quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

ENEM_Linguagens_Códigos_2018_2ªAp

ENEM 2018 - 2ª APLICAÇÃO
ENEM 2018 - LINGUAGENS E CÓDIGOS - 2ª APLICAÇÃO

01
(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

TEXTO I

    Por “complexo de vira-latas” entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em todos os setores e, sobretudo, no futebol. Dizer que nós nos julgamos “os maiores” é uma cínica inverdade. Em Wembley, por que perdemos? Porque, diante do quadro inglês, louro e sardento, a equipe brasileira ganiu de humildade. Jamais foi tão evidente e, eu diria mesmo, espetacular o nosso vira-latismo [...]. É um problema de fé em si mesmo. O brasileiro precisa se convencer de que não é um vira-latas.

RODRIGUES, N. À sombra das chuteiras imortais. São Paulo: Cia. das Letras, 1993.

TEXTO II

   A melhor banda de todos os tempos da última semana

   As músicas mais pedidas

   Os discos que vendem mais

   As novidades antigas

   Nas páginas dos jornais

   Um idiota em inglês

   Se é idiota, é bem menos que nós

   Um idiota em inglês

   É bem melhor do que eu e vocês

   A melhor banda de todos os tempos da última semana

   O melhor disco brasileiro de música americana

   O melhor disco dos últimos anos de sucessos do passado

   O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores fracassos

TITÃS. A melhor banda de todos os tempos da última semana. São Paulo: Abril Music, 2001 (fragmento).

O verso do Texto II que estabelece a adequada relação temática com “o nosso vira-latismo”, presente no Texto I, é:

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O verso do Texto II que estabelece a adequada relação temática com “o nosso vira-latismo”, presente no Texto I, é “O melhor disco brasileiro de música americana”.


02
(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

Disponível em: http://arquivo-x.webnode.com. Acesso em: 5 dez. 2012.

Em sua conversa com o pai, Calvin busca persuadi-lo, recorrendo à estratégia argumentativa de

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Em sua conversa com o pai, Calvin busca persuadi-lo, recorrendo à estratégia argumentativa de atribuir seu ponto de vista a terceiros para respaldar suas intenções.


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Deserto de sal

O silêncio ajuda a compor a trilha que se ouve na caminhada pelo Salar de Atacama.

   Com 100 quilômetros de extensão, o Salar de Atacama é o terceiro maior deserto de sal do mundo. De acordo com estudo publicado pela Universidade do Chile, o Salar de Atacama é uma depressão de 3 500 quilômetros quadrados entre a Cordilheira dos Andes e a Cordilheira de Domeiko. Sua origem está no movimento das placas tectônicas. Mais tarde, a água evaporou-se e, desta forma, surgiram os desertos de sal do Atacama. Além da crosta de sal que recobre a superfície, há lagoas formadas pelo degelo de neve acumulada nas montanhas.

FORNER, V. Terra da Gente, n. 96, abr. 2012.

Os gêneros textuais são textos materializados que circulam socialmente. O texto Deserto de sal foi veiculado em uma revista de circulação mensal. Pelas estratégias linguísticas exploradas, conclui-se que o fragmento apresentado pertence ao gênero

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Pelas estratégias linguísticas exploradas, conclui-se que o fragmento apresentado pertence ao gênero reportagem, pela apresentação de informações e de dados sobre o Salar de Atacama.


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   bom... o... eu tenho impressão que o rádio provocou uma revolução... no país na medida que:... ahn principalmente o rádio de pilha né? quer dizer o rádio de pilha representou a quebra de um isolamento do homem do campo principalmente quer dizer então o homem do campo que nunca teria condição de ouvir... falar... de outras coisas... de outros lugares... de outras pessoas, entende? através do rádio de pilha... ele pôde se ligar ao resto do mundo saber que existem outros lugares outras pessoas, que existe um governo, que existem atos do governo... de modo que... o rádio, eu acho que tem um papel até... numa certa medida... ele provocou pelo alcance que tem uma revolução até maior do que a televisão... o que significou a quebra do isolamento... entende? de certas pessoas... a gente vê hoje o operário de obra com o rádio de pilha debaixo do braço durante todo o tempo que ele está trabalhando... quer dizer... se esse canal que é o rádio fosse usado da mesma forma como eu mencionei a televisão... num sentido cultural educativo de boas músicas e de... numa linha realmente de crescimento do homem [...] Esses veículos... de telecomunicações se colocassem a serviço da cultura e da educação seria uma beleza, né?

CASTILHO, A. T.; PRETTI, D. (Org.). A linguagem falada na cidade de São Paulo: materiais para seu estudo. São Paulo: T. A. Queiroz; Fapesp, 1987.

A palavra comunicação origina-se do latim communicare e significa “tornar comum”, “repartir”. Nessa transcrição de entrevista, reafirma-se esse papel dos meios de comunicação de massa porque o rádio poderia

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Nessa transcrição de entrevista, reafirma-se esse papel dos meios de comunicação de massa porque o rádio poderia trazer oportunidades de aprimoramento intelectual, permitindo ao homem o acesso a informações e a bens culturais.


05
(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

   Quantos há que os telhados têm vidrosos

   E deixam de atirar sua pedrada,

   De sua mesma telha receiosos.

   Adeus, praia, adeus, ribeira,

   De regatões tabaquista,

   Que vende gato por lebre

   Querendo enganar a vista.

   Nenhum modo de desculpa

   Tendes, que valer-vos possa:

   Que se o cão entra na igreja,

   É porque acha aberta a porta.

GUERRA, G. M. In: LIMA, R. T. Abecê de folclore. São Paulo: Martins Fontes, 2003 (fragmento).

