Quiz 34: PORTUGUÊS - 3ª Série - Ensino Médio
Leia os textos abaixo e responda as questões 01, 02, 03, 04 e 05.
Texto 1
A interferência do tempo
Há quem diga que o tempo não existe, que somos nós que o inventamos e tentamos controlá-lo com nossos relógios e calendários. [...] Se o tempo não existe, eu existo. Se o tempo não passa, eu passo. E não é só o espelho que me dá a certeza disso.
O tempo interfere no meu olhar. Lembro do colégio em que estudei durante mais de uma década, meu primeiro contato com o mundo fora da minha casa. O pátio não era grande – era colossal. Uma espécie de superfície lunar sem horizontes à vista, assim eu o percebia aos sete anos de idade. [...] Os corredores eram passarelas infinitas, as janelas pareciam enormes portões de vidro, eu me sentia na terra dos gigantes. Volto, depois de muitos anos, para visitá-lo e descubro que ele continua sendo um colégio grande, mas nem o pátio, nem os corredores, nem as escadas, nada tem o tamanho que parecia ter antes. O tempo ajustou minhas retinas e deu proporção às minhas ilusões. [...]
Talvez seja esta a prova da sua existência: o tempo altera o tamanho das coisas. Uma rua da infância, que exigia muitas pedaladas para ser percorrida, hoje é atravessada em poucos passos. [...] A gente vai crescendo e vê tudo do tamanho que é, sem a condescendência da fantasia.
E ainda nem mencionei as coisas que realmente foram reduzidas: apartamentos [...], carros [...], conversas telegráficas, livros de bolso [...]. Todo aquele espaço da infância, em que cabia com folga nossa imaginação e inocência, precisa hoje se adaptar ao micro, ao mínimo, a uma vida funcional.
Eu cresci. Por dentro e por fora [...]. Sou gente grande, como se diz por aí. E o mundo à minha volta, à nossa volta, virou aldeia, somos todos vizinhos [...]. Saudade de uma alegria descomunal, de uma esperança gigantesca, de uma confiança do tamanho do futuro — quando o futuro também era infinito à nossa frente.
MEDEIROS, Martha. Coisas da vida. Porto Alegre: L&PM: 2006. Fragmento.
Texto 2
Crônica do tempo
[...] O Tempo e o Espaço são as dimensões onde navegamos pela vida [...]. Mas nunca podemos alcançar os seus limites. [...]
Mas dizem que o Tempo não existe em si. Realmente, ninguém jamais tocou no Tempo, num pedacinho dele sequer. [...]
Aí é que entra o Espaço: Só percebemos o Tempo ao nos deslocarmos pelo Espaço, ainda que mentalmente, o que sempre custa um certo tempo…
E o Espaço, por sua vez, também não pode ser apreendido, tocado, examinado em si. Mas somente observado/experimentado por meio do deslocamento de um objeto, ou do próprio indivíduo, nele. Ao longo do Tempo, claro!…
Espaço-Tempo: onde tudo acontece ou deixa de acontecer! Acho que Einstein se ocupou disso ao longo do tempo… [...]
[...] o Tempo-tempo pode também ser medido pela nossa subjetividade. E aí ele é um fenômeno psicológico.
Cada um tem o seu tempo…[...]
Agora, tento lembrar-me do que andei, fiz, experimentei, vivi nestes últimos vinte anos. [...]
TEIXEIRA, Francisco Dias. Crônica do tempo. In: Revista Cult. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3r8F39r. Acesso em: 23 mar. 2022. Fragmento.
01
(MEC-CAED - ADF).
Uma informação comum a esses dois textos é
Alternativa "C".
(Créditos da resolução: ??.)
06
(MEC-CAED - ADF).
Leia o texto abaixo e responda as questões 06 e 07.
Tieta do agreste
Josafá, [...] de olhar arteiro, ouve o pai falando das cabras e do bode, sabe quanto lhe custa a decisão finalmente tomada [...]. Ainda adolescente, a exemplo dos demais rapazes de Agreste, Josafá abandonara os pais e a casa [...], rumando para o sul. Começara varrendo o armazém de seu Adriano, em Itabuna; em dez anos chegara a sócio e realizou o sonho de sua vida: adquiriu uma roça de cacau, pequena ainda, produzindo por volta de quinhentas arrobas, mas um bom começo. Isso, sim, valia a pena, lavoura de rico. Cultivar cacau era o mesmo que plantar ouro em pé para colher em barras, duas vezes por ano. [...]
