Quiz 34: PORTUGUÊS - 9° ANO
Leia o texto a seguir e responda aos itens 01, 02 e 03:
01
(Foco da aprendizagem 2 - SEDUCE-GO).
No restaurante
Carlos Drummond de Andrade
— Quero lasanha.
Aquele anteprojeto de mulher — quatro anos, no máximo, desabrochando na ultraminissaia — entrou decidido no restaurante. Não precisava de menu, não precisava de mesa, não precisava de nada.
Sabia perfeitamente o que queria. Queria lasanha. O pai, que mal acabara de estacionar o carro em uma vaga de milagre, apareceu para dirigir a operação-jantar, que é, ou era, da competência dos senhores pais.
— Meu bem, venha cá.
— Quero lasanha.
— Escute aqui, querida. Primeiro, escolhe-se a mesa.
— Não, já escolhi. Lasanha.
Que parada — lia-se na cara do pai. Relutante a garotinha condescendeu em sentar-se primeiro, e depois encomendar o prato:
— Vou querer lasanha.
— Filhinha, por que não pedimos camarão? Você gosta tanto de camarão.
— Gosto, mas quero lasanha.
— Eu sei, eu sei que você adora camarão. A gente pede uma fritada bem bacana de camarão. Tá?
— Quero lasanha, papai. Não quero camarão.
— Vamos fazer uma coisa. Depois do camarão a gente traça uma lasanha. Que tal?
— Você come o camarão e eu como lasanha.
O garçom aproximou-se, e ela foi logo instruindo:
— Quero lasanha.
O pai corrigiu:
— Traga uma fritada de camarão pra dois. Caprichada.
A coisinha amuou. Então não podia querer? Queriam querer em nome dela? Por que é proibido comer lasanha? Essas interrogações apenas se liam no seu rosto, pois os lábios mantinham reserva.
Quando o garçom voltou com os pratos e o serviço, ela atacou:
— Moço, tem lasanha?
— Perfeitamente, senhorita.
O pai, no contra-ataque:
— O senhor providenciou a fritada?
— Já sim, doutor.
— De camarões bem grandes?
— Daqueles legais, doutor.
— Bem, então me vê um chinite, e para ela... O que é que você quer, meu anjo?
— Uma lasanha.
— Traz um suco de laranja para ela.
Com o chopinho e o suco de laranja, veio a famosa fritada de camarão, que, para a surpresa do restaurante inteiro, interessado no desenrolar dos acontecimentos, não foi recusada pela senhorita.
Ao contrário, papou-a e bem. A silenciosa manducação atestava, ainda uma vez, no mundo, a vitória do mais forte.
— Estava uma coisa, hem? — comentou o pai, com um sorriso bem alimentado — Sábado que vem, a gente repete... Combinado?
— Agora a lasanha, não é, papai? — Eu estou satisfeito. Uns camarões tão geniais! Mas você vai comer, mesmo?
— Eu e você, tá?
— Meu amor, eu...
— Tem de me acompanhar, ouviu? Pede a lasanha.
O pai baixou a cabeça, chamou o garçom, pediu. Aí, um casal, na mesa vizinha, bateu palmas. O resto da sala acompanhou. O pai não sabia onde se meter. A garotinha, impassível. Se, na conjuntura, o poder jovem cambaleia, vem aí, com força total, o poder ultrajovem.
Fonte: O Poder Ultrajovem e mais 79 textos em prosa e verso, 1972.
Disponível em https://brasilescola.uol.com.br/ redacao/cronica-narrativa.htm> Acesso em 10 de mar. de 2021.
Vocabulário:
condescender — ceder voluntariamente
manducação — ato ou efeito de manducar (alimentar-se)
tenra — pouca idade
Que reações tiveram as pessoas que estavam no restaurante ao final do conflito?
Alternativa "A".
(Fonte da resolução: ??.)
Leia o texto a seguir e responda aos itens 04, 05, 06 e 07.
04
(Foco da aprendizagem 2 - SEDUCE-GO).
Imagem disponível em https://www.salete.sc.gov.br /noticias/index/ver/codMapa Item/8037/codNoticia/232154. Acesso 12 de mar. de 2021.
O tema de um texto é delimitado, ou seja, um recorte do assunto. O tema do texto lido é
Alternativa "B".
(Fonte da resolução: ??.)
08
(Foco da aprendizagem 1 - SEDUCE-GO).
Leia os textos a seguir e responda
TEXTO 1
Imagem disponível em http://3.bp.blogspot.com/- 4YhKhvFUWGE/ULYHbVVlXQI/AAAAAAAAGi c/n-2xVn55ahY/s640/dengue_mata.jpg Acesso em 12 de mar. de 2021.
TEXTO 2
magem disponível em https://www.goias.gov.br/images/ uploads/2017/09/20.09.2017-campanha- de-vacina%C3%A7%C3%A3o-de- caes-e-gatos.jpg. Acesso em 12 de mar. de 2021.
Esses textos têm em comum a informação sobre
Alternativa "C".
(Fonte da resolução: ??.)
Leia o texto a seguir e responda aos itens 09, 10, 11 e 12.
09
(Foco da aprendizagem 2 - SEDUCE-GO).
Raya e o Último Dragão é o filme que as famílias precisam ver em 2021.
A mais nova animação da Disney traz, de maneira ingênua e doce (e com muitas cenas de ação), uma mensagem de esperança ao reforçar a importância da união, da confiança e do perdão para que uma sociedade desmantelada seja reerguida.