Ao organizar as informações, no processo de construção do texto, o autor estabelece sua intenção comunicativa. Nesse poema, Gregório de Matos explora os ditados populares com o objetivo de

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Nesse poema, Gregório de Matos explora os ditados populares com o objetivo de criticar comportamentos.


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(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

Uma língua, múltiplos falares

   Desde suas origens, o Brasil tem uma língua dividida em falares diversos. Mesmo antes da chegada dos portugueses, o território brasileiro já era multilíngue. Havia cerca de 1,2 mil línguas faladas pelos povos indígenas. O português trazido pelo colonizador tampouco era uma língua homogênea, havia variações dependendo da região de Portugal de onde ele vinha. Há de se considerar também que a chegada de falantes de português acontece em diferentes etapas, em momentos históricos específicos. Na cidade de São Paulo, por exemplo, temos primeiramente o encontro linguístico de portugueses com índios e, além dos negros da África, vieram italianos, japoneses, alemães, árabes, todos com suas línguas. “Todo este processo vai produzindo diversidades linguísticas que caracterizam falares diferentes”, afirma um linguista da Unicamp. Daí que na mesma São Paulo pode-se encontrar modos de falar distintos como o de Adoniran Barbosa, que eternizou em suas composições o sotaque típico de um filho de imigrantes italianos, ou o chamado erre retroflexo, aquele erre dobrado que, junto com a letra i, resulta naquele jeito de falar “cairne” e “poirta” característico do interior de São Paulo.

MARIUZZO, P. Disponível em: www.labjor.unicamp.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).

A partir desse breve histórico da língua portuguesa no Brasil, um dos elementos de identidade nacional, entende-se que a diversidade linguística é resultado da

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A partir desse breve histórico da língua portuguesa no Brasil, um dos elementos de identidade nacional, entende-se que a diversidade linguística é resultado da interação entre os falantes de línguas e culturas diferentes.


07
(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

Para que serve a tecnologia

Computador

   “Com os computadores e a internet, mudei muito. A Lian de hoje é totalmente diferente daquela de antes da informática. Me abriu portas e, além de tudo, fui aceita por pessoas que achava que não iriam me aceitar. Com a internet, viajei o mundo. Fui até Portugal e à África. Eu nem sabia que lá a realidade era tão forte. Perto deles, estamos até muito bem.” – Tânia “Lian” Silva, 26, índia pankararu.

TV

   “Eu gosto muito de televisão. Assisto às novelas, me divirto muito. Mas, ao mesmo tempo, sei que aquilo tudo que passa lá não é verdade. É tudo uma ilusão.” – Valentina Maria Vieira dos Santos, 89, índia fulni-ô da aldeia Xixi a cla.

MP3 Player

    “Cuido do meu tocador de MP3 como se fosse um tesouro. É um pen drive simples, mas é muito especial para mim. Nele ouço músicas indígenas e bandas da própria aldeia. Ele vive emprestado porque acaba sendo a diversão da aldeia inteira. Uso até para exibir uns vídeos que baixo da internet. Basta colocar no aparelho de DVD com entrada USB que tenho.” – Jailton Pankararu, 23, índio pankararu.

Disponível em: www2.uol.com.br. Acesso em: 1 ago. 2012.

Os depoimentos apresentados no texto retratam o modo como diferentes gerações indígenas relatam suas experiências com os artefatos tecnológicos. Os comentários revelam

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Os comentários revelam um elogio à utilidade da tecnologia no cotidiano indígena.


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(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

Disponível em: www.pedal.com.br. Acesso em: 3 jul. 2014 (adaptado).

No texto, o uso da linguagem verbal e não verbal atende à finalidade de

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No texto, o uso da linguagem verbal e não verbal atende à finalidade de propor mudanças de postura por parte de motoristas no trânsito.


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   O tradicional ornato para cabelos, a tiara ou diadema, já foi uma exclusividade feminina. Na origem, tanto “tiara” quanto “diadema” eram palavras de bom berço. “Tiara” nomeava o adorno que era o signo de poder entre os poderosos da Pérsia antiga e povos como os frísios, os bizantinos e os etíopes. A palavra foi incorporada do Oriente pela Grécia e chegou até nós por via latina, para quem queria referir-se à mitra usada pelos persas. Diadema era a faixa ou tira de linho fino colocado na cabeça pelos antigos latinos, herança do derivado grego para diádo (atar em volta, segundo o Houaiss). No Brasil, a forma de arco ou de laço das tiaras e alguns usos específicos (o nordestino “gigolete” faz alusão ao ornato usado por cafetinas, versões femininas do “gigolô”) produziram novos sinônimos regionais do objeto.

Os sinônimos da tiara. Língua Portuguesa, n. 23, 2007 (adaptado).

No texto, relata-se que o nome de um enfeite para cabelo assumiu diferentes denominações ao longo da história. Essa variação justifica-se pelo(a)

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Essa variação justifica-se pelo a utilização do objeto por um grupo social.


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Glossário diferenciado

    Outro dia vi um anúncio de alguma coisa que não lembro o que era (como vocês podem deduzir, o anúncio era péssimo). Lembro apenas que o produto era diferenciado, funcional e sustentável. Pensando nisso, fiz um glossário de termos diferenciados e suas respectivas funcionalidades.

   Diferenciado: um adjetivo que define um substantivo mas também o sujeito que o está usando. Quem fala “diferenciado” poderia falar “diferente”. Mas escolheu uma palavra diferenciada. Porque ele quer mostrar que ele próprio é “diferenciado”. Essa é a função da palavra “diferenciado”: diferenciar-se. Por diferençado, entenda: “mais caro”. Estudos indicam que a palavra “diferenciado” representa um aumento de 50% no valor do produto. É uma palavra que faz a diferença.

