueta. Tenho um escritório numa galeria de Copacabana entre um fliperama e uma loja de carimbos. Dá só para o essencial, um telefone mudo e um cinzeiro. Mas insisto numa mesa e numa cadeira. Apesar do protesto das baratas. Elas não vencerão. Comprei um jogo de máscaras. No meu trabalho o disfarce é essencial. Para escapar dos credores. Outro dia entrei na sala e vi a cara do King Kong andando pelo chão. As baratas estavam roubando as máscaras. Espisoteei meia dúzia. As outras atacaram a mesa. Consegui salvar a minha Bic e o jornal. O jornal era novo, tinha só uma semana. Mas elas levaram a agenda. Saí ganhando. A agenda estava em branco. Meu último caso fora com a funcionária do Erótica, a primeira ótica da cidade com balconista topless. Acabara mal. Mort. Ed Mort. Está na plaqueta.

VERISSIMO, L. F. Ed Mort: todas as histórias. Porto Alegre: L&PM, 1997 (adaptado).

Nessa crônica, o efeito de humor é basicamente construído por uma

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A crônica apresenta um enredo criativo e original, em que o humor se faz presente nas ações descabidas do personagem e das baratas.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

Expostos na web desde a gravidez

    Mais da metade das mães e um terço dos pais ouvidos em uma pesquisa sobre compartilhamento paterno em mídias sociais discutem nas redes sociais sobre a educação dos filhos. Muitos são pais e mães de primeira viagem, frutos da geração Y (que nasceu junto com a internet) e usam esses canais para saberem que não estão sozinhos na empreitada de educar uma criança. Há, contudo, um risco no modo como as pessoas estão compartilhando essas experiências. É a chamada exposição parental exagerada, alertam os pesquisadores.

    De acordo com os especialistas no assunto, se você compartilha uma foto ou vídeo do seu filho pequeno fazendo algo ridículo, por achar engraçadinho, quando a criança tiver seus 11, 12 anos, pode se sentir constrangida. A autoconsciência vem com a idade.

    A exibição da privacidade dos filhos começa a assumir uma característica de linha do tempo e eles não participaram da aprovação ou recusa quanto à veiculação desses conteúdos. Assim, quando a criança cresce, sua privacidade pode já estar violada.

OTONI, A. C. O Globo, 31 mar. 2015 (adaptado).

Sobre o compartilhamento parental excessivo em mídias sociais, o texto destaca como impacto o(a)

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O texto aborda a exposição excessiva dos filhos pequenos por parte de pais da chamada “geração Y”. Tal exposição exagerada configura desrespeito precoce à intimidade das crianças cujas imagens são divulgadas.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

    O projeto DataViva consiste na oferta de dados oficiais sobre exportações, atividades econômicas, localidades e ocupações profissionais de todo o Brasil. Num primeiro momento, o DataViva construiu uma ferramenta que permitia a análise da economia mineira embasada por essa perspectiva metodológica complexa e diversa. No entanto, diante das possibilidades oferecidas pelas bases de dados trabalhadas, a plataforma evoluiu para um sistema mais completo. De maneira interativa e didática, o usuário é guiado por meio das diversas formas de navegação dos aplicativos. Além de informações sobre os produtos exportados, bem como acerca do volume das exportações em cada um dos estados e municípios do País, em poucos cliques, o interessado pode conhecer melhor o perfil da população, o tipo de atividade desenvolvida, as ocupações formais e a média salarial por categoria.

MANTOVANI, C. A. Guardião de informações. Minas faz Ciência, n. 58, jun.-jul.-ago. 2014 (adaptado).

Entre as novas possibilidades promovidas pelo desenvolvimento de novas tecnologias, o texto destaca a

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De uma ferramenta que possibilita a análise da economia de uma região, o DataViva transformou-se em uma plataforma que fornece informações sobre diversas facetas do perfil de uma localidade, possibilitando a adoção de estratégias administrativas ou econômicas.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

