terça-feira, 1 de agosto de 2017

ENEM_LinguagemCodigos_2009_1ªAp

ENEM 2009 - 1ª APLICAÇÃO
ENEM 2009 - LINGUAGENS E CÓDIGOS - 1ª APLICAÇÃO

01
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

  Os melhores críticos da cultura brasileira trataram-na sempre no plural, isto é, enfatizando a coexistência no Brasil de diversas culturas. Arthur Ramos distingue as culturas não europeias (indígenas, negras) das europeias (portuguesa, italiana, alemã etc.), e Darcy Ribeiro fala de diversos Brasis: crioulo, caboclo, sertanejo, caipira e de Brasis sulinos, a cada um deles correspondendo uma cultura específica.

MORAIS, F. O Brasil na visão do artista: o país e sua cultura. São Paulo: Sudameris, 2003.

Considerando a hipótese de Darcy Ribeiro de que há vários Brasis, a opção em que a obra mostrada representa a arte brasileira de origem negro-africana é:

A
B
C
D
E

Nem o mosaico (expressão artística de origem clássica) da alternativa E, nem o caráter urbano (de placas de trânsito e automóveis) da alternativa C, nem mesmo o uso abstrato de formas geométricas nas alternativas B e D representam a arte brasileira de origem negro-africana. Pelo contrário, ela é ilustrada pela alternativa A, uma vez que a representação de figuras que lembram os signos litúrgicos da umbanda e do candomblé vale-se de uma geometria rigorosa para apresentar elementos da cultura afro-brasileira.


02
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

  Gerente – Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo?

  Cliente – Estou interessado em financiamento para compra de veículo.

  Gerente – Nós dispomos de várias modalidades de crédito.

  O senhor é nosso cliente?

  Cliente – Sou Júlio César Fontoura, também sou funcionário do banco.

  Gerente – Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena! Cê tá em Brasília? Pensei que você inda tivesse na agência de Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com calma.

BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004 (adaptado).

Na representação escrita da conversa telefônica entre a gerente do banco e o cliente, observa-se que a maneira de falar da gerente foi alterada de repente devido

A
B
C
D
E

A alternativa correta é a A, pois a mudança de registro, de formal para informal, configura um caráter de intimidade ente os interlocutores, talvez por trabalharem em uma mesma instituição.


03
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

   Analise as seguintes avaliações de possíveis resultados de um teste na Internet.

Veja. 8 jul. 2009. p.102 (adaptado).

Depreende-se, a partir desse conjunto de informações, que o teste que deu origem a esses resultados, além de estabelecer um perfil para o usuário de sites de relacionamento, apresenta preocupação com hábitos e propõe mudanças de comportamento direcionadas

A
B
C
D
E

A resposta apropriada é a D, uma vez que, na avaliação do teste da internet, no item “o fanático”, há uma interlocução por meio do verbo no modo imperativo: “Procure.” Assim, ao considerar o viciado em sites de relacionamento como alguém que precisa “sair mais de casa”, pois sua “presença na internet” predomina “sobre sua vida real”, o teste pressupõe que essas pessoas deveriam mudar seu comportamento, aprendendo a equilibrar o uso das redes sociais com o convívio “real e pessoal” com outros.


04
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

   A música pode ser definida como a combinação de sons ao longo do tempo. Cada produto final oriundo da infinidade de combinações possíveis será diferente, dependendo da escolha das notas, de suas durações, dos instrumentos utilizados, do estilo de música, da nacionalidade do compositor e do período em que as obras foram compostas.

Figura 1 - http://images.quebarato.com.br /photos/big/2/D/15A12D_2.jpg. Figura 2 - http://ourinhos.prefeituramunicipal.net/ dados/fotos/2009/07/07/normal. Figura 3 - http://www.edmontonculturalcapital.com/ gallery/edjazzfestival/JazzQuartet.jpg. Figura 4 - http://www.filmica.com/jacintaescudos /archivos/Led-Zeppelin.jpg.