DUVIVIER, G. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 17 nov. 2014 (adaptado).

Os gêneros são definidos, entre outros fatores, por sua função social. Nesse texto, um verbete foi criado pelo autor para

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Os gêneros são definidos, entre outros fatores, por sua função social. Nesse texto, um verbete foi criado pelo autor para mostrar um posicionamento crítico.


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AMARAL, T. EFCB. Óleo sobre tela. 56 cm x 65 cm, 1924. Disponível em: www.wikiart.org. Acesso em: 11 fev. 2015.

Uma das funções da obra de arte é representar o contexto sociocultural ao qual ela pertence. Produzida na primeira metade do século XX, a Estrada de Ferro Central do Brasil evidencia o processo de modernização pela

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Produzida na primeira metade do século XX, a Estrada de Ferro Central do Brasil evidencia o processo de modernização pela sobreposição de elementos.


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   E fui mostrar ao ilustre hóspede [o governador do Estado] a serraria, o descaroçador e o estábulo. Expliquei em resumo a prensa, o dínamo, as serras e o banheiro carrapaticida. De repente supus que a escola poderia trazer a benevolência do governador para certos favores que eu tencionava solicitar.

   — Pois sim senhor. Quando V. Exª. vier aqui outra vez, encontrará essa gente aprendendo cartilha.

RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 1991.

O fragmento do romance de Graciliano Ramos dialoga com o contexto da Primeira República no Brasil, ao focalizar o(a)

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O fragmento do romance de Graciliano Ramos dialoga com o contexto da Primeira República no Brasil, ao focalizar a aliança entre a elite agrária e os dirigentes políticos.


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    Não há dúvidas de que, nos últimos tempos, em função da velocidade, do volume e da variedade da geração de informações, questões referentes à disseminação, ao armazenamento e ao acesso de dados têm se tornado complexas, de modo a desafiar homens e máquinas. Por meio de sistemas financeiros, de transporte, de segurança e de comunicação interpessoal – representados pelos mais variados dispositivos, de cartões de crédito a trens, aviões, passaportes e telefones celulares –, circulam fluxos informacionais que carregam o DNA da vida cotidiana do indivíduo contemporâneo. Para além do referido cenário informacional contemporâneo, percebe-se, nos contextos governamentais, um esforço – gerado por leis e decretos, ou mesmo por pressões democráticas – em disseminar informações de interesse público. No Brasil, está em vigor, desde maio de 2012, a Lei de Acesso à Informação n. 12.527. Em linhas gerais, a legislação regulamenta o direito à informação, já garantido na Constituição Federal, obrigando órgãos públicos a divulgarem os seus dados.

SILVA JR., M. G. Vigiar, punir e viver. Minas faz Ciência, n. 58, 2014 (adaptado).

As Tecnologias de Informação e Comunicação propiciam à sociedade contemporânea o acesso à grande quantidade de dados públicos e privados. De acordo com o texto, essa nova realidade promove

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De acordo com o texto, essa nova realidade promove transparência na relação entre governo e cidadãos.


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   “Escrever não é uma questão apenas de satisfação pessoal”, disse o filósofo e educador pernambucano Paulo Freire, na abertura de suas Cartas a Cristina, revelando a importância do hábito ritualizado da escrita para o desenvolvimento de suas ideias, para a concretização de sua missão e disseminação de seus pontos de vista. Freire destaca especial importância à escrita pelo desejo de “convencer outras pessoas”, de transmitir seus pensamentos e de engajar aqueles que o leem na realização de seus sonhos.

KNAPP, L. Linha fina. Comunicação Empresarial, n. 88, out. 2013.

Segundo o fragmento, para Paulo Freire, os textos devem exercer, em alguma medida, a função conativa, porque a atividade de escrita, notadamente, possibilita

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Segundo o fragmento, para Paulo Freire, os textos devem exercer, em alguma medida, a função conativa, porque a atividade de escrita, notadamente, possibilita levar o leitor a realizar ações.


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(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

   Qualquer que tivesse sido o seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele.

    O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros contraídos. Em vez de nó na garganta, tinha ombros contraídos. Usava paletó curto demais, óculos sem aro, com um fio de ouro encimando o nariz grosso e romano. E eu era atraída por ele. Não amor, mas atraída pelo seu silêncio e pela controlada impaciência que ele tinha em nos ensinar e que, ofendida, eu adivinhara. Passei a me comportar mal na sala. Falava muito alto, mexia com os colegas, interrompia a lição com piadinhas, até que ele dizia, vermelho:

    — Cale-se ou expulso a senhora da sala. Ferida, triunfante, eu respondia em desafio: pode me mandar! Ele não mandava, senão estaria me obedecendo. Mas eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser objeto do ódio daquele homem que de certo modo eu amava. Não o amava como a mulher que eu seria um dia, amava-o como uma criança que tenta desastradamente proteger um adulto, com a cólera de quem ainda não foi covarde e vê um homem forte de ombros tão curvos.

LISPECTOR, C. Os desastres de Sofia. In: A legião estrangeira. São Paulo: Ática, 1997.

Entre os elementos constitutivos dos gêneros está a sua própria estrutura composicional, que pode apresentar um ou mais tipos textuais, considerando-se o objetivo do autor. Nesse fragmento, a sequência textual que caracteriza o gênero conto é a

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Nesse fragmento, a sequência textual que caracteriza o gênero conto é a narrativa, em que se contam fatos ocorridos com o professor e a aluna em certo tempo e lugar.


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Disponível em: http://portal.iphan.gov.br. Acesso em: 11 mar. 2016.

