D18: PORTUGUÊS - 3º Série - Ensino Médio
D18: Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão.
01
(SEDUC-GO).
Leia o texto e, a seguir, responda.
Choro
Rubem Braga
Eram todos negros: uma viola, um clarinete, um pandeiro e uma cabaça. Juntaram-se na varandinha de uma casa abandonada e ali ficaram chorando valsas, repinicando sambas. E a gente veio se ajuntando, calada, ouvindo. Alguém mandou no botequim da esquina trazer cerveja e cachaça. E em pé na calçada, ou sentados no chão da varanda, ou nos canteiros do jardinzinho, todos ficamos em silêncio ouvindo os negros.
Os que ouviam não batiam palmas nem pediam música nenhuma; ficavam simplesmente bebendo em silêncio aquele choro, o floreio do clarinete, o repinicado vivo e triste da viola.
Só essa música que nos arrasta e prende, nos dá alegria e tristeza, nos leva a outras noites de emoções — e grátis. Ainda há boas coisas grátis, nesta cidade de coisas tão caras e de tanta falta de coisas. Grátis — um favor dos negros.
Alma grátis, poesia grátis, duas horas de felicidade grátis — sim, só da gente do povo podemos esperar uma coisa assim nesta cidade de ganância e de injustiça. Só o pobre tem tanta riqueza para dar de graça.
Texto adaptado de BRAGA, Rubem. Um pé de milho. 5 ed., Rio de Janeiro: Record, 1993, pp. 104-105.
Que efeito de sentido percebe-se no trecho “... ficavam simplesmente bebendo em silêncio aquele choro (...)”?
02
(SEDUC-GO).
Leia o texto e, a seguir, responda.
Por parte de pai
Bartolomeu Campos Queirós
Minha cama ficava no fundo do quarto. Pelas frestas da janela soprava um vento resmungando, cochichando, esfriando meus pensamentos, anunciando fantasmas. As roupas, dependuradas em cabides na parede, se transfiguravam em monstros e sombras. Deitado, enrolado, parado, imóvel, eu lia recado em cada mancha, em cada dobra, em cada sinal. O barulho do colchão de palha me arranhava. O escuro apertava minha garganta, roubava meu ar. O fio da luz terminava amarrado na cabeceira do catre. O medo assim maior do que o quarto me levava a apertar a pera de galalite e acender a luz, enfeitada com papel crepom. O claro me devolvia as coisas em seus tamanhos verdadeiros. O nariz do monstro era o cabo do guarda-chuva, o rabo do demônio o cinto do meu avô, o gigante, a capa ― Ideal cinza para os dias de chuva e frio. Então, procurava distrair meu pavor decifrando os escritos na parede, no canto da cama, tão perto de mim. Mas era minha a dificuldade de acomodar as coisas dentro de mim. Sobrava sempre um pedaço [...]
QUEIRÓS, Bartolomeu Campos. Por parte de pai. Belo Horizonte:RHJ, 1995.
No trecho, “Pelas frestas da janela soprava um vento resmungando, cochichando, esfriando meus pensamentos, anunciando fantasmas.”, o termo sublinhado sugere
03
(SEDUC-GO).
Leia o texto e, a seguir, responda.
O Anel de Vidro
Manuel Bandeira
Aquele pequenino anel que tu me deste,
— Ai de mim — era vidro e logo se quebrou
Assim também o eterno amor que prometeste,
— Eterno! era bem pouco e cedo se acabou.
Frágil penhor que foi do amor que me tiveste,
Símbolo da afeição que o tempo aniquilou, —
Aquele pequenino anel que tu me deste,
— Ai de mim — era vidro e logo se quebrou
Não me turbou, porém, o despeito que investe
Gritando maldições contra aquilo que amou.
De ti conservo no peito a saudade celeste
Como também guardei o pó que me ficou
Daquele pequenino anel que tu me deste.
Disponível em: https://www.revistabula.com/564-os-10 -melhores-poemas-de-manuel-bandeira/>. Acesso em: 05 nov. 2018.
A relação estabelecida pelo eu lírico entre o anel de vidro e o amor demonstra o quanto esse amor é
04
(SEDUC-GO).
Leia o texto e, a seguir, responda.
Manifesto da Poesia Pau-Brasil
Oswald de Andrade
A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos.
O Carnaval no Rio é o acontecimento religioso da raça. Pau-Brasil. Wagner submerge ante os cordões de Botafogo. Bárbaro e nosso. A formação étnica rica. Riqueza vegetal. O minério. A cozinha. O vatapá, o ouro e a dança.
Toda a história bandeirante e a história comercial do Brasil. O lado doutor, o lado citações, o lado autores conhecidos. Comovente. Rui Barbosa: uma cartola na Senegâmbia. Tudo revertendo em riqueza. A riqueza dos bailes e das frases feitas. Negras de Jockey. Odaliscas no Catumbi. Falar difícil.
