D15: PORTUGUÊS - 3º Série - Ensino Médio
D15: Estabelecer relações lógico-discursívos presentes no texto marcadas por conjuntos, advérbios, etc.
01
(SEDUC-GO).
Leia o texto e, a seguir, responda.
As enchentes de minha infância
Sim, nossa casa era muito bonita, verde, com uma tamareira junto à varanda, mas eu invejava os que moravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para o rio. Como a casa dos Martins, como a casa dos Leão, que depois foi dos Medeiros, depois de nossa tia, casa com varanda fresquinha dando para o rio.
Quando começavam as chuvas a gente ia toda manhã lá no quintal deles ver até onde chegara a enchente. As águas barrentas subiam primeiro até a altura da cerca dos fundos, depois às bananeiras, vinham subindo o quintal, entravam pelo porão. Mais de uma vez, no meio da noite, o volume do rio cresceu tanto que a família defronte teve medo.
Então vinham todos dormir em nossa casa. Isso para nós era uma festa, aquela faina de arrumar camas nas salas, aquela intimidade improvisada e alegre. Parecia que as pessoas ficavam todas contentes, riam muito; como se fazia café e se tomava café tarde da noite! E às vezes o rio atravessava a rua, entrava pelo nosso porão, e me lembro que nós, os meninos, torcíamos para ele subir mais e mais. Sim, éramos a favor da enchente, ficávamos tristes de manhãzinha quando, mal saltando da cama, íamos correndo para ver que o rio baixara um palmo — aquilo era uma traição, uma fraqueza do Itapemirim. Às vezes chegava alguém a cavalo dizia que lá, para cima do Castelo, tinha caído chuva muita, anunciava águas nas cabeceiras, então dormíamos sonhando que a enchente ia outra vez crescer, queríamos sempre que aquela fosse a maior de todas as enchentes.
BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 3. ed. Record: Rio de Janeiro, 1990.
“Quando começavam as chuvas a gente ia toda manhã lá no quintal deles ver até onde chegara a enchente.” O termo destacado estabelece uma relação de:
02
(SEDUC-GO).
Leia o texto e, a seguir, responda.
Tristeza do infinito
Cruz e Sousa
Anda em mim, soturnamente,
uma tristeza ociosa,
sem objetivo, latente,
vaga, indecisa, medrosa.
Como ave torva e sem rumo,
ondula, vagueia, oscila
e sobe em nuvens de fumo
e na minh'alma se asila.
Uma tristeza que eu, mudo,
fico nela meditando
e meditando, por tudo
e em toda a parte sonhando.
Tristeza de não sei donde,
de não sei quando nem como...
[...]
No trecho "Tristeza de não sei donde", o termo destacado dá ideia de
03
(SEDUC-GO).
Leia o texto e, a seguir, responda.
A regra geral básica da conversação é: fala um de cada vez. Pois, na medida em que nem todos falam ao mesmo tempo (em geral um espera o outro concluir) e um só não fala o tempo todo (os falantes se alternam), é sugestivo imaginar a distribuição de turnos entre os falantes como um fator disciplinador da atividade conversacional.
Luiz Antônio Marcuschi
No trecho do texto “pois, na medida em que nem todos falam ao mesmo tempo...”, a expressão destacada da ideia de
04
(SEDUC-GO).
Leia o texto e, a seguir, responda as questões 04 e 05.
O Anel de Vidro
Manuel Bandeira
Aquele pequenino anel que tu me deste,
— Ai de mim — era vidro e logo se quebrou
Assim também o eterno amor que prometeste,
— Eterno! era bem pouco e cedo se acabou.
Frágil penhor que foi do amor que me tiveste,
Símbolo da afeição que o tempo aniquilou, —
Aquele pequenino anel que tu me deste,
— Ai de mim — era vidro e logo se quebrou
Não me turbou, porém, o despeito que investe
Gritando maldições contra aquilo que amou.