Os azulejos das fachadas do centro histórico de São Luís (MA) integram o patrimônio cultural da humanidade reconhecido pela Unesco. A técnica artística utilizada para a produção desses revestimentos advém das

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A técnica artística utilizada para a produção desses revestimentos advém das confluências de diferentes saberes do Oriente Médio e da Europa.


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   A ascensão das novas tecnologias de comunicação causou alvoroço, quando não gerou discursos apocalípticos acerca da finitude dos objetos nos quais se ancorava a cultura letrada. As atenções voltaram-se, sobretudo, para o mais difundido de todos esses objetos: o livro impresso. A crer nesses diagnósticos sombrios, os livros e a noção romântica de autoria estavam fadados ao desaparecimento. O triunfo do hipertexto e a difusão dos e-books inscreveriam um marco na linha do tempo, semelhante aos daqueles suscitados pelo advento da escrita e da “revolução do impresso”. Decerto porque as mudanças no padrão tecnológico de comunicação alteram práticas e representações culturais. Contudo, os investigadores insistem que uma perspectiva evolutiva e progressiva acaba por obscurecer o fato de que as normas, as funções e os usos da cultura letrada não são compartilhados de maneira igual, como também não anulam as formas precedentes.

   Apesar dos avanços, a história da leitura não pode restringir seu interesse ao livro, tendo de considerar outras formas de impresso de ampla circulação e suportes de textos não impressos. Isso é particularmente relevante no Brasil, onde a imprensa aportou tardiamente e o letramento custou a se espalhar pela sociedade.

SCHAPOCHNIK, N. Cultura letrada: objetos e práticas – uma introdução. In: ABREU, M.; SCHAPOCHNIK, N. (Org.). Cultura letrada no Brasil: objetos e práticas. Campinas: Mercado das Letras, 2005 (adaptado).

Nesse texto, ao abordar o desenvolvimento da cultura letrada no país, o autor defende a ideia de que

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Nesse texto, ao abordar o desenvolvimento da cultura letrada no país, o autor defende a ideia de que práticas distintas constroem a história da leitura.


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Filha do compositor Paulo Leminski lança disco com suas canções

“Leminskanções” dá novos arranjos a 24 composições do poeta

   Frequentemente, a cantora e compositora Estrela Ruiz é questionada sobre a influência da poesia de seu pai, Paulo Leminski, na música que ela produz. “A minha infância foi música, música, música”, responde veementemente, lembrando que, antes de poeta, Leminski era compositor.

    Estrela frisa a faceta musical do pai em Leminskanções. Duplo, o álbum soma Essa noite vai ter sol, com 13 composições assinadas apenas por Leminski, e Se nem for terra, se transformar, que tem 11 parcerias com nomes como sua mulher, Alice Ruiz, com quem compôs uma única faixa, Itamar Assumpção e Moraes Moreira.

BOMFIM, M. Disponível em: http://cultura.estadao.com.br. Acesso em: 22 ago. 2014 (adaptado).

Os gêneros textuais são caracterizados por meio de seus recursos expressivos e suas intenções comunicativas. Esse texto enquadra-se no gênero

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Esse texto enquadra-se no gênero notícia, por informar ao leitor sobre o lançamento do disco.


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    Ocorre que a grande obra nunca é apenas a tradução do engenho e arte do seu autor, seja este escritor, filósofo, cientista, pintor, músico, arquiteto, escultor, cineasta. Em geral, a grande obra é também, ou mesmo principalmente, a expressão do clima sociocultural, intelectual, científico, filosófico e artístico da época, conforme se expressa em alguma coletividade, grupo social, etnia, gênero ou povo.

IANNI, O. Variações sobre arte e ciência. Tempo Social, n. 1, jun. 2004.

O fragmento define o que é uma grande obra de arte. Como estratégia de construção do texto, o autor faz uso recorrente de

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O fragmento define o que é uma grande obra de arte. Como estratégia de construção do texto, o autor faz uso recorrente de enumerações para sustentar o ponto de vista apresentado.


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Cores do Brasil

    Ganhou nova versão, revista e ampliada, o livro lançado em 1988 pelo galerista Jacques Ardies, cuja proposta é ser publicação informativa sobre nomes do “movimento arte naïf do Brasil”, como define o autor. Trata-se de um caminho estético fundamental na arte brasileira, assegura Ardies. O termo em francês foi adotado por designar internacionalmente a produção que no Brasil é chamada de arte popular ou primitivismo, esclarece Ardies. O organizador do livro explica que a obra não tem a pretensão de ser um dicionário. “Falta muita gente. São muitos artistas”, observa. A nova edição veio da vontade de atualizar informações publicadas há 26 anos. Ela incluiu artistas em atividade atualmente e veteranos que ficaram de fora do primeiro livro. A arte naïf no Brasil 2 traz 79 autores de várias regiões do Brasil.

WALTER SEBASTIÃO. Estado de Minas, 17 jan. 2015 (adaptado).

O fragmento do texto jornalístico aborda o lançamento de um livro sobre arte naïf no Brasil. Na organização desse trecho predomina o uso da sequência

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Na organização desse trecho predomina o uso da sequência expositiva, composta por informações sobre a arte naïf.


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Reclame

   se o mundo não vai bem

   a seus olhos, use lentes

   ... ou transforme o mundo.

   ótica olho vivo

   agradece a preferência.

CHACAL. Disponível em: www.escritas.org. Acesso em: 14 ago. 2014.

Os gêneros podem ser híbridos, mesclando características de diferentes composições textuais que circulam socialmente. Nesse poema, o autor preservou, do gênero publicitário, a seguinte característica:

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Nesse poema, o autor preservou, do gênero publicitário, a seguinte característica: Emprego da injunção.


