(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Expressões e termos utilizados no Amazonas são retratados em livro e em camisetas
“Na linguagem, podemos nos ver da forma mais verdadeira: nossas crenças, nossos valores, nosso lugar no mundo”, afirmou o doutor em linguística e professor da Ufam em seu livro Amazonês: expressões e termos usados no Amazonas. Portanto, o amazonense, com todas as suas “cunhantãs” e “curumins”, acaba por encontrar um lugar no mundo e formar uma unidade linguística, informalmente denominada de português “caboco”, que muito se diferencia do português “mineiro”, “gaúcho”, “carioca” e de tantos outros espalhados pelo Brasil. O livro, que conta com cerca de 1 100 expressões e termos típicos do falar amazonense, levou dez anos para ser construído. Para o autor, o principal objetivo da obra é registrar a linguagem.
Um designer amazonense também acha o amazonês “xibata”, tanto é que criou uma série de camisetas estampadas com o nome de Caboquês Ilustrado, que mistura o bom humor com as expressões típicas da região. A coleção conta com sete modelos já lançados, entre eles: Leseira Baré, Xibata no Balde e Até o Tucupi, e 43 ainda na fila de espera. Para o criador, as camisas têm como objetivo “resgatar o orgulho do povo manauara, do povo do Norte”.
Disponível em: https://g1.globo.com. Acesso em: 15 jan. 2024 (adaptado).
A reportagem apresenta duas iniciativas: o livro Amazonês e as camisetas do Caboquês Ilustrado. Com temática em comum, essas iniciativas
O texto apresenta dois fatos que colocam em evidência a variante linguística amazonense: a criação do livro Amazonês e a confecção de camisetas com expressões típicas dessa região. Logo, há valorização da identidade linguística amazonense.
Portanto, alternativa "E".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Conheça histórias de atletas paralímpicas que trocaram de modalidade durante a carreira esportiva
Jane Karla : a goiana de 45 anos teve poliomielite aos três anos, o que prejudicou seus movimentos das pernas. Em 2003, iniciou no tênis de mesa e conseguiu conquistar títulos nacionais e internacionais. Mas conheceu o tiro com arco e, em 2015, optou por se dedicar somente à nova modalidade. Em seu ano de estreia no tiro, já faturou a medalha de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015.
Elizabeth Gomes : a santista de 55 anos era jogadora de vôlei quando foi diagnosticada com esclerose múltipla em 1993. Ingressou no Movimento Paralímpico pelo basquete em cadeira de rodas até experimentar o atletismo. Chegou a praticar as duas modalidades simultaneamente até optar pelas provas de campo em 2010. No Campeonato Mundial de Atletismo, realizado em Dubai, em 2019, Beth se sagrou campeã do lançamento de disco e estabeleceu um novo recorde mundial da classe F52.
Silvana Fernandes : a paraibana de 21 anos é natural de São Bento e nasceu com malformação no braço direito. Aos 15 anos, começou a praticar atletismo no lançamento de dardo. Em 2018, enquanto competia na regional Norte-Nordeste, foi convidada para conhecer o paratae kwon do. No ano seguinte, migrou para a modalidade e já faturou o ouro na categoria até 58 kg nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019.
Disponível em: https://cpb.org.br. Acesso em: 15 jan. 2024 (adaptado).
Esse conjunto de minibiografias tem como propósito
A biografia é um gênero textual cujo objetivo é levar o leitor a conhecer a trajetória de vida de um ser tanto no campo pessoal, como no profissional. Essas três revelam as mudanças na modalidade esportiva desses atletas paralímpicos. Essas três minibiografias revelam mudanças na trajetória esportiva dessas três atletas paralímpicas.
Portanto, alternativa "C".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
É fundamentalmente no Minho, norte de Portugal, que o cavaquinho aparece como instrumento tipicamente popular, ligado às formas essenciais da música característica dessa província. O cavaquinho minhoto tem escala rasa com o tampo, o que facilita a prática do “rasqueado”. O cavaquinho chega ao Brasil diretamente de Portugal, e o modelo brasileiro é maior do que a sua versão portuguesa, com uma caixa de ressonância mais funda. Semelhante ao cavaquinho minhoto, o machete, ou machetinho madeirense, é um pequeno cordófono de corda dedilhada, que faz parte da grande e diversificada família das violas de mão portuguesas. O ukulele tem a sua origem no século XIX, tendo como ancestrais o braguinha (ou machete) e o rajão, instrumentos levados pelos madeirenses quando eles emigraram para o Havaí.
OLIVEIRA, E. V. Cavaquinhos e família. Disponível em: https://casadaguitarra.pt. Acesso em: 18 nov. 2021 (adaptado).
O conjunto dessas práticas musicais demonstra que os instrumentos mencionados no texto
O texto trata das adaptações sofridas pelas variações das violas portuguesas quando chegaram a outros países. O cavaquinho brasileiro, por exemplo, é maior que o português.
Portanto, alternativa "B".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Pressão, depressão, estresse e crise de ansiedade. Os males da sociedade contemporânea também estão no esporte. A tenista Naomi Osaka, do Japão, jogadora mais bem paga do mundo e que já ocupou o número 2 do ranking, retirou-se do torneio de Roland Garros de 2021 porque não estava conseguindo administrar as crises de ansiedade provocadas pelos grandes eventos, por ser uma estrela aos 23 anos, e pelo peso de parte da imprensa. O tenista australiano Nick Kyrgios, de 25 anos, revelou sua “situação triste e solitária” enquanto lutava contra a depressão causada pelo ritmo avassalador do Circuito Mundial de Tênis. O jogador de basquete americano Kevin Love também tornou público seu quadro de ansiedade e depressão. O mundo do atleta é solitário e distante da família. O que vemos numa partida não reflete a rotina desgastante. A imprensa denomina atletas como heróis, como se aquele corpo fosse indestrutível, mas a mente é o ponto fraco da história.
Disponível em: www.uol.com.br. Acesso em: 31 out. 2021 (adaptado).
As causas do desequilíbrio na saúde mental apontadas no texto estão relacionadas às
O texto da questão apresenta o caso dos três atletas de alto rendimento que, por conta da ansiedade “provocada pelos grandes eventos”, “do ritmo avassalador” e da “rotina desgastante” associada à pressão da imprensa, acabaram manifestando quadros de ansiedade ou depressão. Assim, evidencia-se que “as pressões constantes dos eventos e da mídia” são as causas do desequilíbrio da saúde mental dos atletas.
Portanto, alternativa "E".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Já ouvi gente falando que o podcast é o renascimento do rádio. O rádio é genial, uma mídia imorredoura, mas podcast não tem nada a ver com ele. O formato está mais próximo do ensaio literário do que de um programa de ondas curtas, médias ou longas.
Podcasts são antípodas das redes sociais. Enquanto elas são dispersivas, levam à evasão e à desinformação, os podcasts são uma possibilidade de imersão, concentração, aprendizado. Depois que eles surgiram, lavar a louça e me locomover pela cidade viraram um programaço. Um pós-almoço de domingo e aprendo tudo sobre bonobos e gorilas. Um táxi pro aeroporto e chego ao embarque PhD em reforma tributária.
PRATA, A. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 7 jan. 2024 (adaptado).
Segundo a argumentação construída nesse texto, o podcast
O texto defende que podcast é uma fonte de conhecimento para seus usuários, pois é uma oportunidade de aprendizado.
Portanto, alternativa "C".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Evanildo Bechara prepara a sua aposentadoria de pouco em pouco, como se a adiasse ao máximo. Aos 95 anos, o imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) alcançou um status de astro pop no mundo da filologia e da gramática. Quando ainda tinha saúde para viagens mais longas, o filólogo lotava plateias em suas palestras na Europa e no Brasil, que não raro terminavam com filas para selfies.