De ti conservo no peito a saudade celeste
Como também guardei o pó que me ficou
Daquele pequenino anel que tu me deste.
Disponível em: https://www.revistabula.com/564-os-10- melhores-poemas-de-manuel-bandeira/>. Acesso em: 05 nov. 2018.
No verso “assim também o eterno amor que prometeste”, a expressão destacada estabelece, com o verso anterior, uma relação de
06
(SAERO).
Leia o texto abaixo e responda.
Esse Eça!
Talvez por ter nascido sem pai, talvez por ter sido um menino solitário, talvez porque ainda não havia televisão nem videogame, ou talvez porque fosse mesmo tímido, logo que pude decifrar as “formiguinhas pretas”, meu lazer passou a ser a leitura. Nada de “estudo”, nada de “busca do saber”. Ler para sonhar, para sentir-me na pele dos protagonistas, para me divertir mesmo.
Quanto dessas leituras habita ainda em mim!
Mas, pulando Lobato e os queridos autores de literatura juvenil, lembro-me de O suave milagre, do escritor português Eça de Queirós. Que impacto! Eu lia e relia o conto, lágrimas, frissons, emoções que acredito nunca mais ter conseguido sentir ao ler um texto. [...] O suave milagre continua como uma das minhas narrativas favoritas. Que conto! Esse Eça!
BANDEIRA, Pedro. Carta Fundamental, fev. 2011. Fragmento.
No trecho “... logo que pude decifrar as ‘formiguinhas pretas’”, a expressão destacada estabelece uma relação
07
(SAEPE).
Leia o texto abaixo e responda.
Diários
Os livros que mais me falam são os diários. Diários são registros de experiências comuns acontecidas na simplicidade do cotidiano, experiências que provavelmente nunca se transformaram em livros. Não foram registradas para ser dadas a público. Quem as registrou, as registrou para si mesmo — como se desejasse capturar um momento efêmero que, se não fosse registrado, se perderia em meio à avalanche de banalidades que nos enrola e nos leva de roldão. Esse é o caso do Cadernos da Juventude, de Camus, um dos livros que mais amo, e que leio e releio sem nunca me cansar. Um “diário” é uma tentativa de preservar para a eternidade o que não passou de um momento. Álbuns de retratos da intimidade. Pois eu fiz um “Diário”: pensamentos breves que pensei ao correr da vida e dos quais não me esqueci. Pensamentos são como pássaros que vêm quando querem e pousam em nosso ombro. Não, eles não vêm quando os chamamos. Vêm quando desejam vir. E se não os registramos, voam para nunca mais. Isso acontece com todo mundo. Só que as pessoas, achando que a literatura se faz com pássaros grandes e extraordinários, tucanos e pavões, não ligam para as curruíras e tico-ticos... Mas é precisamente com curruíras e tico-ticos que a vida é feita.
ALVES, Rubem. Quarto de Badulaques. São Paulo: Parábola, 2003, p. 51.
No trecho “Um ‘diário’ é uma tentativa de preservar para a eternidade o que não passou de um momento.”, o autor usou as palavras destacadas para exprimir ideia de
09
(SAEPE).
Leia o texto abaixo e responda.
Amor
Um pouco cansada, com as compras deformando o novo saco de tricô, Ana subiu no bonde. Depositou o volume no colo e o bonde começou a andar. Recostou-se então no banco procurando conforto, num suspiro de meia satisfação.
Os filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si, malcriados, instantes cada vez mais completos. A cozinha era enfim espaçosa, o fogão enguiçado dava estouros. O calor era forte no apartamento que estavam aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mão, não outras, mas essas apenas. E cresciam árvores. Crescia sua rápida conversa com o cobrador de luz, crescia a água enchendo o tanque, cresciam seus filhos, crescia a mesa com comidas, o marido chegando com os jornais e sorrindo de fome, o canto importuno das empregadas do edifício. Ana dava a tudo, tranquilamente, sua mão pequena e forte, sua corrente de vida.