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KIM, L. Cry me a river. Instalação com camisas de força, pia, baldes, torneira, espelho, lâmpada, 2001. CANTON, K. As nuances da cidade. Bravo!, n. 54, mar. 2002.

A imagem reproduz a instalação da paulista Lina Kim, apresentada na 25ª Bienal de São Paulo em março de 2002. Nessa obra, a artista se utiliza de elementos dispostos num determinado ambiente para propor que o observador reconheça o(a)

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Nessa obra, a artista se utiliza de elementos dispostos num determinado ambiente para propor que o observador reconheça o questionamento do que seja razão.


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    Para os chineses da dinastia Ming, talvez as favelas cariocas fossem lugares nobres e seguros: acreditava-se por lá, assim como em boa parte do Oriente, que os espíritos malévolos só viajam em linha reta. Em vielas sinuosas, portanto, estaríamos livres de assombrações malditas. Qualidades sobrenaturais não são as únicas razões para considerarmos as favelas um modelo urbano viável, merecedor de investimentos infraestruturais em escala maciça. Lugares com conhecidos e sérios problemas, elas podem ser também solução para uma série de desafios das cidades hoje. Contanto que não sejam encaradas com olhar pitoresco ou preconceituoso.

As favelas são, afinal, produto direto do urbanismo moderno e sua história se confunde com a formação do Brasil. CARVALHO, B. A favela e sua hora. Piauí, n. 67, abr. 2012.

Os enunciados que compõem os textos encadeiam-se por meio de elementos linguísticos que contribuem para construir diferentes relações de sentido. No trecho “Em vielas sinuosas, portanto, estaríamos livres de assombrações malditas”, o conector “portanto” estabelece a mesma relação semântica que ocorre em

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No trecho “Em vielas sinuosas, portanto, estaríamos livres de assombrações malditas”, o conector “portanto” estabelece a mesma relação semântica que ocorre em “As favelas são, afinal, produto direto do urbanismo moderno [...].”


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(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

TEXTO I

ERNESTO NETO. Dancing on the Cutting Edge. Instalação interativa, 2004. Disponível em: http://dailyserving.com. Acesso em: 29 nov. 2013.

TEXTO II

   Os artistas, liberados do peso da história, ficavam livres para fazer arte da maneira que desejassem ou mesmo sem nenhuma finalidade. Essa é a marca da arte contemporânea, e não é para menos que, em contraste com o Modernismo, não existe essa coisa de estilo contemporâneo.

DANTO, A. Após o fim da arte: a arte contemporânea e os limites da história. São Paulo: Odysseus, 2006.

A obra de Ernesto Neto revela a liberdade de criação abordada no texto ao

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A obra de Ernesto Neto revela a liberdade de criação abordada no texto ao envolver o espectador ao promover sua interação com a obra.


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    Olhando o gavião no telhado, Hélio fala:

   — Esta noite eu sonhei um sonho engraçado.

   — Como é que foi? — pergunta o pai.

   — Quer dizer, não é bem engraçado não. É sobre uma casa de joão-de-barro que a gente descobriu ali no jacarandá.

   — A gente, quem?

   — Eu mais o Timinho.

   — O que tinha dentro?

   — Um ninho.

   — Vazio?

   — Não.

   — Tinha ovo?

   — Tinha.

   — Quantos? — pergunta a mãe.

   Hélio fica na dúvida. Não consegue lembrar direito.

   Todos esperam, interessados. Na maior aflição, ele pergunta ao irmão mais novo:

   — Quantos ovos tinha mesmo, Timinho? Ocê lembra?

ROMANO, O. O ninho. In: Casos de Minas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

Esse texto pertence ao gênero textual caso ou “causo”, narrativa popular que tem o intuito de

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Esse texto pertence ao gênero textual caso ou “causo”, narrativa popular que tem o intuito de relatar fatos do cotidiano de maneira cômica.


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(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

TEXTO I

MUYBRIDGE, E. Cavalo em movimento. Fotografia. Universidade do Texas, Austin, cerca de 1886. Disponível em: www.utexasaustin.edu. Acesso em: 31 ago. 2016 (adaptado).

TEXTO II

GÉRICAULT, T. Corrida de cavalos ou O Derby de 1821 em Epson. Óleo sobre tela, 92 x 123 cm. Museu do Louvre, Paris. Disponível em: www.louvre.fr. Acesso em: 31 ago. 2016.

TEXTO III

   A arte pode estar, às vezes, muito mais preparada do que a ciência para captar o devir e a fluidez do mundo, pois o artista não quer manipular, mas sim “habitar” as coisas. O famoso artista francês Rodin, no seu livro L’Art (A Arte, 1911), comenta que a técnica de fotografia em série, mostrando todos os momentos do galope de um cavalo em diversos quadros, apesar de seu grande realismo, não é capaz de capturar o movimento. O corpo do animal é fotografado em diferentes posições, mas ele não parece estar galopando: “na imagem científica [fotográfica], o tempo é suspenso bruscamente”.

   Para Rodin, um pintor é capaz, em única cena, de nos transmitir a experiência de ver um cavalo de corrida, e isso porque ele representa o animal em um movimento ambíguo, em que os membros traseiros e dianteiros parecem estar em instantes diferentes. Rodin diz que essa exposição talvez seja logicamente inconcebível, mas é paradoxalmente muito mais adequada à maneira como o movimento se dá: “o artista é verdadeiro e a fotografia mentirosa, pois na realidade o tempo não para”.

FEITOSA, C. Explicando a filosofia com arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.

Observando-se as imagens (Textos I e II), o paradoxo apontado por Rodin (Texto III) procede e cria uma maneira original de perceber a relação entre a arte e a técnica, porque o(a)

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Observando-se as imagens (Textos I e II), o paradoxo apontado por Rodin (Texto III) procede e cria uma maneira original de perceber a relação entre a arte e a técnica, porque a pintura inverte a lógica comumente aceita de que a fotografia faz um registro objetivo e fidedigno da realidade.