A idade acentuou o lado “cientista” e professoral de Bechara, que adota um tom técnico na conversa até mesmo diante das perguntas mais pessoais. — “Qual o seu tipo preferido de leitura?”. — “A minha leitura está dividida em duas partes, a científica e a literária, estabelecendo uma relação de causa e efeito entre elas.” — responde.
Ainda adolescente, Bechara descobriu a lexicologia. Um “novo mundo” se abriu para o pernambucano, que se mantém atento às metamorfoses do nosso idioma. Seu colega de ABL, o filólogo Ricardo Cavaliere, se lembra de quando deu carona para o mestre e este encucou com os estrangeirismos do aplicativo de navegação instalado no veículo. — “A vozinha do aplicativo avisou que havia um radar de velocidade ‘reportado’ à frente”, lembra Cavaliere. — “Esse ‘reportado’ é uma importação, né?”, notou Bechara.
Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 3 jan. 2024 (adaptado).
Nesse texto, as falas atribuídas a Evanildo Bechara são representativas da variedade linguística
Evanildo Bechara atua como filólogo e linguista, e utiliza termos próprios de sua área no texto, como “relação de causa e efeito” e “importação”.
Portanto, alternativa "E".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
A Língua da Tabatinga, falada na cidade de Bom Despacho, Minas Gerais, foi por muito tempo estigmatizada devido à sua origem e à própria classe social de seus falantes, pois, segundo uma pesquisadora, era falada por “meninos pobres vindos da Tabatinga ou de Cruz de Monte — ruas da periferia da cidade cujos habitantes sempre foram tidos por marginais”. Conhecida por antigos como a “língua dos engraxates”, pois muitos trabalhadores desse ofício conversavam nessa língua enquanto lustravam sapatos na praça da matriz, a Língua da Tabatinga era utilizada por negros escravizados como uma espécie de “língua secreta”, um código para trocarem informações de como conseguir alimentos, ou para planejar fugas de seus senhores sem risco de serem descobertos por eles.
De acordo com um documento do Iphan (2011), os falantes da língua apresentam uma forte consciência de sua relação com a descendência africana e da importância de preservar a “fala que os identifica na região”. Essa mudança de compreensão tangencia aspectos de pertencimento, pois, à medida que o falante da Língua da Tabatinga se identifica com a origem afro-brasileira, ele passa a ver essa língua como um legado recebido e tem o cuidado de transmiti-la para outras gerações. A concentração de falantes dessa língua está na faixa entre 21 e 60 anos de idade.
Disponível em: www.historiaeparcerias2019.rj.anpuh.org. Acesso em: 3 fev. 2024 (adaptado).
A Língua da Tabatinga tem sido preservada porque o(a)
Há trechos no texto que justificam a consolidação, linguística que reconhece a língua como um patrimônio: “forte consciência de sua relação com a descendência africana”; “...à medida que o falante da língua da Tabatinga se identifica com a origem afro brasileira, ele passa a ver essa língua como um legado recebido”.
Portanto, alternativa "D".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Diante do pouco dinheiro para produtos básicos de sobrevivência, são as adolescentes o alvo mais vulnerável à precariedade menstrual. Sofrem com dois fatores: o desconhecimento da importância da higiene menstrual para sua saúde e a dependência dos pais ou familiares para a compra do absorvente, que acaba entrando na lista de artigos supérfluos da casa.
A falta do absorvente afeta diretamente o desempenho escolar dessas estudantes e, como consequência, restringe o desenvolvimento de seu potencial na vida adulta. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do IBGE, revelaram que, das meninas entre 10 e 19 anos que deixaram de fazer alguma atividade (estudar, realizar afazeres domésticos, trabalhar ou, até mesmo, brincar) por problemas de saúde nos 14 dias anteriores à data da pesquisa, 2,88% deixaram de fazê-la por problemas menstruais. Para efeitos de comparação, o índice de meninas que relataram não ter conseguido realizar alguma de suas atividades por gravidez e parto foi menor: 2,55%. Dados da ONU apontam que, no mundo, uma em cada dez meninas falta às aulas durante o período menstrual. No Brasil, esse número é ainda maior: uma entre quatro estudantes já deixou de ir à escola por não ter absorventes. Com isso, perdem, em média, até 45 dias de aula, por ano letivo, como revela o levantamento Impacto da Pobreza Menstrual no Brasil. O ato biológico de menstruar acaba por virar mais um fator de desigualdade de oportunidades entre os gêneros.
Disponível em: www12.senado.leg.br. Acesso em: 21 jan. 2024 (adaptado).
Esse texto é marcado pela função referencial da linguagem, uma vez que cumpre o propósito de
A função referencial, cujo pressuposto é a transmissão de informações priorizando o assunto, evidencia se no texto nos dados resultantes da pesquisa, que identificam a condição de grande parte das meninas, em idade escolar, expostas a uma situação de pobreza que causa a vulnerabilidade no período menstrual.
Portanto, alternativa "D".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Maranhenses que moram longe matam a saudade da terra natal usando expressões próprias do estado. Se o maranhês impressiona e desperta a curiosidade de quem mora no próprio Maranhão, imagine de quem vem de outros estados e países? A variedade linguística local é enorme e o modo de falar tão próprio e característico dos maranhenses vem conquistando muita gente e inspirando títulos e muito conteúdo digital com a criação de podcasts, blogs, perfis na internet, além de estampar diversos tipos de produtos e serviços de empresas locais.
Com saudades do Maranhão, morando há 16 anos no Rio de Janeiro, um fotógrafo maranhense criou um perfil na internet no qual compartilha a culinária, brincadeiras e o ‘dicionário’ maranhês. “A primeira vez que fui a uma padaria no Rio, na inocência, pedi 3 reais de ‘pães misturados’. Quando falei isso, as pessoas pararam e me olharam de uma forma bem engraçada, aí já fiquei ‘encabulado, ó’ e o atendente sorriu e explicou que lá não existia pão misturado e, sim, pão francês e suíço. Depois foi a minha vez de explicar sobre os pães ‘massa grossa e massa fina’”, contou o fotógrafo, com humor.
Disponível em: https://oimparcial.com.br. Acesso em: 1 nov. 2021 (adaptado).
A vivência relatada no texto evidencia que as variedades linguísticas
A vivência relatada no texto mostra que a variação lexical constitui um dos aspectos de diversidade da língua portuguesa falada no Brasil.
Portanto, alternativa "C".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Telemedicina é para todos, mas nem todos estão preparados
A telemedicina, nos últimos anos, tem se destacado como uma ferramenta valiosa, proporcionando uma gama de benefícios que vão desde a ampliação do acesso à assistência médica até a otimização dos recursos de todo o ecossistema de saúde.
O governo federal propõe a Estratégia de Saúde Digital, um programa destinado à transformação digital da saúde no Brasil. Seu principal objetivo é facilitar a troca de informações entre os diversos pontos da Rede de Atenção à Saúde, promovendo a interoperabilidade e, assim, possibilitando a transição e a continuidade do cuidado nos setores público e privado. Também está em discussão um projeto de lei que dispõe sobre o prontuário eletrônico unificado do cidadão, o que indica o quanto o tema está em evidência tanto para os gestores públicos quanto para os privados.
Contudo, é importante reconhecer que nem todas as pessoas estão igualmente preparadas para aproveitar plenamente os cuidados ofertados pela telemedicina. Um dos principais benefícios do atendimento de saúde a distância é a capacidade de superar barreiras geográficas, proporcionando acesso a serviços médicos, especialmente para pacientes que residem em áreas remotas e/ou carentes de certas especialidades médicas, os chamados “vazios assistenciais”. A equidade no acesso é uma questão crítica, uma vez que nem todos têm ao seu alcance dispositivos tecnológicos ou uma conexão à internet que seja confiável, entre outros problemas de infraestrutura. É um desafio tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde, que, em muitos casos, não contam com estrutura para o trabalho remoto nem com letramento digital para desenvolver as funções.