Menina

    A máquina de costura avançava decidida sobre o pano. Que bonita que a mãe era, com os alfinetes na boca. Gostava de olhá-la calada, estudando seus gestos, enquanto recortava retalhos de pano com a tesoura. Interrompia às vezes seu trabalho, era quando a mãe precisava da tesoura. Admirava o jeito decidido da mãe ao cortar pano, não hesitava nunca, nem errava. A mãe sabia tanto! Tita chamava-a de ( ) como quem diz ( ). Tentava não pensar as palavras, mas sabia que na mesma hora da tentativa tinha-as pensado. Oh, tudo era tão difícil. A mãe saberia o que ela queria perguntar-lhe intensamente agora quase com fome depressa depressa antes de morrer, tanto que não se conteve e — Mamãe, o que é desquitada? — atirou rápida com uma voz sem timbre. Tudo ficou suspenso, se alguém gritasse o mundo acabava ou Deus aparecia — sentia Ana Lúcia. Era muito forte aquele instante, forte demais para uma menina, a mãe parada com a tesoura no ar, tudo sem solução podendo desabar a qualquer pensamento, a máquina avançando desgovernada sobre o vestido de seda brilhante espalhando luz luz luz.

ÂNGELO, I. Menina. In: A face horrível. São Paulo: Lazuli, 2017.

Escrita na década de 1960, a narrativa põe em evidência uma dramaticidade centrada na

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O evento que provoca a dramaticidade na cena descrita — a ponto de provocar suspensão das ações da mãe e o desgoverno da máquina de costura — é a pergunta feita pela criança a respeito da significação da palavra “desquitada”. O impacto se deve ao estigma social que recai sobre esse tipo de mulher.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

TEXTO I

A promessa da felicidade

JU LOYOLA. The promise of happiness. LOYOLA, J. Disponível em: http://ladyscomics.com.br. Acesso em: 8 dez. 2018 (adaptado).

TEXTO II

Quadrinista surda faz sucesso na CCXP com narrativas silenciosas

    A área de artistas independentes da Comic Con Experience (CCXP) deste ano é a maior da história do evento geek, são mais de 450 quadrinistas e ilustradores no Artistsꞌ Alley.

    E a diversidade vai além do estilo das HQ. Em uma das mesas na fila F, senta a quadrinista com deficiência auditiva Ju Loyola, com suas histórias que classifica como “narrativas silenciosas”. São histórias que podem ser compreendidas por crianças e adultos, e pessoas de qualquer nacionalidade, pelo simples motivo de não terem uma única palavra.

    A artista não escreve roteiros convencionais para suas obras. Sua experiência de ter que entender a comunicação pelo que vê faz com que ela se identifique muito mais com o que observa do que com o que as pessoas dizem.

    E basta folhear suas obras que fica claro que elas não são histórias em quadrinhos que perderam as palavras, mas sim que ganharam uma nova perspectiva.

Disponível em: https://catracalivre.com.br. Acesso em: 8 dez. 2018 (adaptado).

O Texto I exemplifica a obra de uma artista surda, que promove uma experiência de leitura inovadora, divulgada no Texto II. Independentemente de seus objetivos, ambos os textos

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Ambos os textos remetem ao processo de acessibilidade de leitura. O primeiro o exemplifica, enquanto o segundo informa sobre ele.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

    HELOÍSA: Faz versos?

    PINOTE: Sendo preciso... Quadrinhas... Acrósticos...

    Sonetos... Reclames.

    HELOÍSA: Futuristas?

    PINOTE: Não senhora! Eu já fui futurista. Cheguei a acreditar na independência... Mas foi uma tragédia! Começaram a me tratar de maluco. A me olhar de esguelha. A não me receber mais. As crianças choravam em casa. Tenho três filhos. No jornal também não pagavam, devido à crise. Precisei viver de bicos. Ah! Reneguei tudo. Arranjei aquele instrumento (Mostra a faca) e fiquei passadista.

ANDRADE, O. O rei da vela. São Paulo: Globo, 2003.

O fragmento da peça teatral de Oswald de Andrade ironiza a reação da sociedade brasileira dos anos 1930 diante de determinada vanguarda europeia. Nessa visão, atribui-se ao público leitor uma postura

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O público demonstra seu conservadorismo ao reagir negativamente à expressão futurista e pretender retornar a estilos passadistas.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

Disponível em: www.essl.pt. Acesso em: 9 maio 2019 (adaptado).