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(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

   esse cão que me segue

   é minha família, minha vida

   ele tem frio mas não late nem pede

   ele sabe que o que eu tenho

   divido com ele, o que eu não tenho

   também divido com ele

   ele é meu irmão

   ele é que é meu dono

   bicho se é por destino sina ou sorte

   só faltando saber se bicho decente

   bicho de casa, bicho de carro, bicho

   no trânsito, se bicho sem norte na fila

   se bicho no mangue, se bicho na brecha

   se bicho na mira, se bicho no sangue

   catar papel é profissão, catar papel

   revela o segredo das coisas, tem

   muita coisa sendo jogada fora

   muita pessoa sendo jogada fora

OLIVEIRA, V. L. O músculo amargo do mundo. São Paulo: Escrituras, 2014.

No poema, os elementos presentes do campo de percepção do eu lírico evocam um realinhamento de significados, uma vez que

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No poema, os elementos presentes do campo de percepção do eu lírico evocam um realinhamento de significados, uma vez que emerge a consciência do humano como matéria de descarte.


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(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

    A orquestra atacou o tema que tantas vezes ouvi na vitrola de Matilde. Le maxixe!, exclamou o francês [...] e nos pediu que dançássemos para ele ver. Mas eu só sabia dançar a valsa, e respondi que ele me honraria tirando minha mulher. No meio do salão os dois se abraçaram e assim permaneceram, a se encarar. Súbito ele a girou em meia-volta, depois recuou o pé esquerdo, enquanto com o direito Matilde dava um longo passo adiante, e os dois estacaram mais um tempo, ela arqueada sobre o corpo dele. Era uma coreografia precisa, e me admirou que minha mulher conhecesse aqueles passos. O casal se entendia à perfeição, mas logo distingui o que nele foi ensinado do que era nela natural. O francês, muito alto, era um boneco de varas, jogando com uma boneca de pano. Talvez pelo contraste, ela brilhava entre dezenas de dançarinos, e notei que todo o cabaré se extasiava com a sua exibição. Todavia, olhando bem, eram pessoas vestidas, ornadas, pintadas com deselegância, e foi me parecendo que também em Matilde, em seus movimentos de ombros e quadris, havia excesso. A orquestra não dava pausa, a música era repetitiva, a dança se revelou vulgar, pela primeira vez julguei meio vulgar a mulher com quem eu tinha me casado. Depois de meia hora eles voltaram se abanando, e escorria suor pelo colo de Matilde decote abaixo. Bravô, eu gritei, bravô, e ainda os estimulei a dançar o próximo tango, mas Dubosc disse que já era tarde, e que eu tinha um ar fatigado.

CHICO BUARQUE. Leite derramado. São Paulo: Cia. das Letras, 2009.

Os recursos expressivos de um texto literário fornecem pistas aos leitores sobre a percepção dos personagens em relação aos eventos da narrativa. No fragmento, constitui um aspecto relevante para a compreensão das intenções do narrador a

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No fragmento, constitui um aspecto relevante para a compreensão das intenções do narrador a demonstração de ciúmes, expressa pela desqualificação dos participantes da cena narrada.


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(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

TEXTO I

ATAÍDE, M. C. Coroação de Nossa Senhora de Porciúncula. Detalhe da pintura do forro da nave da Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto. 1801-12. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br. Acesso em: 30 out. 2015.

TEXTO II

    Manuel da Costa Ataíde (Mariana, MG, 1762-1830), assim como os demais artistas do seu tempo, recorria a bíblias e a missais impressos na Europa como ponto de partida para a seleção iconográfica das suas composições, que então recriava com inventiva liberdade. Se Mário de Andrade houvesse conseguido a oportunidade de acesso aos meios de aproximação ótica da pintura dos forros de Manuel da Costa Ataíde, imaginamos como não teria vibrado com o mulatismo das figuras do mestre marianense, ratificando, ao lado de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, a sua percepção pioneira de um surto de racialidade brasileira em nossa terra, em pleno século XVIII.

FROTA, L. C. Ataíde: vida e obra de Manuel da Costa Ataíde. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.

O Texto II destaca a inovação na representação artística setecentista, expressa no Texto I pela

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O Texto II destaca a inovação na representação artística setecentista, expressa no Texto I pela incorporação de características identitárias.


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(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

Gaetaninho

   Ali na Rua do Oriente a ralé quando muito andava de bonde. De automóvel ou de carro só mesmo em dia de enterro. De enterro ou de casamento. Por isso mesmo o sonho de Gaetaninho era de realização muito difícil.

   Um sonho. [...]

   — Traga a bola! Gaetaninho saiu correndo.

   Antes de alcançar a bola um bonde o pegou. Pegou e matou.

   No bonde vinha o pai do Gaetaninho.

   A gurizada assustada espalhou a notícia na noite.

   — Sabe o Gaetaninho?

   — Que é que tem?

   — Amassou o bonde!

   A vizinhança limpou com benzina suas roupas domingueiras.

   Às dezesseis horas do dia seguinte saiu um enterro da Rua do Oriente e Gaetaninho não ia na boleia de nenhum dos carros do acompanhamento. Ia no da frente dentro de um caixão fechado com flores pobres por cima. Vestia a roupa marinheira, tinha as ligas, mas não levava a palhetinha.

   Quem na boleia de um dos carros do cortejo mirim exibia soberbo terno vermelho que feria a vista da gente era o Beppino.

MACHADO, A. A. Brás, Bexiga e Barra Funda: notícias de São Paulo. Belo Horizonte; Rio de Janeiro: Vila Rica, 1994.