OLIVEIRA, D. Disponível em: www.correiobraziliense.com.br. Acesso em: 21 jan. 2024 (adaptado).
Ao tratar da telemedicina, esse texto ressalta que um dos benefícios dessa tecnologia para a sociedade é o fato de ela
O texto expõe os benefícios da telemedicina, como “ampliação do acesso à assistência médica até a otimização dos recursos de todo o ecossistema de saúde”. Além disso, destaca a distância e as barreiras geográficas como desafios que podem ser superados por essa ferramenta. Ainda assim, há um questionamento acerca das limitações da infraestrutura tecnológica para pacientes e profissionais.
Portanto, alternativa "B".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Uma definição possível para o conceito de arte afro-brasileira pode ser: produção plástica que é feita por negros, mestiços ou brancos a partir de suas experiências sociais com a cultura negra nacional. Exemplos clássicos dessa abordagem são Carybé (1911-1997), Mestre Didi (1917-2013) e Djanira da Motta e Silva (1914-1979), cujas obras emergem e ganham forma em razão do ambiente social no qual habitaram e viveram. Se Didi era um célebre representante da cultura religiosa nagô baiana e brasileira, iniciado desde o ventre no candomblé, Carybé era argentino e, naturalizado brasileiro, envolveu-se de tal modo com essa religião que alguns dos orixás dos quais conhecemos a imagem visual são produções suas.
Disponível em: www.premiopipa.com. Acesso em: 13 nov. 2021 (adaptado).
Sob a perspectiva da multiculturalidade e de acordo com o texto, a produção artística afro-brasileira caracteriza-se pelo(a)
De acordo com o texto, as ocorrências pessoais de diversos artistas negros, mestiços ou brancos com a cultura negra nacional possibilitam uma possível definição do conceito de arte afro-brasileira, que é, portanto, multicultural. Trata-se, assim, de uma relação complexa dessas vivências com os referenciais estéticos de matriz africana.
Portanto, alternativa "D".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Influenciadores negros têm recorrentemente chamado a atenção para o fato de terem muito menos repercussão em suas postagens e nas entregas do seu conteúdo quando comparados com os influenciadores brancos, mesmo se fotos, contextos e anúncios forem extremamente semelhantes. Segundo o site Negrê, a digital influencer e youtuber criadora do projeto digital Preta Pariu iniciou um experimento em uma plataforma. Após perceber a crescente queda nos índices de alcance digital, a paulista publicou fotografias de modelos brancas em seu perfil e analisou as métricas de engajamento. Surpreendentemente, a ferramenta de estatísticas aferiu um aumento de 6 000% em seu alcance.
Disponível em: https://diplomatique.org.br. Acesso em: 21 jan. 2024 (adaptado).
A apresentação do dado estatístico ao final desse texto revela a intenção de
O dado estatístico apresentado ao final do texto, fruto de um experimento, comprova que as postagens de influenciadores negros não têm a mesma repercussão que as de influenciadores brancos e seus conteúdos com pessoas brancas. Esse experimento levanta o debate sobre o viés racial no alcance de conteúdos digitais.
Portanto, alternativa "E".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Um estudo norte-americano analisou os efeitos da pandemia da covid-19 sobre a saúde mental e a manutenção da atividade física, revelando que um fator está diretamente ligado ao outro. De acordo com os dados, famílias de baixa renda foram mais impactadas pelo ciclo vicioso de falta de motivação e pelo sedentarismo. Diante da necessidade de distanciamento social e do início da quarentena, as opções de espaços seguros para exercícios físicos diminuíram, o que dificultou que as pessoas mantivessem seus níveis de atividade. Os dados evidenciaram que as pessoas mais ativas tinham melhor estado de saúde mental. As pessoas com menor renda tiveram mais dificuldade para manter os níveis de atividade física durante a pandemia, sendo aproximadamente duas vezes menos propensas a continuarem no mesmo ritmo de exercícios de antes da pandemia. Habitantes de áreas urbanas mostraram maior probabilidade de não conseguirem manter os níveis de atividade física semelhantes aos de pessoas que vivem em zonas rurais, onde há mais oportunidades de sair para espaços abertos.
Disponível em: https://revistagalileu.globo.com. Acesso em: 6 dez. 2021 (adaptado).
O texto evidencia a perspectiva ampliada de saúde ao abordar criticamente a pandemia da covid-19 a partir do(a)
O texto da Revista Galileu apresenta um estudo que correlaciona saúde física e saúde mental à condição socioeconômica da pessoa. O texto mostra que uma pessoa tem maior probabilidade de praticar atividade física se tiver um bom estado da saúde mental e vice versa. O estudo mostrou também que pessoas de baixa renda, durante a pandemia, tiveram dificuldade de praticar atividade física. Logo, a manutenção da saúde engloba fatores socioecônomicos e não apenas a prática regular da atividade física.
Portanto, alternativa "D".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Até ali que sabia das misérias do mundo? Nada. Aquela noite do Castelo, tão simples, tão monótona, fora uma revelação! Era bem certo que a lágrima existia, que irrompiam soluços de peitos oprimidos, que para alguém os dias não tinham cor nem a noite tinha estrelas! Ela, criada entre beijos, no aroma dos seus jardins, com as vontades satisfeitas, o leito fofo, a mesa delicada, sentira sempre no coração um desejo sem nome, um desejo ou uma saudade absurda, a saudade do céu, como dizia o dr. Gervásio, e que não era mais que a doida aspiração da artista incipiente, que germinava no seu peito fraco.
E aquela mesma mágoa parecia-lhe agora doce e embaladora, comparando-se à outra, a Sancha, da sua idade, negra, feia, suja, levada a pontapés, dormindo sem lençóis em uma esteira, comendo em pé, apressada, os restos parcos e frios de duas velhas, vestida de algodões rotos, curvada para um trabalho sem descanso nem paga!
Por quê? Que direito teriam uns a todas as primícias e regalos da vida, se havia outros que nem por uma nesga viam a felicidade?
ALMEIDA, J. L. A falência. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 28 dez. 2023.
Nesse fragmento do romance de Júlia Lopes de Almeida, escrito no cenário brasileiro pós-abolição, a narradora exprime um olhar crítico sobre a
No texto, exprime-se o olhar crítico da narradora, acerca da condição sub-humana a que estaria submetida a população negra, por meio da vivência degradada da personagem Sancha, como se nota na passagem: “negra feia, suja, levada a pontapés, dormindo sem lençóis em uma esteira, comendo em pé, apressada, os restos parcos e frios de duas velhas, vestida de algodões rotos, curvada para um trabalho sem descanso nem paga”.
Portanto, alternativa "D".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Sempre passo nervoso quando leio minha crônica neste jornal e percebo que escapuliu a palavra “coisa” em alguma frase. Acontece que “coisa” está entre as coisas mais deliciosas do mundo.
O primeiro banho da minha filha foi embalado pela minha voz dizendo, ao fundo, “cuidado, ela ainda é uma coisinha tão pequena”. “Viu só que amor? Nunca vi coisa assim”. O amor que não dá conta de explicação é “a coisa” em seu esplendor e excelência. “Alguma coisa acontece no meu coração” é a frase mais bonita que alguém já disse sobre São Paulo. E quando Caetano, citado aqui pela terceira vez pra defender a dimensão poética da coisa, diz “coisa linda”, nós sabemos que nenhuma palavra definiria de forma mais profunda e literária o quão bela e amada uma coisa pode ser.