Todos os anos, por ocasião das festas de Natal e Ano-Novo, Josafá, bom filho, visitava os pais [...].
AMADO, Jorge. Tieta do agreste. Record, Rio de Janeiro, 1977. Fragmento. Mantida a ortografia original do texto.
O contexto social a que esse texto faz referência é
Alternativa "B".
(Créditos da resolução: ??.)
Leia os textos abaixo e responda as questões 08 e 09.
Texto 1
As ruas
No tempo
em que havia ruas,
ao fim da tarde
minha mãe nos convocava:
era a hora do regresso.
E a rua entrava
conosco em casa.
Tanto o Tempo
morava em nós
que dispensávamos futuro.
Recolhida em meu quarto,
a cidade adormecia
no mesmo embalo da nossa mãe.
À entrada da cama,
eu sacudia a areia dos sonhos
e despertava vidas além.
Entre casa e mundo
nenhuma porta cabia:
que fechadura encerra
os dois lados do infinito?
COUTO, Mia. Poemas escolhidos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
Texto 2
Brincar na rua
Tarde?
O dia dura menos que um dia.
O corpo ainda não parou de brincar
e já estão chamando da janela:
É tarde.
Ouço sempre este som: é tarde, é tarde.
A noite chega de manhã?
Só existe a noite e seu sereno?
O mundo não é mais depois das cinco?
É tarde.
A sombra me proíbe.
Amanhã, mesma coisa.
Sempre tarde antes de ser tarde.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Brincar na rua. Disponível em: https://bit.ly/3NaYkAs. Acesso em: 21 mar. 2022.
08
(MEC-CAED - ADF).
Esses textos são semelhantes, pois
Alternativa "D".
(Créditos da resolução: ??.)
Leia o texto abaixo e responda as questões 10, 11 e 12.
A avó, a cidade e o semáforo
Quando ouviu dizer que eu ia à cidade, Vovó Ndzima emitiu as maiores suspeitas: — E vai ficar em casa de quem?
— Fico no hotel, avó.
— Hotel? Mas é casa de quem?
Explicar, como? Ainda assim, ensaiei: de ninguém, ora. [...] Ou melhor, avó: é de quem paga — palavreei, para a tranquilizar.
Porém, só agravei. — Um lugar de quem paga? [...] A mim me tinha cabido um prémio [...]. Eu tinha sido o melhor professor rural. E o prémio era visitar a grande cidade. Quando, em casa, anunciei a boa nova, a minha mais-velha não se impressionou com meu orgulho. E franziu a voz: — E, lá, quem lhe faz o prato?
— Um cozinheiro, avó.
— Como se chama esse cozinheiro? Ri, sem palavra. Mas, para ela, não havia riso, nem motivo. Cozinhar é o mais privado e arriscado acto. [...] Como podia eu deixar essa tarefa, tão íntima, ficar em mão anónima? Nem pensar, nunca tal se viu, sujeitar-se a um cozinhador de que nem o rosto se conhece.
— Cozinhar não é serviço, meu neto — disse ela. — Cozinhar é um modo de amar os outros.
Ainda tentei desviar-me, ganhar uma distracção. Mas as perguntas se somavam, sem fim.
[...] Não ter família, lá na cidade, era coisa que não lhe cabia. A pessoa viaja é para ser esperado, do outro lado a mão de gente que é nossa, com nome e história. Como um laço que pede as duas pontas. Agora, eu dirigir-me para lugar incógnito onde se deslavavam os nomes! Para a avó, um país estrangeiro começa onde já não reconhecemos parente. [...]
COUTO, Mia. O fio das miçangas. Companhia das Letras, 2009. Fragmento. Mantida a ortografia original do item.
10
(MEC-CAED - ADF).
Nesse texto, no trecho “... que é nossa,...” (10º parágrafo), a palavra destacada substitui
Alternativa "C".
(Créditos da resolução: ??.)
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