Das figuras que apresentam grupos musicais em ação, pode-se concluir que o(os) grupo(s) mostrado(s) na(s) figura(s)

A
B
C
D
E

A opção correta é a A, uma vez que na figura 1, os instrumentos de corda e de percussão, bem como o figurino e a disposição dos músicos, permitem associar o quarteto ao ritmo do chorinho. Na figura 2, a descrição do estilo musical é pertinente, mas não a associação a Tom Jobim. Já na figura 3, tem-se um grupo de músicos de jazz e blues, e não a música clássica representada por Beethoven e Mozart; e, por fim, na figura 4, o ritmo sugerido é o rock, som não caracterizado por “instrumentos acústicos”.


05
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

   No programa do balé Parade, apresentado em 18 de maio de 1917, foi empregada publicamente, pela primeira vez, a palavra sur-realisme. Pablo Picasso desenhou o cenário e a indumentária, cujo efeito foi tão surpreendente que se sobrepôs à coreografia. A música de Erik Satie era uma mistura de jazz, música popular e sons reais tais como tiros de pistola, combinados com as imagens do balé de Charlie Chaplin, caubóis e vilões, mágica chinesa e Ragtime. Os tempos não eram propícios para receber a nova mensagem cênica demasiado provocativa devido ao repicar da máquina de escrever, aos zumbidos de sirene e dínamo e aos rumores de aeroplano previstos por Cocteau para a partitura de Satie. Já a ação coreográfica confirmava a tendência marcadamente teatral da gestualidade cênica, dada pela justaposição, colagem de ações isoladas seguindo um estímulo musical.

SILVA, S. M. O surrealismo e a dança. GUINSBURG, J.; LEIRNER (Org.). O surrealismo.São Paulo: Perspectiva, 2008 (adaptado).

As manifestações corporais na história das artes da cena muitas vezes demonstram as condições cotidianas de um determinado grupo social, como se pode observar na descrição acima do balé Parade, o qual reflete

A
B
C
D
E

A alternativa correta é a D, uma vez que menciona inovações tecnológicas, o que é a condição cotidiana daquele momento histórico, reflexo da Segunda Revolução Industrial e da Segunda Guerra Mundial. Tal inovação é representada na arte pelo surrealismo, arte mencionada no trecho, que se pauta na ruptura com o tradicionalismo e no diálogo com o mundo técnico, como se nota nas referências aos tiros de pistola, às máquinas de escrever, aos zumbidos de sirene, aos rumores do aeroplano.


06
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

BRASIL. Ministério da Saúde, 2009 (adaptado).

Os principais recursos utilizados para envolvimento e adesão do leitor à campanha institucional incluem

A
B
C
D
E

Como afirma a opção C, a campanha institucional do Ministério da Saúde faz uso de imperativo, como em lave, utilize, cubra, evite e entre, e dos pronomes de tratamento você – com quem se fala – e do possessivo de 3ª pessoa (para concordar com você)sua. Tais recursos são utilizados para persuadir o leitor frente à questão do vírus da Influenza A (seus sintomas e prevenções), o que é típico da função apelativa da linguagem, quando se pretende alcançar o leitor, por meio de apelos explícitos.


07
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

BRASIL. Ministério da Saúde, 2009 (adaptado).

O texto tem o objetivo de solucionar um problema social,

A
B
C
D
E

A alternativa verdadeira é a D, já que o texto da referida campanha visa divulgar um fato alarmante – uma epidemia – e trabalhar a consciência das pessoas em relação às consequências adquiridas do contágio com a mesma e também às medidas preventivas a fim de evitar tal contaminação. Esses objetivos são extremamente claros, uma vez que são delimitados graficamente através dos títulos do cartaz.


08
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

Para o Mano Caetano

  O que fazer do ouro de tolo

  Quando um doce bardo brada a toda brida,

  Em velas pandas, suas esquisitas rimas?

  Geografia de verdades, Guanabaras postiças

  Saudades banguelas, tropicais preguiças?