“Coisar” é verbo de quem está com pressa ou tem lapsos de memória. É pra quando “mexe qualquer coisa dentro doida”. E que coisa magnífica poder se expressar tal qual Caetano Veloso. Agora chega, porque “esse papo já tá qualquer coisa” e eu já tô “pra lá de Marrakech”.
TATI BERNARDI. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 3 jan. 2024 (adaptado).
O recurso utilizado na progressão textual para garantir a unidade temática dessa crônica é a
Para garantir a progressão temática, o recurso utilizado foi a repetição da palavra “coisa” (doze ocorrências) e o uso de dois de seus cognatos (vocábulos derivados da mesma raiz): “coisinha” e “coisar”.
Portanto, alternativa "C".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
TEXTO I
A linguagem visual dos adornos transmite informações sobre prestígio e transgressão, direito e dever, pois só é permitido ao indivíduo o uso de adornos de sua linhagem. Quando diretamente vinculadas aos conceitos cosmológicos, as artes indígenas convertem-se antes em prismas que refletem as concepções acerca da composição do universo e dos componentes que o povoam.
AGUILAR, N. (Org.); DIAS, J. A. B. F.; VELTHEN, L. H. V. Mostra do redescobrimento: artes indígenas. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo-Associação Brasil 500 anos, 2000 (adaptado).
TEXTO II
Diadema (etnia Kayapó). Estados do Mato Grosso e Pará. Museu de Arte Indígena, s.d. Disponível em: www.maimuseu.com.br. Acesso em: 11 jul. 2024.
Pela leitura desses textos, infere-se que a compreensão da arte plumária indígena requer a consideração da
No texto I, os autores relatam que a arte visual ameríndia se associa aos elementos culturais, sociais, bem como à concepção de universo da etnia que ela representa. Dessa forma, a arte plumária indígena é prova de que os objetos ritualísticos são indissociáveis da cosmovisão dos indivíduos que os usam.
Portanto, alternativa "E".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
TEXTO I
Capítulo 4, versículo 3
Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita munição
Na queda ou na ascensão, minha atitude vai além
E tem disposição pro mal e pro bem
Talvez eu seja um sádico ou um anjo, um mágico
Ou juiz, ou réu, o bandido do céu
Malandro ou otário, quase sanguinário
Franco atirador se for necessário Revolucionário, insano, ou marginal
Antigo e moderno, imortal
Fronteira do céu com o inferno
Astral imprevisível, como um ataque cardíaco do verso.
RACIONAIS MCs. Sobrevivendo ao inferno. São Paulo: Cosa Nostra, 1997 (fragmento).
TEXTO II
Pode-se dizer que as várias experiências narradas nos discos do Racionais tratam no fundo de um só tema: a violência que estrutura a nossa sociedade. O grupo canta a violência que estrutura as relações entre os familiares, os amigos, o homem e a mulher, o traficante e o viciado. Canta a violência do crime. A violência causada por inveja ou por vaidade. Também canta que a relação entre as classes sociais é sempre violenta: o racismo, a miséria, os baixos salários, a concentração de renda, a esmola, a publicidade, o alcoolismo, o jornalismo, o poder policial, a justiça, o sistema penitenciário, o governo existem por meio da violência.
GARCIA, W. Ouvindo Racionais MCs. Teresa: revista de literatura brasileira, n. 5, 2004 (adaptado).
Na letra da canção, a tematização da violência mencionada no Texto II manifesta-se
O texto II destaca que as experiências narradas nos discos dos Racionais fundamentam-se na violência decorrente da desigualdade social e racial que atinge os estratos marginalizados. A letra da canção “Capítulo 4, versículo 3”, ao definir a palavra como instrumento de “combate” e “insubordinação”, refere-se ao próprio código linguístico por meio do qual a mensagem é veiculada. Isso já se nota no primeiro verso “Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita munição”.
Portanto, alternativa "C".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
As reações à sétima temporada foram o ápice do último estágio em Game of Thrones. De forma alguma, este que vos fala seria capaz de argumentar que a série é perfeita, mas os defeitos que existem aqui sempre existiram, de uma forma ou de outra, durante os sete anos em que ela esteve no ar. Os dois roteiristas foram brilhantes em traduzir os personagens intrincados e conflituosos da obra de George R. R. Martin, mas nunca souberam exatamente como fazer jus a eles (e especialmente a elas, as mulheres da trama).
A verdade é que, com tudo isso e mais Ramin Djawadi evocando sentimentos e ambientes improváveis com sua trilha sonora magistral, a série não conseguiria ser ruim nem se tentasse, mas continua sendo uma pena que, ao buscar o seu final com tanta sede e tanta celeridade, Benioff e Weiss tenham tirado sua qualidade mais preciosa: o fôlego, a paciência e o detalhismo que faziam suas palavras se levantarem do papel e ganharem vida.
Disponível em: https://observatoriodocinema.uol.com.br. Acesso em: 29 nov. 2017 (adaptado).
Ainda que faça uma avaliação positiva da série, nessa resenha, o autor aponta aspectos negativos da obra ao utilizar
Na resenha, o autor elogia a série Game of Thrones, porém faz algumas ressalvas, utilizando o elemento de coesão “mas”, que aparece no final do primeiro parágrafo e no segundo.
Portanto, alternativa "B".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
— Vá para o inferno, Gondim. Você acanalhou o troço. Está pernóstico, está safado, está idiota. Há lá ninguém que fale dessa forma!
Azevedo Gondim apagou o sorriso, engoliu em seco, apanhou os cacos da sua pequenina vaidade e replicou amuado que um artista não pode escrever como fala.
— Não pode? — perguntei com assombro. E por quê? Azevedo Gondim respondeu que não pode porque não pode.
— Foi assim que sempre se fez. A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.
RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 2009.
Nesse fragmento, a discussão dos personagens traz à cena um debate acerca da escrita que
A discussão entre Azevedo Gondim e Paulo Honório, personagens do romance São Bernardo, evidencia que a literatura se vale da norma culta. Esse é o ponto de vista de Azevedo Gondim, mas que é considerado por Paulo Honório como preciosismo linguístico, já que este prefere o emprego de palavras coloquiais, comuns.
Portanto, alternativa "D".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
VISCONTI, E. Três meninas no jardim. Óleo sobre tela, 81 × 65 cm. Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, 1935. Disponível em: www.eliseuvisconti.com.br. Acesso em: 18 set. 2012.
Eliseu D’Angelo Visconti (1866-1944) desenvolveu diversas obras no Brasil, com grande influência das escolas europeias. Em sua pintura Três meninas no jardim, há
O quadro Três meninas no jardim não retrata a realidade de forma objetiva, fotográfica. O pintor capta o efeito da luz e dos movimentos, registra subjetivamente as impressões visuais. Essa flui dez naquilo que é retratado é característica do Impressionismo.
Portanto, alternativa "C".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Por trás do universo “masculino” das lutas, é cada vez mais notório o aumento da participação de mulheres nessa prática corporal. Algumas situações reforçam esse fenômeno de ocupação em ambientes de lutas: a inclusão de mulheres em combates de artes marciais mistas, ou MMA, a transmissão televisiva de lutas de mulheres e a criação de horários específicos para elas em academias que ensinam lutas. Uma pesquisa científica mostrou menor participação e mobilização das meninas em comparação com os meninos nas aulas de Educação Física. Entre as justificativas discentes para essa situação está o fato de que eles relacionam a luta como uma expressão corporal masculina e, por consequência, não adequada aos interesses femininos. Dessa forma, o ensino de lutas nas aulas de Educação Física é atravessado por tensões relacionadas às questões de gênero e sexualidade, o que, por sua vez, pode favorecer a sua exclusão do conteúdo próprio da disciplina.
SO, M. R.; MARTINS, M. Z.; BETTI, M. As relações das meninas com os saberes das lutas nas aulas de Educação Física. Motrivivência, n. 56, dez. 2018 (adaptado).