Certa hora da tarde era mais perigosa. Certa hora da tarde as árvores que plantara riam dela. Quando nada mais precisava de sua força, inquietava-se. No entanto sentia-se mais sólida do que nunca, seu corpo engrossara um pouco e era de se ver o modo como cortava blusas para os meninos, a grande tesoura dando estalidos na fazenda. Todo o seu desejo vagamente artístico encaminhara-se há muito no sentido de tornar os dias realizados e belos; com o tempo, seu gosto pelo decorativo se desenvolvera e suplantara a íntima desordem. Parecia ter descoberto que tudo era passível de aperfeiçoamento, a cada coisa se emprestaria uma aparência harmoniosa; a vida podia ser feita pela mão do homem.
LISPECTOR, Clarice. Laços de Família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 19. Fragmento.
No trecho “Como um lavrador.” (2° parágrafo), a palavra destacada estabelece relação de
10
(BPW).
Leia o texto, abaixo e responda.
O Eco
(Autor Desconhecido)
Pai e filho caminhavam por uma montanha. De repente o menino cai e grita: “Aaaaaaiii!!!”
Para a sua surpresa, escuta a voz repetir-se, em algum lugar da montanha: “Aaaaaaiii!!!”.
Curioso, pergunta “quem és?” e recebe como resposta “quem és?” Contrariado, grita, “covarde!” e a resposta é “covarde!”.
Então, olha para o pai e pergunta, aflito: “O que é isso?”
O pai sorri e fala “Filho, presta atenção”. E grita em direção à montanha: “Eu admiro-te!!!” e a voz responde: “Eu admiro-te!!!” .De novo o homem grita: “És um campeão!” e a voz responde “És um campeão!”.
O menino fica espantado. Não entende. O pai explica:
— As pessoas chamam a isto eco, mas na verdade isso é a vida. Ela nos dá de volta tudo o que dizemos. Nossa vida é o reflexo de nossas ações.
Disponível em: http://www.via6.com/topico/38684/ textos-curtos-de-autores-que-gostamos> Acesso em: 10 mar. 2011.
No fragmento “Então, olha para o pai e pergunta, aflito:...”, (4° parágrafo) a palavra destacada expressa ideia de
11
(SAEPI).
Leia o texto abaixo.
O Peixe
Tendo por berço o lago cristalino
Folga o peixe a nadar todo inocente
Medo ou receio do porvir não sente
Pois vive incauto do fatal destino
Se na ponta de um fio longo e fino
A isca avista, ferra-o, inconsciente
Ficando o pobre peixe, de repente
Preso ao anzol do pescador ladino
O camponês também do nosso estado
Daquele peixe tem a mesma sorte
Antes do pleito festa, riso e gosto
Depois do pleito, imposto e mais imposto
Pobre matuto do sertão do norte
Disponível em: http://www.revista.agulha .nom.br/anton07.html>. Acesso em: 25 nov. 09.
No trecho “Pois vive incauto do fatal destino” (v. 4), a palavra destacada dá ideia de
12
(SAEPE).
Leia o texto abaixo e responda.
Pônei glutão
Toda criança gosta de comer alguma porcaria, né? Algumas, no entanto, exageram nos doces, frituras e guloseimas. Esse é o caso do britânico Magic, de 4 anos de idade.
A única diferença é que Magic não é uma criança, mas sim um pônei. Magic é viciado em comer macarrão instantâneo! O vício começou quando Zoe Foulis, a dona de Magic, preparou um macarrão instantâneo de frango com cogumelos e deixou o pote no chão para esfriar.
Não deu outra, Magic abocanhou tudinho! A partir daquele dia, o vício só aumentou. Outro vício que o pequeno pônei sustenta é tomar suco de laranja.
Disponível em: http://noticias.r7.com/esquisitices /noticias/ponei-glutao>. Acesso em: 4 jan. 2012.
No trecho “... Magic não é uma criança, mas sim um pônei”, (2° parágrafo) o termo em destaque estabelece com a oração anterior uma relação de