O lado doutor. Fatalidade do primeiro branco aportado e dominando politicamente as selvas selvagens. O bacharel. Não podemos deixar de ser doutos. Doutores. País de dores anônimas, de doutores anônimos. O Império foi assim. Eruditamos tudo. Esquecemos o gavião de penacho.
A nunca exportação de poesia. A poesia anda oculta nos cipós maliciosos da sabedoria. Nas lianas da saudade universitária.
Mas houve um estouro nos aprendimentos. Os homens que sabiam tudo se deformaram como borrachas sopradas. Rebentaram.
A volta à especialização. Filósofos fazendo filosofia, críticos, critica, donas de casa tratando de cozinha.
A Poesia para os poetas. Alegria dos que não sabem e descobrem. Disponível em: http://tropicalia.com.br/leituras- complementares/manifesto- da-poesia-pau-brasil>. Acesso em: 09 nov. 2018.
Ao criar a palavra “eruditamos”, o autor pretendeu
05
(SEDUC-GO).
Leia o texto e, a seguir, responda.
A beleza total
Carlos Drummond de Andrade
A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços.
A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa.
O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito.
Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um dia cerrou os olhos para sempre. Sua beleza saiu do corpo e ficou pairando, imortal. O corpo já então enfezado de Gertrudes foi recolhido ao jazigo, e a beleza de Gertrudes continuou cintilando no salão fechado a sete chaves.
Disponível em: http://www.companhiadasletras.com.br/ trechos/13274.pdf>. Acesso em: 12 maio 2016.
No trecho “Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas.”, o autor ao utilizar a expressão destacada quis sugerir
06
(SAEPE).
Leia o texto abaixo.
Maneira de amar
O jardineiro conversava com as flores, e elas se habituaram ao diálogo. Passava manhãs contando coisas a uma cravina ou escutando o que lhe confiava um gerânio. O girassol não ia muito com sua cara, ou porque não fosse homem bonito, ou porque os girassóis são orgulhosos de natureza.
Em vão o jardineiro tentava captar-lhe as graças, pois o girassol chegava a voltar-se contra a luz para não ver o rosto que lhe sorria. Era uma situação bastante embaraçosa, que as outras flores não comentavam. Nunca, entretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra, na ocasião devida.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Maneira de amar. In: Histórias para o Rei. Rio de Janeiro: Record, 1999, p. 52.
Nesse texto, o fragmento que expressa a possível causa da antipatia do girassol pelo jardineiro é:
07
(PROEB).
Leia o texto abaixo.
Como surgiram o Dia das Mães e outros feriados comerciais?
Marina Montomura
Na verdade, o Dia das Mães não tem uma origem comercial. Desde a Grécia antiga, havia celebrações na entrada da primavera, em homenagem a Reia, mãe de Zeus e considerada matriarca de todos os deuses. Mas essa festa ancestral se perdeu, e o Dia das Mães atual só surgiu no início do século passado, nos Estados Unidos, como homenagem às mulheres que haviam perdido os filhos na Guerra Civil Americana. A americana Anna Jarvis conseguiu oficializar primeiro o feriado em sua cidade, Webster, depois no estado de Virgínia Ocidental e, em 1914, o feriado se tornou nacional em todo o país. No Brasil, a data começou a ser comemorada sob influência americana — foi introduzida pela Associação Cristã de Moços (ACM) em 1918 — e, em 1932, foi oficializada pelo presidente Getúlio Vargas. Só em 1949, a data ficou mais comercial, quando rolaram propagandas para aumentar as vendas. Outros feriados, que têm uma origem “nobre” fora do Brasil e aqui ganharam caráter mais comercial, são o Dia dos Namorados, Dia da Criança e o Dia dos Pais.
Mundo Estranho. São Paulo: Abril, ed. 87, p. 34. *Adaptado: Reforma Ortográfica.
No trecho “... o feriado se tornou nacional em todo o país.”, o termo destacado expressa
08
(PAEBES).
Leia o texto abaixo.
Longe de pendurar a chuteira
Quem solta a voz para anunciar que “o Maraca é nosso” sabe o que está dizendo. Sentado do lado oficial do Vasco (esquerdo) ou do Flamengo (direito), o torcedor que aguarda uma semana ou mais para vibrar pelo time do coração se sente em casa no Estádio Jornalista Mário Filho, popularmente conhecido como Maracanã (nome de um pássaro). Essa íntima relação provocada pelos quase 200 mil metros quadrados de complexo de lazer começou há 59 anos, quando o jornalista Mário Filho iniciou sua batalha em prol da construção de um mega estádio para a Copa do Mundo de 1950. Assim como a linha da história, que, por vezes, parece repetir, o Maracanã, inaugurado em estado inacabado para a partida entre jogadores de São Paulo e do Rio (3 a 1 para os paulistas), está prestes a respirar novos ares e entrar, novamente, para a história em 2014, quando o Brasil abrigará a Copa do Mundo. [...]