Segundo o texto, apesar do aumento da participação de mulheres em lutas, a realidade na escola ainda é diferente em razão do(a)
A escola reproduz o preconceito vigente na sociedade de que luta é uma prática esportiva masculina.
Portanto, alternativa "B".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Volta e meia recebo cartinhas de fãs, e alguns são bem jovens, contando como meu trabalho com a música mudou a vida deles. Fico no céu lendo essas coisas e me emociono quando escrevem que não são aceitos pelos pais por serem diferentes, e como minhas músicas são uma companhia e os libertam nessas horas de solidão.
Sinto que é mais complicado ser jovem hoje, já que nunca tivemos essa superpopulação no planeta: haja competitividade, culto à beleza, ter filho ou não, estudar, ralar para arranjar trabalho, ser mal remunerado, ser bombardeado com trocentas informações, lavagens cerebrais...
Queria dar beijinhos e carinhos sem ter fim nessa moçada e dizer a ela que a barra é pesada mesmo, mas que a juventude está a seu favor e, de repente, a maré de tempestade muda. Diria também um monte de clichê: que vale a pena estudar mais, pesquisar mais, ler mais. Diria que não é sinal de saúde estar bem-adaptado a uma sociedade doente, que o que é normal para uma aranha é o caos para uma mosca.
Meninada, sintam-se beijados pela vovó Rita. RITA LEE. Outra autobiografia. São Paulo: Globo Livros, 2023.
Como estratégia para se aproximar de seu leitor, a autora usa uma postura de empatia explicitada em
Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro, percebendo a sua realidade, competência que Rita Lee explicita ao afirmar “Sinto que é mais complicado ser jovem hoje”. Nesse trecho, a artista demonstra compreender os sentimentos, a vivência da juventude atual.
Portanto, alternativa "C".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Data venia
Conheci Bentinho e Capitu nos meus curiosos e antigos quinze anos. E os olhos de água da jovem de Matacavalos atraíram-me, seduziram-me ao primeiro contato. Aliados ao seu jeito de ser, flor e mistério. Mas tomou-me também a indignação diante do narrador e seu texto, feito de acusação e vilipêndio. Sem qualquer direito de defesa. Sem acesso ao discurso, usurpado, sutilmente, pela palavra autoritária do marido, algoz, em pele de cordeiro vitimado. Crudelíssimo e desumano: não bastasse o que faz com a mulher, chega a desejar a morte do próprio filho e a festejá-la com um jantar, sem qualquer remorso. No fundo, uma pobre consciência dilacerada, um homem dividido, que busca encontrar-se na memória, e acaba faltando-se a si mesmo. Retomei inúmeras vezes a triste história daquele amor em desencanto. Familiarizei-me, ao longo do tempo, com a crítica do texto; poucos, muito poucos, escapam das bem traçadas linhas do libelo condenatório; no mínimo concedem à ré o beneplácito da dúvida: convertem-na num enigma indecifrável, seu atributo consagrador.
Eis que, diante de mais um retorno ao romance, veio a iluminação: por que não dar voz plena àquela mulher, brasileira do século XIX, que, apesar de todas as artimanhas e do maquiavelismo do companheiro, se converte numa das mais fascinantes criaturas do gênio que foi Machado de Assis?
A empresa era temerária, mas escrever é sempre um risco. Apoiado no espaço de liberdade em que habita a Literatura, arrisquei-me.
O resultado: este livro em que, além-túmulo, como Brás Cubas, a dona dos olhos de ressaca assume, à luz do mistério da arte literária e do próprio texto do Dr. Bento Santiago, seu discurso e sua verdade.
PROENÇA FILHO, D. Capitu: memórias póstumas. Rio de Janeiro: Atrium, 1998.
Para apresentar a apropriação literária que faz da obra de Machado de Assis, o autor desse texto
O autor introduz o texto a partir de sua experiência pessoal da obra machadiana, o que é evidenciado pelo uso constante da primeira pessoa do singular; fica claro, então, o teor subjetivo. Ao explicitar sua crítica ao enfoque masculino de “Dom Casmurro”, justifica a adoção da perspectiva de Capitu que será assumida na nova obra.
Portanto, alternativa "E".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Meu irmão é filho adotivo. Há uma tecnicidade no termo, f ilho adotivo, que contribui para sua aceitação social. Há uma novidade que por um átimo o absolve das mazelas do passado, que parece limpá-lo de seus sentidos indesejáveis. Digo que meu irmão é filho adotivo e as pessoas tendem a assentir com solenidade, disfarçando qualquer pesar, baixando os olhos como se não sentissem nenhuma ânsia de perguntar mais nada. Talvez compartilhem da minha inquietude, talvez de fato se esqueçam do assunto no próximo gole ou na próxima garfada. Se a inquietude continua a reverberar em mim, é porque ouço a frase também de maneira parcial — meu irmão é filho — e é difícil aceitar que ela não termine com a verdade tautológica habitual: meu irmão é filho dos meus pais. Estou entoando que meu irmão é filho e uma interrogação sempre me salta aos lábios: filho de quem?
FUCKS, J. A resistência. São Paulo: Cia. das Letras, 2015.
Das reflexões do narrador, apreende-se uma perspectiva que associa a adoção
“Filho adotivo” é uma denominação que traz em si um diferencial que torna essa pessoa menos pertencente ao contexto da parentalidade. O meio social a estigmatiza.
Portanto, alternativa "A".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
TEXTO I
A 13 de fevereiro de 1946, Graciliano Ramos escreve uma carta a Cândido Portinari relembrando uma visita que lhe fizera quando tivera a ocasião de apreciar algumas telas da série Retirantes. Diz o escritor alagoano:
Caríssimo Portinari:
A sua carta chegou muito atrasada, e receio que esta resposta já não o ache fixando na tela a nossa pobre gente da roça. Não há trabalho mais digno, penso eu. Dizem que somos pessimistas e exibimos deformações; contudo, as deformações e essa miséria existem fora da arte e são cultivadas pelos que nos censuram. [...]
Dos quadros que você me mostrou quando almocei no Cosme Velho pela última vez, o que mais me comoveu foi aquela mãe com a criança morta. Saí de sua casa com um pensamento horrível: numa sociedade sem classes e sem miséria, seria possível fazer-se aquilo? Numa vida tranquila e feliz, que espécie de arte surgiria? Chego a pensar que teríamos cromos, anjinhos cor-de-rosa, e isto me horroriza.
Graciliano
Disponível em: https://graciliano.com.br. Acesso em: 6 fev. 2024 (adaptado). Histórias de ninar (adultos)
TEXTO II
Houve um tempo — tão perto, e, ó, tão longe — em que a arte era um holofote na unha encravada, não um campeonato de melhores esmaltes.
Raskolnikov matava velhinhas, a família de Gregor Samsa o assassinava a “maçãzadas”, Memórias póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis) é o retrato mais perfeito de tudo o que tem de pior na sociedade brasileira, uma sequência tristemente hilária de ações moralmente condenáveis, atitudes pusilânimes, cálculos mesquinhos e maus passos cretinos.
A literatura, o cinema e o teatro vêm se transformando num exercício de lacração: o mal está sempre no outro, os protagonistas são ironmen / women da virtude. A pessoa sai da leitura ou da sessão não com a guarda abaixada, as certezas abaladas, mais próxima da verdade (ou, à falta de uma palavra melhor, da sinceridade): sai com suas certezas reforçadas.
A realidade é confusa. Contraditória. Muitas vezes incompreensível. A arte é onde tentamos nos mostrar nus, com todos os nossos defeitos.
PRATA, A. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 12 jan. 2024 (adaptado).