  

  A boca cheia de dentes

  De um implacável sorriso

  Morre a cada instante

  Que devora a voz do morto, e com isso,

  Ressuscita vampira, sem o menor aviso

  

  [...]

  E eu soy lobo-bolo? lobo-bolo

  Tipo pra rimar com ouro de tolo?

  Oh, Narciso Peixe Ornamental!

  Tease me, tease me outra vez 1

  Ou em banto baiano

  Ou em português de Portugal

  De Natal

  Se quiser, até mesmo em americano

  [...]

1Tease me (caçoe de mim, importune-me).

LOBÃO. Disponível em: http://vagalume.uol.com.br. Acesso em: 14 ago. 2009 (adaptado).

Na letra da canção apresentada, o compositor Lobão explora vários recursos da língua portuguesa, a fim de conseguir efeitos estéticos ou de sentido. Nessa letra, o autor explora o extrato sonoro do idioma e o uso de termos coloquiais na seguinte passagem:

A
B
C
D
E

A alternativa D apresenta o verso que explora o som do idioma por meio da aliteração em /b/ e /l/ e da assonância em /o/ no trecho “lobo-bolo” e “ouro de tolo”. Apesar de outras alternativas (como A e B) também explorarem o extrato sonoro do idioma, elas não fazem uso da linguagem coloquial, que, por sua vez, é presente apenas no verso da opção D, na expressão “tipo pra rimar”. Aqui, temos a contração da preposição para e o uso da expressão popular tipo, que exemplifica.


09
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

Cárcere das almas

  Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,

  Soluçando nas trevas, entre as grades

  Do calabouço olhando imensidades,

  Mares, estrelas, tardes, natureza.

  

  Tudo se veste de uma igual grandeza

  Quando a alma entre grilhões as liberdades

  Sonha e, sonhando, as imortalidades

  Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.

  

  Ó almas presas, mudas e fechadas

  Nas prisões colossais e abandonadas,

  Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

  

  Nesses silêncios solitários, graves,

  que chaveiro do Céu possui as chaves

  para abrir-vos as portas do Mistério?!

CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.

Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são

A
B
C
D
E

Como bem aponta a opção C, o texto de Cruz e Sousa, expressão do Simbolismo, explora um tema universal — a crise de consciência do ser humano e seu sofrimento — de forma abstrata e metafísica: apresenta a alma humana como encarcerada em “prisões da Dor”. A forma poética escolhida pelo autor também traduz refinamento, já que se trata de um soneto, com rimas e métrica. Além disso, outro aspecto formal que exprime a temática universal e vaga é o uso de maiúsculas sem necessidade gramatical.


10
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

XAVIER, C. Quadrinho quadrado. Disponível em: http://www.releituras.com. Acesso em: 5 jul. 2009.

Tendo em vista a segunda fala do personagem entrevistado, constata-se que

A
B
C
D
E

Como afirma a alternativa E, ao dizer que não aguentava mais escrever, reescrever, revisar, acrescentar, suprimir, consertar palavrinhas, o entrevistado evidencia seu sentimento de cansaço e desespero frente ao processo de produção de um livro, dividido em duas etapas: escrita e publicação (o que é reforçado pela linguagem não verbal – sua expressão e gesto no quadrinho).


11
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

   Gênero dramático é aquele em que o artista usa como intermediária entre si e o público a representação. A palavra vem do grego drao (fazer) e quer dizer ação. A peça teatral é, pois, uma composição literária destinada à apresentação por atores em um palco, atuando e dialogando entre si. O texto dramático é complementado pela atuação dos atores no espetáculo teatral e possui uma estrutura específica, caracterizada: 1) pela presença de personagens que devem estar ligados com lógica uns aos outros e à ação; 2) pela ação dramática (trama, enredo), que é o conjunto de atos dramáticos, maneiras de ser e de agir das personagens encadeadas à unidade do efeito e segundo uma ordem composta de exposição, conflito, complicação, clímax e desfecho; 3) pela situação ou ambiente, que é o conjunto de circunstâncias físicas, sociais, espirituais em que se situa a ação; 4) pelo tema, ou seja, a ideia que o autor (dramaturgo) deseja expor, ou sua interpretação real por meio da representação.