Larissa Godoy
5 MAR 2021
O longa se passa no reino fantástico de Kumandra, esse local mágico outrora habitado por dragões e humanos, em perfeita harmonia e prosperidade. Mas tudo mudou com a aparição dos Drunns, monstros terríveis que sequestraram o mundo e fizeram com que os dragões tivessem de se sacrificar para salvar a humanidade. Após 500 anos desse acontecimento, Kumandra, agora dividida em cinco regiões:
Coração, Cauda, Coluna, Presa e Garra, não é mais um lugar próspero. Tudo o que restou da magia dos dragões é uma joia, muito cobiçada pelos líderes de cada território, que é guardada pela guerreira Raya e seu pai, Benja, no Coração.
Cansado de acompanhar as mazelas do seu mundo, Benja resolve chamar os líderes de todas as regiões para que Kumandra fosse reconstruída. O pai de Raya era um forte entusiasta sobre a reunião do seu povo, desconsiderando toda a rivalidade e animosidade existente. Mas, apesar dos esforços de Benja, o seu plano de união não dá certo e a líder das terras Presa trama um plano para roubar a joia do dragão. Com isso, um embate se forma e a pedra é quebrada, liberando novamente os Drunns. É então que a jornada de Raya começa. A guerreira tem a missão de tentar eliminar os monstros da face da terra, reunir o seu povo, ao mesmo tempo que precisa aprender a reconquistar a confiança nas pessoas.
Do mesmo estúdio de Moana e Frozen, Raya e o Último Dragão tem uma trama envolvente, carismática e que aposta muito em representatividade e protagonismo feminino, que é exemplificado muito bem não só pela trajetória de Raya, mas também por Naamari, a sua antagonista. Raya engrossa o caldo das princesas do século XXI, e, assim como Anna, de Frozen, e Moana, do filme Moana, ela não precisa de um príncipe salvador, pois é sua própria heroína, além de exímia lutadora de várias artes marciais. Ao mesmo tempo em que acerta com a forma clássica da Disney de contar histórias, inspirador para os tempos caóticos em que vivemos, Raya e o Último Dragão combina elementos inspirados em contos e lendas do Sudeste Asiático com um design impecável — atente-se para o dragão Sisu e sua forma humana, um belo exemplo. Claro que ao usar da inocência da infância para se compor, e não se aprofundar nas dificuldades da sociedade, traz uma mensagem final utópica. Mas quem dera fosse possível, através da confiança, da união e do perdão poder reconstruir nosso mundo.
Imagem disponível em https://www.cinemaemuitomais.com /raya-ultimo-dragao-cinemas-e-no-disney/ Acesso em 11 de mar. de 2021.
Disponível em https://www.terra.com.br/diversao /cinema/raya-e-o-ultimo-dragao-e -o-filme-que-precisamos-em2021, 761c6d06dba057620aed1a6d8397 ab1erjuzyeyp.html Acesso em 11 de mar. de 2021.
O texto foi escrito
Alternativa "C".
(Fonte da resolução: ??.)
Leia o texto a seguir e responda aos itens 13, 14 e 15.
13
(Foco da aprendizagem 2 - SEDUCE-GO).
Na fila da liberdade
Mario Prata
[...] Pois foi numa dessas filas que o fato se deu.
Era uma bela fila, de umas dez pessoas. E em supermercado, com aqueles carrinhos lotados, a gente ali olhando a mocinha tirar latinha por latinha, rolo por rolo de papel higiênico, aquela coisa que não tem fim mesmo. E naquela fila tinha um garotinho de uns dez anos, que existe apenas uma palavra para definir a figurinha: um pentelho. Como muito bem define o Houaiss: “pessoa que exaspera com sua presença, que importuna, que não dá paz aos outros”.
Pois ali estava o pentelhinho no auge de sua pentelhação. Quanto mais demorava, mais ele se aprimorava. E a mãe, ao lado, impassível. Chegou uma hora que o garoto começou a mexer nas compras dos outros. Tirar leite condensado de um carrinho e colocar no outro. Gritava, ria, dava piruetas. Era o reizinho da fila. E a mãe, não era com ela.
Na fila ao lado (aquela de velhos, deficientes e grávidas), tinha um casal de velhinhos. Mas velhinhos mesmo, de mãos dadas. Ali, pelos oitenta anos. A velhinha, não aguentando mais a situação, resolveu tomar as dores de todos e foi falar com a mãe. Que ela desse um jeito no garoto, que ela tomasse uma providência. No que a mãe, de alto e bom tom:
— Educo meu filho assim, minha senhora. Com liberdade, sem repressão. Meu filho é livre e feliz.
É assim que se deve educar as crianças hoje em dia.
A velhinha ainda ameaçou dizer alguma coisa, mas se sentiu antiga, ultrapassada. Voltou para a sua fila. Só que não encontrou o seu marido, que havia sumido.
Não demorou muito e voltou o marido com um galão de água de cinco litros e, calmamente, se aproximou da mãe do pentelho, abriu e entornou tudo na cabeça da mulher.
— O que é isso, meu senhor?
O velhinho colocou o vasilhame (que palavra antiga) no seu carrinho e enquanto a mulher esbravejava e o pentelho morria de rir, disse bem alto:
— Também fui educado com liberdade!!!
Foi ovacionado.
Disponível em https://exercicios.brasilescola. uol.com.br/exercicios-redacao/ exercicios-sobre-cronica.htm Acesso em 10 de mar. de 2021.
Quais são as personagens envolvidas na história?
Alternativa "D".
(Fonte da resolução: ??.)