No que diz respeito à arte, o posicionamento de Antônio Prata, no Texto II, aproxima-se da tese de Graciliano Ramos, no Texto I, uma vez que ambos
Em ambos os textos, critica-se uma concepção de arte que visa a retratar uma realidade feliz, onde impera o bem. Na carta de Graciliano Ramos, a pergunta retórica é um dos argumentos contra essa estética baseada na utopia: “Numa vida tranquila e feliz, que espécie de arte surgiria?” No texto de Antônio Prata, já o título ironiza essa arte “sorriso da sociedade”. O cronista propõe uma estética “onde tentamos nos mostrar nus com todos os nossos defeitos”.
Portanto, alternativa "D".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Cap. XLVIII / Terpsícore
Ao contrário do que ficou dito atrás, Flora não se aborreceu na ilha. Conjeturei mal, emendo-me a tempo. Podia aborrecer-se pelas razões que lá ficam, e ainda outras que poupei ao leitor apressado; mas, em verdade, passou bem a noite. A novidade da festa, a vizinhança do mar, os navios perdidos na sombra, a cidade defronte com os seus lampiões de gás, embaixo e em cima, na praia e nos outeiros, eis aí aspectos novos que a encantaram durante aquelas horas rápidas.
Não lhe faltavam pares, nem conversação, nem alegria alheia e própria. Toda ela compartia da felicidade dos outros. Via, ouvia, sorria, esquecia-se do resto para se meter consigo. Também invejava a princesa imperial, que viria a ser imperatriz um dia, com o absoluto poder de despedir ministros e damas, visitas e requerentes, e ficar só, no mais recôndito do paço, fartando-se de contemplação ou de música. Era assim que Flora definia o ofício de governar. Tais ideias passavam e tornavam. De uma vez alguém lhe disse, como para lhe dar força: “Toda alma livre é imperatriz!”.
ASSIS, M. Esaú e Jacó. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1974.
Convidada para o último baile do Império, na Ilha Fiscal, localizada no Rio de Janeiro, Flora devaneia sobre aspectos daquele contexto, no qual o narrador ironiza a
O romance Esaú e Jacó, de Machado de Assis, aborda ironicamente, entre outros fatos, a passagem abrupta, e sem maiores efeitos socioeconômicos, do regime monárquico para a republicano. Flora, personagem da elite brasileira, desconhecia que o baile realizado na ilha fiscal, em 9 de novembro de 1889, era o último da era monárquica brasileira. Alienadamente, inveja a princesa Isabel que, segundo o pensamento de Flora, viria a ser a imperatriz.
Portanto, alternativa "B".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Marília acorda
Tomo café em golinhos para não queimar meus lábios ressequidos. Como pão em pedacinhos para não engasgar com um farelo mais duro. Marília come também, mas olha o tempo todo para baixo. Parece que tem um acanhamento novo entre a gente. Termino. Olho mais uma vez pela janela. O dia está bom. Quero caminhar pelo pátio. Marília levanta, pega o andador e põe ao lado da cama. Ela sabe que eu quero levantar sozinha, e levanto. O lance de escadas, apesar de pequeno, ainda me causa problemas, mas não quero um elevador na casa e não vou tolerar descer uma rampa de cadeira de rodas. Marília abre a porta e saímos para a manhã. O dia está mais fresco do que eu imaginava. Ela pega uma manta de tricô que temos desde não sei quando e põe sobre as minhas costas. Ela aperta meus ombros com muita força, porque mesmo depois de todos esses anos, não descobriu a medida certa do carinho. Eu gosto. Porque entendo que naquele ato, naquela força está o nosso carinho.
POLESSO, N. B. Amora. Porto Alegre: Não Editora, 2015.
Nesse trecho, o drama do declínio físico da narradora transmite uma sensibilidade lírica centrada na
O declínio físico da narradora evidencia-se pela presença do andador e da cadeira de rodas. Já a sensibilidade lírica entre as personagens ocorre por meio de manifestação de cuidado e carinho.
Portanto, alternativa "B".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Disponível em: https://defesacivil.rs.gov.br. Acesso em: 11 mar. 2024 (adaptado).
Nesse cartaz, a expressão “Vou deixar que você se vá”, em conjunto com os elementos não verbais utilizados, tem a finalidade de
No cartaz os elementos verbais e não verbais corroboram o comportamento a ser adotado pelo leitor. Assim, a expressão verbal “vou deixar que você se vá”, escrita no agasalho, explicita as ações de doação e desapego.
Portanto, alternativa "D".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Teclado amazônico
Em novembro de 2023, uma professora indígena recebeu uma missão: verter as regras de um jogo de tabuleiro infantil do português para o tukano, sua língua nativa. Com vinte anos de experiência como professora de línguas em Taracuá, no Amazonas, ela já se dedicava à tradução havia tempos. O trabalho ficou mais fácil graças a um aplicativo lançado no ano anterior: com o Linklado em seu computador, ela traduziu as sete páginas das instruções do jogo em dois dias. Sem esse recurso, a tarefa seria bem mais trabalhosa. Antes dele, diz a professora, as transcrições de línguas indígenas exigiam o esforço quase manual de produzir diacríticos (acentos gráficos) e letras que não constam no teclado de aplicativos de mensagens ou programas de texto.
Para a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), idealizadora do aplicativo, o Linklado representa uma revolução. O programa não restringe combinações de acentos, e isso poderá facilitar a criação de representações gráficas para fonemas que ainda não têm forma escrita. “Eu mirei em uma dor e atingimos várias outras”, diz.
“O Linklado possibilita que o Brasil reconheça a sua diversidade linguística”, afirma uma antropóloga que é colega da pesquisadora no Inpa e faz parte da equipe do aplicativo. Ela defende que escrever na língua materna é uma das principais formas de preservá-la.
Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br. Acesso em: 3 fev. 2024 (adaptado).
De acordo com esse texto, o aplicativo Linklado contribuiu para a
A criação do aplicativo Linkado, como descrito no texto “Teclado amazônico”, possibilitou que sons específicos de línguas antes ágrafas pudessem ter letras e diacríticos próprios, que não são subordinados a empréstimos de línguas escritas. Assim, o aplicativo em questão contribuiu para a democratização do registro escrito de línguas de povos originários.
Portanto, alternativa "B".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
— Eu lhe juro, Aurélia. Estes lábios nunca tocaram a face de outra mulher, que não fosse minha mãe. Meu primeiro beijo de amor, guardei-o para minha esposa, para ti...
[...]
— Ou de outra mais rica! — disse ela, retraindo-se para fugir ao beijo do marido, e afastando-o com a ponta dos dedos.
A voz da moça tomara o timbre cristalino, eco da rispidez e aspereza do sentimento que lhe sublevava o seio, e que parecia ringir-lhe nos lábios como aço.
— Aurélia! Que significa isto?
— Representamos uma comédia, na qual ambos desempenhamos o nosso papel com perícia consumada. Podemos ter este orgulho, que os melhores atores não nos excederiam. Mas é tempo de pôr termo a esta cruel mistificação, com que nos estamos escarnecendo mutuamente, senhor. Entremos na realidade por mais triste que ela seja; e resigne-se cada um ao que é, eu, uma mulher traída; o senhor, um homem vendido.
— Vendido! — exclamou Seixas ferido dentro d’alma.
— Vendido, sim: não tem outro nome. Sou rica, muito rica; sou milionária; precisava de um marido, traste indispensável às mulheres honestas. O senhor estava no mercado; comprei-o. Custou-me cem contos de réis, foi barato; não se fez valer. Eu daria o dobro, o triplo, toda a minha riqueza por este momento.
ALENCAR, J. Senhora. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 2003.