Situada no contexto da modernização da cidade de São Paulo na década de 1920, a narrativa utiliza recursos expressivos inovadores, como

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Situada no contexto da modernização da cidade de São Paulo na década de 1920, a narrativa utiliza recursos expressivos inovadores, como o registro informal da linguagem e o emprego de frases curtas.


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(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

   Vez por outra, indo devolver um filme na locadora ou almoçar no árabe da rua de baixo, dobro uma esquina e tomo um susto. Ué, cadê o quarteirão que estava aqui? Onde na véspera havia casinhas geminadas, roseiras cuidadas por velhotas e janelas de adolescentes, cheias de adesivos, há apenas uma imensa cratera, cercada de tapumes. [...]

   Em breve, do buraco brotará um prédio, com grandes garagens e minúsculas varandas, e será batizado de Arizona Hills, ou Maison Lacroix, ou Plaza de Marbella, e isso me entristece. Não só porque ficará mais feio meu caminho até a locadora, ou até o árabe na rua de baixo, mas porque é meu bairro que morre, devagarinho. Os bairros, como os homens, também têm um espírito. [...]

   Às vezes, no fim da tarde, quando ouço o sino da igreja da Caiubi badalar seis vezes, quase acredito que estou numa cidade do interior. Aí saio para devolver os vídeos, olho para o lado, percebo que o quarteirão desapareceu e me dou conta de que estou em São Paulo, e que eu mesmo tenho minha cota de responsabilidade: moro no segundo andar de um prédio. [...] Ali embaixo, onde agora fica a garagem, já houve uma cratera, e antes dela o jardim de uma velhota e a janela de um adolescente, cheia de adesivos.

PRATA, A. Perdizes. In: Meio intelectual, meio de esquerda. São Paulo: Editora 34, 2010.

Na crônica, a incidência do contexto social sobre a voz narrativa manifesta-se no(a)

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Na crônica, a incidência do contexto social sobre a voz narrativa manifesta-se na percepção de uma descaracterização da identidade do bairro.


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(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

    Quanto às mulheres de vida alegre, detestava-as; tinha gasto muito dinheiro, precisava casar, mas casar com uma menina ingênua e pobre, porque é nas classes pobres que se encontra mais vergonha e menos bandalheira. Ora, Maria do Carmo parecia-lhe uma criatura simples, sem essa tendência fatal das mulheres modernas para o adultério, uma menina que até chorava na aula simplesmente por não ter respondido a uma pergunta do professor! Uma rapariga assim era um caso esporádico, uma verdadeira exceção no meio de uma sociedade roída por quanto vício há no mundo. Ia concluir o curso, e, quando voltasse ao Ceará, pensaria seriamente no caso. A Maria do Carmo estava mesmo a calhar: pobrezinha, mas inocente...

CAMINHA, A. A normalista. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 16 maio 2016.

Alinhado às concepções do Naturalismo, o fragmento do romance de Adolfo Caminha, de 1893, identifica e destaca nos personagens um(a)

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Alinhado às concepções do Naturalismo, o fragmento do romance de Adolfo Caminha, de 1893, identifica e destaca nos personagens uma sujeição a modelos representados por estratificações sociais e de gênero.


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(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

   O Ultimate Frisbee é um jogo competitivo praticado com um disco. Essa modalidade esportiva tem como característica mais interessante o fato de não contar com um árbitro. Apesar de ter regras preestabelecidas, estas são aplicadas conforme o consenso entre os praticantes.

GUTIERREZ, G. L. et. al. A construção de consensos numa prática esportiva competitiva: uma análise habermasiana do Ultimate Frisbee. Disponível em: www.efdeportes.com. Acesso em: 19 jun. 2012 (adaptado).

Em relação à aplicação das regras, o Ultimate Frisbee prevê

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Em relação à aplicação das regras, o Ultimate Frisbee prevê entendimento mútuo na solução de lances controversos.


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(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

   Ela parecia pedir socorro contra o que de algum modo involuntariamente dissera. E ele com os olhos miúdos quis que ela não fugisse e falou:

   — Repita o que você disse, Lóri.

   — Não sei mais.

   — Mas eu sei, eu vou saber sempre. Você literalmente disse: um dia será o mundo com sua impersonalidade soberba versus a minha extrema individualidade de pessoa, mas seremos um só.

   — Sim.

   Lóri estava suavemente espantada. Então isso era a felicidade. De início se sentiu vazia. Depois seus olhos ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor pela vida mortal a assassinava docemente, aos poucos. E o que é que eu faço? Que faço da felicidade? Que faço dessa paz estranha e aguda, que já está começando a me doer como uma angústia, como um grande silêncio de espaços? A quem dou minha felicidade, que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta? Não, não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade. Ah, milhares de pessoas não têm coragem de pelo menos prolongar-se um pouco mais nessa coisa desconhecida que é sentir-se feliz e preferem a mediocridade. Ela se despediu de Ulisses quase correndo: ele era o perigo.

LISPECTOR, C. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990.

A obra de Clarice Lispector alcança forte expressividade em razão de determinadas soluções narrativas. No fragmento, o processo que leva a essa expressividade fundamenta-se no

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No fragmento, o processo que leva a essa expressividade fundamenta-se no registro do processo de autoconhecimento da personagem.


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(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

    Talvez julguem que isto são voos de imaginação: é possível. Como não dar largas à imaginação, quando a realidade vai tomando proporções quase fantásticas, quando a civilização faz prodígios, quando no nosso próprio país a inteligência, o talento, as artes, o comércio, as grandes ideias, tudo pulula, tudo cresce e se desenvolve? Na ordem dos melhoramentos materiais, sobretudo, cada dia fazemos um passo, e em cada passo realizamos uma coisa útil para o engrandecimento do país.