Essa campanha se destaca pela maneira como utiliza a linguagem para conscientizar a sociedade da necessidade de se acabar com o bullying. Tal estratégia está centrada no(a)

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O texto educativo está dividido em 3 partes, cada uma voltada a um agente (vítima, amigo da vítima e agressor), orientando-os sobre como agir para minimizar os efeitos do bullying, sendo, portanto, gênero injuntivo dividido de acordo com os atores sociais.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

Esporte e cultura: análise acerca da esportivização de práticas corporais nos jogos indígenas

    Nos Jogos dos Povos Indígenas, observa-se que as práticas corporais realizadas envolvem elementos tradicionais (como as pinturas e adornos corporais) e modernos (como a regulamentação, a fiscalização e a padronização). O arco e flecha e a lança, por exemplo, são instrumentos tradicionalmente utilizados para a caça e a defesa da comunidade na aldeia. Na ocasião do evento, esses artefatos foram produzidos pela própria etnia, porém sua estruturação como “modalidade esportiva” promoveu uma semelhança entre as técnicas apresentadas, com o sentido único da competição.

ALMEIDA, A. J. M.; SUASSUNA, D. M. F. A. Pensar a prática, n. 1, jan.-abr. 2010 (adaptado).

A relação entre os elementos tradicionais e modernos nos Jogos dos Povos Indígenas desencadeou a

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Práticas tradicionais indígenas, como o arco e flecha, originalmente com objetivo de caça ou defesa, são adaptadas por elementos modernos, como regulação,fiscalização, para a criação dos Jogos dos Povos Indígenas, a fim de legitimá-los como modalidade esportiva.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

    1. Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito da energia e da temeridade.

    2. A coragem, a audácia, a rebelião serão elementos essenciais de nossa poesia.

    3. A literatura exaltou até hoje a imobilidade pensativa, o êxtase, o sono. Nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, o passo decorrida, o salto mortal, o bofetão e o soco.

    4. Nós afirmamos que a magnificência do mundo enriqueceu-se de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida com seu cofre enfeitado com tubos grossos, semelhantes a serpentes de hálito explosivo... um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais bonito que a Vitória de Samotrácia.

    5. Nós queremos entoar hinos ao homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada também numa corrida sobre o circuito da sua órbita.

    6. É preciso que o poeta prodigalize com ardor, fausto e munificiência, para aumentar o entusiástico fervor dos elementos primordiais.

MARINETTI, F. T. Manifesto futurista. In: TELES, G. M. Vanguardas europeias e Modernismo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1985.

O documento de Marinetti, de 1909, propõe os referenciais estéticos do Futurismo, que valorizam a

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O Futurismo propõe a incorporação das novidades tecnológicas à arte. Nesse manifesto, a passagem “... um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais bonito que a Vitória de Samotrácia” evidencia a apologia ao mundo moderno, tecnológico.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

    Ela nasceu lesma, vivia no meio das lesmas, mas não estava satisfeita com sua condição. Não passamos de criaturas desprezadas, queixava-se. Só somos conhecidas por nossa lentidão. O rastro que deixaremos na História será tão desprezível quanto a gosma que marca nossa passagem pelos pavimentos.

    A esta frustração correspondia um sonho: a lesma queria ser como aquele parente distante, o escargot. O simples nome já a deixava fascinada: um termo francês, elegante, sofisticado, um termo que as pessoas pronunciavam com respeito e até com admiração. Mas, lembravam as outras lesmas, os escargots são comidos, enquanto nós pelo menos temos chance de sobreviver. Este argumento não convencia a insatisfeita lesma, ao contrário: preferiria exatamente terminar sua vida desta maneira, numa mesa de toalha adamascada, entre talheres de prata e cálices de cristal. Assim como o mar é o único túmulo digno de um almirante batavo, respondia, a travessa de porcelana é a única lápide digna dos meus sonhos.

SCLIAR, M. Sonho de lesma. In: ABREU, C. F. et al. A prosa do mundo. São Paulo: Global, 2009.

Incorporando o devaneio da personagem, o narrador compõe uma alegoria que representa o anseio de

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A alegoria da lesma, que sonha em se tornar escargot, representa algo inalcançável (utopia) que se deseja atingir/realizar.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

A ciência do Homem-Aranha

    Muitos dos superpoderes do querido Homem-Aranha de fato se assemelham às habilidades biológicas das aranhas e são objeto de estudo para produção de novos materiais.

    O “sentido-aranha” adquirido por Peter Parker funciona quase como um sexto sentido, uma espécie de habilidade premonitória e, por isso, soa como um mero elemento ficcional. No entanto, as aranhas realmente têm um sentido mais aguçado. Na verdade, elas têm um dos sistemas sensoriais mais impressionantes da natureza.