Ao tematizar o casamento, esse fragmento reproduz uma concepção de literatura romântica evidenciada na
O texto apresenta um casamento corrompido, porque se baseia em uma relação de interesses, alicerçado numa transação comercial, conforme se infere nos trechos: “mais rica”, “homem vendido”, “Sou rica, muito rica, sou milionária”, “O senhor estava no mercado, comprei-o. Custou-me cem contos de réis”. Dessa forma, José de Alencar, ao apontar esse relacionamento como negativo, expressa uma concepção romântica de que o amor verdadeiro é desinteressado, ou seja, não deve sofrer a interferência de questões materiais como a riqueza. O romance Senhora critica o casamento motivado pelo interesse econômico, pelo dote da noiva.
Portanto, alternativa "D".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Texto II: Anônimo. Cabeça de uma figura feminina. Circa 2700-2500 a.C. Escultura em mármore, 8 × 3,2 cm. Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque.
Texto II: MODIGLIANI, A. Cabeça de mulher. Circa 1910-1911. Escultura em calcário, 68,3 × 15,9 × 24,1 cm. National Gallery of Art, Washington.
WOLKOFF, J. These 5,000-Year-Old Sculptures Look Shockingly Similar to Modern Art. Disponível em: www.artsy.net. Acesso em: 19 jun. 2019.
A leitura comparativa das duas esculturas, separadas por mais de 2 500 anos, indica a
Ambas as esculturas, ainda que produzidas em épocas e contextos culturais diferentes (a primeira é de 2700-2500 a.C. e a segunda é de 1910-1 d.C.), assemelham-se por apresentarem esteticamente uma figura feminina de forma simples e sintética. Os rostos têm forma ovalada e os narizes ressaltam da superfície.
Portanto, alternativa "D".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Se você é feito de música, este texto é pra você
Às vezes, no silêncio da noite, eu fico imaginando: que graça teria a vida sem música? Sem ela não há paz, não há beleza. Nos dias de festa e nas madrugadas de pranto, nas trilhas dos filmes e nas corridas no parque, o que seria de nós sem as canções que enfeitam o cotidiano com ritmo e verso? Quem nunca curou uma dor de cotovelo dançando lambada ou terminou de se afundar ouvindo sertanejo sofrência? Quantos já criticaram funk e fecharam a noite descendo até o chão? Tudo bem... Raul nos ensinou que é preferível ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.
Já somos castigados com o peso das tragédias, o barulho das buzinas, os ruídos dos conflitos. É pau, é pedra, é o fim do caminho. Há uma nuvem de lágrimas sobre os olhos, você está na lanterna dos afogados, o coração despedaçado. Mas, como um sopro, da janela do vizinho, entra o samba que reanima a mente. Floresce do fundo do nosso quintal a batida que ressuscita o ânimo, sintoniza a alegria e equaliza o fôlego. Levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima.
BITTAR, L. Disponível em: www.revistabula.com. Acesso em: 21 nov. 2021 (adaptado).
Defendendo a importância da música para o bem-estar e o equilíbrio emocional das pessoas, a autora usa, como recurso persuasivo, a
A autora utiliza como recurso persuasivo a intertextualidade para defender a importância da música como algo positivo para o bem-estar e equilíbrio emocional, citando trechos de letras consagradas da música brasileira, de compositores como Paulo Vanzolini, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Peninha, entre outros.
Portanto, alternativa "C".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
pessoas com suas malas
mochilas e valises
chegam e se vão
se encontram
se despedem
e se despem
de seus pertences
como se pudessem chegar
a algum lugar
onde elas mesmas
não estivessem
RUIZ, A. In: SANT’ANNA, A. Rua Aribau: coletânea de poemas. Porto Alegre: TAG, 2018.
Esse poema, por meio da ideia de deslocamento, metaforiza a tentativa de pessoas
Alice Ruiz utiliza termos que remetem a viagens, despedidas e desapego para metaforizar a tentativa de pessoas fugirem da própria identidade, uma vez que tais deslocamento têm como finalidade a chegada “a algum lugar/onde elas mesmas/não estivessem”.
Portanto, alternativa "B".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Falar errado é uma arte, Arnesto!
No dia 6 de agosto de 1910, Emma Riccini Rubinato pariu um garoto sapeca em Valinhos e deu a ele o nome de João Rubinato. Na escola, João não passou do terceiro ano. Não era a área dele, tinha de escolher outra. Fez o que apareceu. Foi ser garçom, metalúrgico, até virar radialista, comediante, ator de cinema e TV, cantor e compositor. De samba.
Como tinha sobrenome italiano, João resolveu mudar para emplacar seu samba. E como ia mudar o sobrenome, mudou o nome. Virou Adoniran Barbosa. O cara falava errado, voz rouca, pinta de malandro da roça. Virou ícone da música brasileira, o mais paulista de todos, falando errado e irritando Vinicius de Moraes, que ficou de bico fechado depois de ouvir a música que Adoniran fez para a letra Bom dia, tristeza, de autoria do Poetinha. Coisa de arrepiar.
Para toda essa gente que implicava, Adoniran tinha uma resposta neoerudita: “Gosto de samba e não foi fácil, pra mim, ser aceito como compositor, porque ninguém queria nada com as minhas letras que falavam ‘nóis vai’, ‘nóis fumo’, ‘nóis fizemo’, ‘nóis peguemo’. Acontece que é preciso saber falar errado. Falar errado é uma arte, senão vira deboche”.
Ele sabia o que fazia. Por isso dizia que falar errado era uma arte. A sua arte. Escolhida a dedo porque casava com seu tipo. O Samba do Arnesto é um monumento à fala errada, assim como Tiro ao Álvaro. O erudito podia resmungar, mas o povo se identificava.
PEREIRA, E. Disponível em: www.tribunapr.com.br. Acesso em: 8 jul. 2024 (adaptado).
O “falar errado” a que o texto se refere constitui um preconceito em relação ao uso que Adoniran Barbosa fazia da língua em suas composições, pois esse uso
Adoniran Barbosa, personagem sambista de João Rubinato, tem como uma de suas marcas a transgressão da norma-padrão da língua portuguesa. Utilizando expressões que reproduzem a fala popular, o compositor, intencional e conscientemente, inscreve os “erros gramaticais” como a essência de seu estilo.
Portanto, alternativa "E".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
O festival folclórico de Parintins, no Amazonas, anunciou que o Boi Caprichoso levou, em 2018, seu 23º título — contra 31 do adversário Boi Garantido. Desde o fim do evento que não paro de cantar duas músicas que aprendi no Bumbódromo (arena onde ocorre o espetáculo). Revezo entre “meu amor, eu sou feliz, ééé azul o meu país”, obviamente do boi azul, o Caprichoso; e “vermelhou o curral, a ideologia avermelhou”, do boi vermelho, o Garantido. Esse revezamento seria proibido em Parintins, cidade tão dividida entre as torcidas dos bois. Em Parintins, você tem de ter um lado. Há aqueles que tentam fugir e dizem que são “garanchoso”, com os quais me identifiquei, mas esses são vistos com certo desdém.
DYNIEWICZ, L. Disponível em: https://viagem.estadao.com.br. Acesso em: 22 nov. 2018 (adaptado).
A apropriação de elementos como rivalidade, competitividade, torcida e gritos de guerra pelo festival de Parintins evidencia a
O autor utiliza vocábulos como “contra”, “adversário”, “título”, “revezamento”, “torcidas”, além de afirmar que em Parintins é necessário ter um lado. Essas ocorrências demonstram que o excerto pretende aproximar o festival de Parintins a um evento esportivo, marcado por competitividade e rivalidade.
Portanto, alternativa "D".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
O Brasil somou cerca de 60 mil novos casos de câncer de mama até o final de 2019, número que corresponde a 25% de todos os diagnósticos da condição registrados no país, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Apesar de o Outubro Rosa ser o mês de conscientização sobre a questão voltada para as mulheres, é muito importante lembrar que um dos grandes mitos da medicina é o de que o câncer de mama não afeta o sexo masculino.