CALIXTO, Bruno. Caderno 2. Tribuna de Minas. Quarta-feira, 22 jul. 2009. p. 6.
No trecho “‘O Maraca é nosso’”, o uso da palavra destacada sugere
10
(SPAECE).
Leia o texto abaixo e responda.
Às 15:03 em 16 janeiro 2 009, Lourdes Alves disse...
Olá Carla, espero te encontrar no próximo dia 12 de fevereiro. Gosto da possibilidade do encontro presencial e tenho certeza que temos figurinhas para trocar.
Um forte abraço e bem-vinda.
Às 14:01 em 17 janeiro 2 009, Carla Amaral disse...
Sim, nem que chova canivete, vou estar presente no encontro em fevereiro.
Me encontro regularmente com César, Mara, Rachel e Marília (menos). Neste final de semana vamos juntos para Socorro... estão todos bem.
Abraços
Carla
Disponível em: http://escoladeredes.net/profiles /comment/list?attachedToType>. Acesso em: 14 jan. 2011.
A expressão “nem que chova canivete”, (5° parágrafo), sugere
11
(SEDUC-GO).
Leia o texto e, a seguir, responda.
Entre silêncios e diálogos
Bartolomeu Campos de Queirós
Havia uma desconfiança: o mundo não terminava onde os céus e a terra se encontravam. A extensão do meu olhar não podia determinar a exata dimensão das coisas. Havia o depois. Havia o lugar do sol se aninhar enquanto a noite se fazia.
Havia um abrigo para a lua enquanto era dia. E o meu coração de menino se afogava em desesperança. Eu que não era marinheiro nem pássaro — sem barco e asa.
Um dia aprendi com Lili a decifrar as letras e suas somas. E a palavra se mostrou como caminho poderoso para encurtar distância, para alcançar onde só a fantasia suspeitava, para permitir silêncio e diálogo.
Com as palavras eu ultrapassava a linha do horizonte. E o meu coração de menino se afagava em esperança. Ao virar uma página do livro, eu dobrava uma esquina, escalava uma montanha, transpunha uma maré.
Ao passar uma folha, eu frequentava o fundo dos oceanos, transpirava em desertos para, em seguida, me fazer hóspede de outros corações.
Pela leitura temperei a minha pátria, chorei sua miséria, provei de minha família, bebi de minha cidade, enquanto, pacientemente, degustei dos meus desejos e limites.
Assim, o livro passou a ser o meu porto, a minha porta, o meu cais, a minha rota. Pelo livro soube da história e criei os avessos, soube do homem e seus disfarces, soube das várias faces e dos tantos lugares de se olhar. (...) Ler é aventurar-se pelo universo inteiro.
Bartolomeu Campos de Queirós, sobre ler, escrever e outros diálogos. Belo Horizonte: Autêntica, 2012, p. 63.
No trecho, “Assim, o livro passou a ser o meu porto, a minha porta, o meu cais, a minha rota”., o autor quis enfatizar
12
(SAEPE).
Leia o texto abaixo.
A brasileira Sandra Maria Feliciano Silva, 51, moradora de Porto Velho (RO), está entre os cem candidatos pré-selecionados para uma missão que pretende colonizar Marte em 2025, informou a fundação Mars One, que organiza a expedição.
De um total inicial de mais de 202 mil candidatos inscritos em 2013, apenas cem restaram na terceira seletiva da Mars One. Uma segunda fase de seleção já havia reduzido esse número para 1.058 candidatos.
“O grande corte de candidatos é um passo importante para sabermos quem tem as qualidades certas para ir a Marte”, disse em comunicado Bas Lansdorp, cofundador e diretor-executivo da fundação.
No perfil divulgado pela Mars One, Sandra afirma ser formada em administração e direito.
Ela também é professora [...] especialista em segurança pública.
A candidata também mantém uma página no Facebook sobre aquários. Ela escreveu um livro de ficção chamado “Os Ancestrais”, publicado em dezembro passado. Entre os temas de interesse dela estão astronomia, física, biologia, administração de crise e ecologia de sistemas fechados.
Em um vídeo divulgado pela fundação, Sandra diz que tem “a coragem e o espírito certos” para participar desta missão.
Disponível em: http://migre.me/rGbRK>. Acesso em: 1 out. 2015. Fragmento.
Nesse texto, no trecho “... para participar desta missão.” (último parágrafo), a expressão destacada refere-se ao fato de