    Os pelos sensoriais das aranhas, que estão espalhados por todo o corpo, funcionam como uma forma muito boa de perceber o mundo e captar informações do ambiente. Em muitas espécies, esse tato por meio dos pelos tem papel mais importante que a própria visão, uma vez que muitas aranhas conseguem prender e atacar suas presas na completa escuridão. E por que os pelos humanos não são tão eficientes como órgãos sensoriais como os das aranhas? Primeiro, porque um ser humano tem em média 60 fios de pelo em cada cm² do corpo, enquanto algumas espécies de aranha podem chegar a ter 40 mil pelos por cm²; segundo, porque cada pelo das aranhas possui até 3 nervos para fazer a comunicação entre a sensação percebida e o cérebro, enquanto nós, seres humanos, temos apenas 1 nervo por pelo.

Disponível em: http://cienciahoje.org.br. Acesso em: 11 dez. 2018 (adaptado).

Como estratégia de progressão do texto, o autor simula uma interlocução com o público leitor ao recorrer à

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A simulação de interlocução no texto ocorre por meio da pergunta, que pode ser considerada retórica por não esperar de fato uma resposta, utilizada como recurso de progressão textual, na qual o autor emula uma possível dúvida do leitor para conduzir a discussão.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

Disponível em: http://epoca.globo.com. Acesso em: 20 mar. 2014.

De acordo com esse infográfico, as redes sociais estimulam diferentes comportamentos dos usuários que revelam

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As ações expostas pelo infográfico revelam, ironicamente, comportamentos exagerados e incoerentes de usuários da internet. Essas atitudes, devido à exposição pretensiosa e sem visão crítica, podem ser tachadas de ridículas.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

O que é software livre

    Software livre é qualquer programa de computador construído de forma colaborativa, via internet, por uma comunidade internacional de desenvolvedores independentes. São centenas de milhares de hackers, que negam sua associação com os “violadores de segurança”. Esses desenvolvedores de software se recusam a reconhecer o significado pejorativo do termo e continuam usando a palavra hacker para indicar “alguém que ama programar e que gosta de ser hábil e engenhoso”. Além disso, esses programas são entregues à comunidade com o código fonte aberto e disponível, permitindo que a ideia original possa ser aperfeiçoada e devolvida novamente à comunidade. Nos programas convencionais, o código de programação é secreto e de propriedade da empresa que o desenvolveu, sendo quase impossível decifrar a programação.

    O que está em jogo é o controle da inovação tecnológica. Software livre é uma questão de liberdade de expressão e não apenas uma relação econômica. Hoje existem milhares de programas alternativos construídos dessa forma e uma comunidade de usuários com milhões de membros no mundo.

BRANCO, M. Software livre e desenvolvimento social e económico. In: CASTELLS, M.; CARDOSO, G. (Org). A sociedade em rede: do conhecimento à acção política. Lisboa: Imprensa Nacional, 2005 (adaptado).

A criação de softwares livres contribui para a produção do conhecimento na sociedade porque

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Um software livre é um programa de computador desenvolvido de forma independente, que não protege seu código-fonte, permitindo assim amplo acesso dos usuários e a possibilidade de adaptações e melhorias na programação, configurando, assim, um processo democrático e coletivo.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

TEXTO I

    O Estatuto do Idoso completou 15 anos em 2018 e só no primeiro semestre o Disque 100 recebeu 16 mil denúncias de violação de direitos dos idosos em todo o País.

    Para especialistas da área, o aumento no número de denúncias pode ser consequência do encorajamento dos mais velhos na busca pelos direitos. Mas também pode refletir uma onda crescente de violência na sociedade e dentro das próprias famílias.

    Políticas públicas mais eficazes no atendimento ao idoso são o mínimo que um país deve estabelecer. O Brasil está ficando para trás e é preciso levar em consideração que o País envelhece (tendência mundial) sem estar preparado para arcar com os desafios, como criar uma rede de proteção, preparar os serviços de saúde pública e dar suporte às famílias que precisam cuidar de seus idosos dependentes.

Disponível em: www.folhadelondrina.com.br. Acesso em: 9 dez. 2018 (adaptado).

TEXTO II

Disponível em: www.brasil.gov.br. Acesso em: 9 dez. 2018.