ALENCAR, J. Ao correr da pena. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 12 ago. 2013.

No fragmento da crônica de José de Alencar, publicada em 1854, a temática nacionalista constrói-se pelo elogio ao(à)

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No fragmento da crônica de José de Alencar, publicada em 1854, a temática nacionalista constrói-se pelo elogio ao progresso nacional.


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   Muitos trabalhos recentes de arte digital não consistem mais em objetos puros e simples, que se devem admirar ou analisar, mas em campos de possibilidades, programas geradores de experiências estéticas potenciais. Se já era difícil decidir sobre a paternidade de um produto da cultura técnica, visto que ela oscilava entre a máquina e os vários sujeitos que a manipulam, a tarefa agora torna-se ainda mais complexa.

    Se quisermos complicar ainda mais o esquema da criação nos objetos artísticos produzidos com meios tecnológicos, poderíamos incluir também aquele que está na ponta final do processo e que foi conhecido pelos nomes (hoje inteiramente inapropriados) de espectadores, ouvintes ou leitores: numa palavra, os receptores de produtos culturais.

MACHADO, A. Máquina e imaginário: o desafio das poéticas tecnológicas. São Paulo: Edusp, 1993 (adaptado).

O autor demonstra a crise que os meios digitais trazem para questões tradicionais da criação artística, particularmente, para a autoria. Essa crise acontece porque, atualmente, além de clicar e navegar, o público

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Essa crise acontece porque, atualmente, além de clicar e navegar, o público interfere no trabalho de arte.


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(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

Física com a boca

Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador?

   Além de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras. Quando você não tem mais o que fazer e fica falando na frente dele, as ondas da voz se propagam na direção contrária às do ventilador. Davi Akkerman – presidente da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica – diz que isso causa o mismatch, nome bacana para o desencontro entre as ondas. “O vento também contribui para a distorção da voz, pelo fato de ser uma vibração que influencia no som”, diz. Assim, o ruído do ventilador e a influência do vento na propagação das ondas contribuem para distorcer sua bela voz.

Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).

Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organizar a escrita e ajudar na compreensão da mensagem. No texto, o sentido não é alterado em caso de substituição dos travessões por

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No texto, o sentido não é alterado em caso de substituição dos travessões por vírgulas, para acrescentar uma caracterização de Davi Akkerman.


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   O processo de leitura da informação vinda do companheiro e do adversário é fundamental nos esportes coletivos. O participante de modalidades com essas características deverá, a todo momento, ler e interpretar as informações gestuais de seu companheiro e adversário que, por outra via, também é portador de informações. Estas deverão ser claras e legíveis para seu companheiro e totalmente obscuras para o adversário. Na interpretação praxiológica, seria aquele jogador que consegue ler as informações do adversário e posicionar-se da melhor forma possível, antecipando-se a seus adversários e ocupando os melhores espaços.

RIBAS, J. F. M. Praxiologia motriz: construção de um novo olhar dos esportes e jogos na escola. Motriz, n. 2, 2005 (adaptado).

De acordo com a ideia de processamento de informação nas modalidades esportivas coletivas, para ser bem-sucedido em suas ações no jogo, o jogador deve

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De acordo com a ideia de processamento de informação nas modalidades esportivas coletivas, para ser bem-sucedido em suas ações no jogo, o jogador deve interpretar informações de companheiros e adversários, agindo objetivamente com os primeiros e imprecisamente com os adversários.


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(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

    O lazer é um fenômeno mundial, fruto da modernidade e das relações que se estabelecem entre o tempo de trabalho e o tempo do não trabalho. Os efeitos da industrialização e da globalização foram percebidos pela velocidade das mensagens veiculadas pela mídia, pela explosão das novas tecnologias da informação e comunicação, pela exacerbação do individualismo e competitividade, pelas mudanças no contexto social e também por uma crise nas relações de trabalho. Em meio a todas essas mudanças, o lazer apresenta-se como um conjunto de elementos culturais que podem ser vivenciados no tempo disponível, seja como atividade prática ou contemplativa.

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. Proposta curricular do estado de Minas Gerais, 6º ao 9º ano. Disponível em: http://crv.educacao.mg.gov.br. Acesso em: 31 jul. 2012.

Na perspectiva conceitual assumida pelo texto, o lazer constitui-se por atividades que

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Na perspectiva conceitual assumida pelo texto, o lazer constitui-se por atividades que são de natureza esportiva, artística ou cultural, escolhidas pelos indivíduos.


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(ENEM 2018 - 2ª Aplicação).

Frevo Nino Pernambuquinho

   É o frevo

   Arrastando a multidão, fervendo.

   É na ponta do pé e no calcanhar

   É no calcanhar e na ponta do pé com a direita

   É na ponta do pé e no calcanhar com a esquerda

   Saci-pererê, saci-pererê com a direita

   Saci-pererê com a esquerda

   Girando, girando, girando no girassol

   É o frevo no pé e a sombrinha no ar.

   É na ponta do pé e no calcanhar

   Pisando em brasa

   Pisando em brasa porque o chão está pegando fogo

   Na Avenida Guararapes

   Arrastando o Galo da Madrugada

   Olha a tesoura, para cortar todos os males.

   É o frevo no pé e a sombrinha no ar.

DUDA. Perré-bumbá. Recife: Gravadora Independente, 1998 (fragmento).

A letra da canção apresenta o frevo como uma expressão da cultura corporal que pode ser reconhecida por meio da descrição de

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A letra da canção apresenta o frevo como uma expressão da cultura corporal que pode ser reconhecida por meio da descrição de diferentes passos.




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