Fatores importantes para detectar o câncer de mama masculino:
1. Genética: se houver casos na família, as chances são um pouco mais elevadas.
2. Hormônios: homens podem desenvolver tecido real das glândulas mamárias por tomarem certos medicamentos ou apresentarem níveis hormonais anormais.
3. Caroços: é necessário que os médicos se atentem a alguns sintomas suspeitos, como um caroço na área do tórax.
4. Retração na pele: em situações mais graves do câncer de mama masculino, é possível também ocorrer uma retração do mamilo.
Disponível em: https://pebmed.com.br. Acesso em: 24 nov. 2021 (adaptado).
As informações dessa reportagem auxiliam no combate ao câncer de mama masculino por apresentarem um alerta sobre o(s)
A reportagem informa as características específicas do câncer de mama masculino. Assim, o texto auxilia no combate à doença por apresentar seus sinais indicadores.
Portanto, alternativa "A".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Feijoada à minha moda
Amiga Helena Sangirardi
Conforme um dia prometi
Onde, confesso que esqueci
E embora — perdoe — tão tarde
(Melhor do que nunca!) este poeta
Segundo manda a boa ética
Envia-lhe a receita (poética)
De sua feijoada completa.
Em atenção ao adiantado
Da hora em que abrimos o olho
O feijão deve, já catado
Nos esperar, feliz, de molho.
Uma vez cozido o feijão
(Umas quatro horas, fogo médio)
Nós, bocejando o nosso tédio
Nos chegaremos ao fogão
[...]
De carne-seca suculenta
Gordos paios, nédio toucinho
(Nunca orelhas de bacorinho
Que a tornam em excesso opulenta!)
[...]
Enquanto ao lado, em fogo brando
Desmilinguindo-se de gozo
Deve também se estar fritando
O torresminho delicioso
Em cuja gordura, de resto
(Melhor gordura nunca houve!)
Deve depois frigir a couve
Picada, em fogo alegre e presto. [...]
Dever cumprido. Nunca é vã
A palavra de um poeta... — jamais!
Abraça-a, em Brillat-Savarin,
O seu Vinicius de Moraes.
MORAES, V. In: CÍCERO, A.; QUEIROZ, E. (Org.). Vinicius de Moraes: nova antologia poética. São Paulo: Cia. das Letras, 2005 (fragmento).
Apesar de haver marcas formais de carta e receita, a característica que define esse texto como poema é o(a)
O gênero poema apresenta linguagem expressiva que valoriza a forma do texto em versos ao explorar a função poética da linguagem. Sendo assim, trata-se de um poema e não carta ou receita, ainda que registre algumas características desses dois gêneros.
Portanto, alternativa "D".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
TEXTO I
A fotografia de Regina Valkenborgh apresenta 2 953 arcos de luz cruzando o céu e registra o nascer e o pôr do sol ao longo de oito anos. Em 2012, essa estudante da Universidade de Hertfordshire colocou uma folha de papel fotográfico em uma lata com um pequeno orifício, criando assim uma câmera pinhole de baixa tecnologia. Porém, a lata foi esquecida em um telescópio no observatório da universidade. Esse projeto esquecido acabou revelando a foto do pôr do sol de maior exposição já tirada.
SANTOS, A. Disponível em: https://socientifica.com.br. Acesso em: 13 nov. 2021 (adaptado).
TEXTO II
Representação de 2 953 arcos de luz cruzando o céu, registrando o nascer e o pôr do sol ao longo de oito anos
VALKENBORGH, R. Fotografia. Reino Unido: Universidade Hertfordshire (2012-2020). Disponível em: www.thisiscolossal.com. Acesso em: 1 nov. 2022.
O experimento realizado por Regina Valkenborgh resultou no entendimento de que a
Uma câmera fotográfica de baixa tecnologia, esquecida em um telescópio, “acabou revelando a foto do pôr do sol de maior exposição já tirada”. O experimento fotográfico põe em evidência o fato de que o objeto de arte – a representação de 2953 arcos de luz cruzando o céu – “pode ser resultado do acaso”, ou de um mero indicidente, neste caso, o esquecimento da câmera em um observatório.
Portanto, alternativa "E".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Os Jogos Olímpicos já não são mais os mesmos. E isso não é nem uma crítica, nem um elogio. É uma constatação. Esse movimento começou com o vôlei de praia tornando-se esporte olímpico em 1996, passou pela chegada do BMX Racing como primeiro “radical” a entrar no programa em 2008, e agora atinge seu momento mais insólito com a inclusão do break dance como modalidade dos Jogos de Paris, em 2024. Para os mais tradicionalistas, o cruzamento da linha que delimitava o que é esporte e o que é cultura e arte é uma afronta ao espírito dos Jogos Olímpicos. Skate e surfe, que há anos têm competições na televisão, pareciam estar na divisa entre esses dois mundos, o limite do aceitável pelos puristas. O break dance estaria do lado de “lá” dessa fronteira. Para o Comitê Olímpico Internacional, a decisão faz parte de uma estratégia de se comunicar com jovens urbanos que se exercitam e se entretêm de uma maneira muito diferente da dos seus avós.
Disponível em: www.uol.com.br. Acesso em: 19 nov. 2021 (adaptado).
A mudança no programa olímpico mencionada no texto mostra que o esporte está se
Por meio de uma abordagem histórica dos jogos olímpicos ao longo de três décadas, o texto revela que algumas modalidades esportivas, como o break dance, foram incluídas no programa olímpico como consequência de mudanças culturais e geracionais ocorridas na sociedade.
Portanto, alternativa "E".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
(ENEM 2024 - 1ª Aplicação).
Memes e fake news: o impacto na educação das crianças
Há quem diga que o Brasil nunca mais foi o mesmo depois dos memes. Na economia da velocidade, alguns apostam no humor, outros no engajamento político, e tem gente investindo alto na mentira também. Diante desse cenário, uma pergunta se torna essencial: será que todo mundo está conseguindo traduzir as mensagens postadas, curtidas e compartilhadas?
Essa dúvida incentivou uma professora de língua portuguesa a desenvolver uma proposta de leitura e análise crítica de memes com estudantes do ensino fundamental, na rede pública do Distrito Federal, na cidade de Samambaia. “Percebi que muitos alunos e pais estavam divulgando conteúdos sem saber o que havia por trás das palavras”, relata a professora.
“O que antes era engraçado para os alunos passou a ser visto com outros olhos”, afirma a professora. Para ela, que utilizou a representação da criança em memes de WhatsApp como material gerador das discussões em sala de aula, aguçar o olhar sobre essas mensagens impacta diretamente a atitude de postar, curtir e compartilhar conteúdos ao estimular o uso consciente da informação que circula nas plataformas de mídia social.
Letramento político e midiático é um desafio intergeracional. Em tempos de notícias falsas, de imagens manipuladas e de memes sendo usados como triunfo da verdade de cada um, checagem de informação e interpretação de texto acabam se tornando moedas valiosas.
Disponível em: https://lunetas.com.br. Acesso em: 15 jan. 2024 (adaptado).
Ao abordar a relação dos memes com a educação, a reportagem sustenta uma crítica à
O texto explicita uma crítica à prática de divulgar conteúdos falsos ou maliciosos pelas redes sociais, descrita no trecho pela atitude de disseminá-los “sem saber o que havia por detrás das palavras”. Para combater esse comportamento, a professora fez com que, a partir do “letramento político e midiático”, postagens que, a princípio foram mal interpretadas pelos alunos, fossem compreendidas como exemplos de manipulação e desinformação.
Portanto, alternativa "B".
(Créditos da resolução: Curso Objetivo)
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