Na comparação entre os textos, conclui-se que as regras do Estatuto do Idoso

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Os textos I e II apresentam elementos que contrastam com a realidade social do idoso brasileiro, seja pela necessidade de fortalecimento das políticas públicas de atendimento ao idoso (texto II), seja pelo que preceitua o Estatuto do Idoso e a Constituição Federal (texto I).


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

Educação para a saúde mediante programas de educação física escolar

    A educação para a saúde deverá ser alcançada mediante interação de ações que possam envolver o próprio homem mediante suas atitudes frente às exigências ambientais representadas pelos hábitos alimentares, estado de estresse, opções de lazer, atividade física, agressões climáticas etc. Dessa forma, parece evidente que o estado de ser saudável não é algo estático. Pelo contrário, torna-se necessário adquiri-lo e construí-lo de forma individualizada constantemente ao longo de toda a vida, apontando para o fato de que saúde é educável e, portanto, deve ser tratada não apenas com base em referenciais de natureza biológica e higienista, mas sobretudo em um contexto didático-pedagógico.

GUEDES, D. P. Motriz, n. 1, 1999.

A educação para a saúde pressupõe a adoção de comportamentos com base na interação de fatores relacionados à

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A educação para a saúde, segundo o texto, envolve práticas como “atitudes frente às exigências ambientais representadas pelos hábitos alimentares, estado de estresse, opções de lazer, atividade física, agressões climáticas”, que constituem hábitos saudáveis.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

    Os subúrbios do Rio de Janeiro foram a primeira coisa a aparecer no mundo, antes mesmo dos vulcões e dos cachalotes, antes de Portugal invadir, antes do Getúlio Vargas mandar construir casas populares. O bairro do Queím, onde nasci e cresci, é um deles. Aconchegado entre o Engenho Novo e Andaraí, foi feito daquela argila primordial, que se aglutinou em diversos formatos: cães soltos, moscas e morros, uma estação de trem, amendoeiras e barracos e sobrados, botecos e arsenais de guerra, armarinhos e bancas de jogo do bicho e um terreno enorme reservado para o cemitério. Mas tudo ainda estava vazio: faltava gente.

    Não demorou. As ruas juntaram tanta poeira que o homem não teve escolha a não ser passar a existir, para varrê-las. À tardinha, sentar na varanda das casas e reclamar da pobreza, falar mal dos outros e olhar para as calçadas encardidas de sol, os ônibus da volta do trabalho sujando tudo de novo.

HERINGER, V. O amor dos homens avulsos. São Paulo: Cia. das Letras, 2016.

Traçando a gênese simbólica de sua cidade, o narrador imprime ao texto um sentido estético fundamentado na

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O sentido estético do trecho fundamenta-se nas imagens caricatas, que se observam na descrição irônica da paisagem do bairro do Queím, como se nota, por exemplo, nas expressões “feito daquelaargila primordial”, indicativa de “elevação” do bairro, associadas a vocábulos como “moscas”, “barracos” e “botecos”. Esse estilo estereotipado indica a deterioração dessa localidade periférica.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

    A rede é, antes de tudo, um instrumento de comunicação entre pessoas, um laço virtual em que as comunidades auxiliam seus membros a aprender o que querem saber. Os dados não representam senão a matéria-prima de um processo intelectual e social vivo, altamente elaborado. Enfim, toda inteligência coletiva do mundo jamais dispensará a inteligência pessoal, o esforço individual e o tempo necessário para aprender, pesquisar, avaliar e integrar-se a diversas comunidades, sejam elas virtuais ou não. A rede jamais pensará em seu lugar, fique tranquilo.

LÉVY, P. A máquina universo: criação, cognição e cultura informática. Porto Alegre: Artmed, 1998.

No contexto das novas tecnologias de informação e comunicação, a circulação de saberes depende da

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O comando da questão pede uma solução que não afete a produtividade da agricultura moderna.Tendo em vista os sistemas agroecológicos, existem formas de realizar um controle biológico, a fim de reduzir as pragas, sem afetar as outras espécies como os agrotóxicos químicos fazem.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

TEXTO I

Estratos

    Na passagem de uma língua para outra, algo sempre permanece, mesmo que não haja ninguém para se lembrar desse algo. Pois um idioma retém em si mais memórias que os seus falantes e, como uma chapa mineral marcada por camadas de uma história mais antiga do que aquela dos seres viventes, inevitavelmente carrega em si a impressão das eras pelas quais passou. Se as “línguas são arquivos da história”, elas carecem de livros de registro e catálogos. Aquilo que contêm pode apenas ser consultado em parte, fornecendo ao pesquisador menos os elementosde uma biografia do que um estudo geológico de uma sedimentação realizada em um período sem começo ou sem fim definido.

HELLER-ROAZEN, D. Ecolalias: sobre o esquecimento das línguas. Campinas: Unicamp, 2010.

TEXTO II

    Na reflexão gramatical dos séculos XVI e XVII, a influência árabe aparece pontualmente, e se reveste sobretudo de item bélico fundamental na atribuição de rudeza aos idiomas português e castelhano por seus respectivos detratores. Parecer com o árabe, assim, é uma acusação de dessemelhança com o latim.

SOUZA, M. P. Linguística histórica. Campinas: Unicamp, 2006.

Relacionando-se as ideias dos textos a respeito da história e memória das línguas, quanto à formação da língua portuguesa, constata-se que

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O texto I afirma que as palavras carregam em si “mais memórias que os seus falantes”, apontando para a construção histórica dos sentidos dos vocábulos. O texto II exemplifica esse processo ao citar o caráter ofensivo dado à influência do árabe, nos séculos XVI e XVII, pois “parecer com o árabe, assim, é uma acusação de dessemelhança com o latim.”


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

Uma ouriça

    Se o de longe esboça lhe chegar perto,

    se fecha (convexo integral de esfera),

    se eriça (bélica e multiespinhenta):

    e, esfera e espinho, se ouriça à espera.

    Mas não passiva (como ouriço na loca);

    nem só defensiva (como se eriça o gato);

    sim agressiva (como jamais o ouriço),

    do agressivo capaz de bote, de salto

    (não do salto para trás, como o gato):

    daquele capaz de salto para o assalto.

    Se o de longe lhe chega em (de longe),

    de esfera aos espinhos, ela se desouriça.

    Reconverte: o metal hermético e armado

    na carne de antes (côncava e propícia),

    e as molas felinas (para o assalto),

    nas molas em espiral (para o abraço).

MELO NETO, J. C. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

Com apuro formal, o poema tece um conjunto semântico que metaforiza a atitude feminina de

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O título atribui à palavra “ouriço” o gênero feminino e fala, então, de uma “ouriça” que de longe assume uma postura retraída e resiste (tenaz), mas que se reconverte em uma atitude de abertura ao elemento que se aproximando (brandura).


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

Disponível em: www.acnur.org. Acesso em: 11 dez. 2018.

Nesse cartaz, o uso da imagem do calçado aliada ao texto verbal tem o objetivo de

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A imagem do calçado é uma campanha da Prefeitura de São Paulo que possui o objetivo de conscientizar a população sobre as pessoas em situação de refúgio. Nesse sentido, simboliza a necessidade dos cidadãos paulistas à causa social.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

Blues da piedade

    Vamos pedir piedade

    Senhor, piedade

    Pra essa gente careta e covarde

    Vamos pedir piedade

    Senhor, piedade

    Lhes dê grandeza e um pouco de coragem

CAZUZA. Cazuza: o poeta não morreu. Rio de Janeiro: Universal Music, 2000 (fragmento).

Todo gênero apresenta elementos constitutivos que condicionam seu uso em sociedade. A letra de canção identifica-se com o gênero ladainha, essencialmente, pela utilização da sequência textual

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O gênero ladainha, prece, é caracterizado pela invocação de uma divindade, expressa no texto pela repetição do vocativo “Senhor”.


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(ENEM 2019 - 1ª Aplicação).

    Com o enredo que homenageou o centenário do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, a Unidos da Tijuca foi coroada no Carnaval 2012.

    A penúltima escola a entrar na Sapucaí, na segunda noite de desfiles, mergulhou no universo do cantor e compositor brasileiro e trouxe a cultura nordestina com criatividade para a Avenida, com o enredo O dia em que toda a realeza desembarcou na Avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão.

Disponível em: www.cultura.rj.gov.br. Acesso em: 15 maio 2012 (adaptado).

A notícia relata um evento cultural que marca a

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O mote do Carnaval da Unidos da Tijuca de 2012 foi a história de Luiz Gonzaga, o Reio do Baião, havendo, portanto, a inter-relação entre dois gêneros musicais: o samba, que acompanha o desfile carnavalesco, e o baião, ritmo consagrado pelo artista homenageado pelo samba-enredo.




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