COUTINHO, A. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973 (adaptado).

Considerando o texto e analisando os elementos que constituem um espetáculo teatral, conclui-se que

A
B
C
D
E

Como menciona o trecho de Afrânio Coutinho, o espetáculo teatral é uma composição literária, cujo texto dramático possui uma estrutura específica, sendo caracterizado de maneira geral pela forma como é contado (pela ação e diálogo dos personagens, e não por um narrador), e não por seu conteúdo, que pode ser oriundo de diversas fontes. Portanto, a alternativa correta é a C.


12
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

   Saúde, no modelo atual de qualidade de vida, é o resultado das condições de alimentação, habitação, educação, renda, trabalho, transporte, lazer, serviços médicos e acesso à atividade física regular. Quanto ao acesso à atividade física, um dos elementos essenciais é a aptidão física, entendida como a capacidade de a pessoa utilizar seu corpo — incluindo músculos, esqueleto, coração, enfim, todas as partes —, de forma eficiente em suas atividades cotidianas; logo, quando se avalia a saúde de uma pessoa, a aptidão física deve ser levada em conta.

A partir desse contexto, considera-se que uma pessoa tem boa aptidão física quando

A
B
C
D
E

A opção C ratifica o que afirma o texto quando diz que “um dos elementos essenciais (da atividade física) é a aptidão física, entendida como a capacidade de a pessoa utilizar seu corpo de forma eficiente em suas atividades cotidianas.” A aptidão física, portanto, é um importante fator para se considerar a saúde de uma pessoa, independentemente de sua idade.


13
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

   Diferentemente do texto escrito, que em geral compele os leitores a lerem numa onda linear – da esquerda para a direita e de cima para baixo, na página impressa – hipertextos encorajam os leitores a moverem-se de um bloco de texto a outro, rapidamente e não sequencialmente. Considerando que o hipertexto oferece uma multiplicidade de caminhos a seguir, podendo ainda o leitor incorporar seus caminhos e suas decisões como novos caminhos, inserindo informações novas, o leitor navegador passa a ter um papel mais ativo e uma oportunidade diferente da de um leitor de texto impresso. Dificilmente dois leitores de hipertextos farão os mesmos caminhos e tomarão as mesmas decisões.

MARCUSCHI, L. A. Cognição, linguagem e práticas interacionais. Rio: Lucerna, 2007.

No que diz respeito à relação entre o hipertexto e o conhecimento por ele produzido, o texto apresentado deixa claro que o hipertexto muda a noção tradicional de autoria, porque

A
B
C
D
E

Com a definição dada de uma escritura não linear e não sequencial que permite ao leitor o acesso a diversos outros textos a partir de escolhas próprias e pessoais, entende-se que o hipertexto corrobora para ampliar a gama de conhecimentos do leitor, sendo uma atividade interativa. Dessa forma, como afirma a opção A, é o próprio leitor quem constrói a versão final do que lê, e “dificilmente dois leitores de hipertexto farão os mesmos caminhos e tomarão as mesmas decisões.”


14
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

La Vie en Rose

ITURRUSGARAI, A. La Vie en Rose. Folha de S.Paulo, 11 ago. 2007.

Os quadrinhos exemplificam que as Histórias em Quadrinhos constituem um gênero textual

A
B
C
D
E

A alternativa D é a única verdadeira ao tecer afirmações sobre o gênero textual História em Quadrinhos, ao dizer que seu texto escrito se aproxima da conversação face a face, ou seja, fazendo uso de uma linguagem coloquial, próxima da oralidade – justamente porque retrata cenas cotidianas e quer produzir humor no leitor, devendo estar o mais próximo de sua realidade possível.


15
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

  A partir da metade do século XX, ocorreu um conjunto de transformações econômicas e sociais cuja dimensão é difícil de ser mensurada: a chamada explosão da informação. Embora essa expressão tenha surgido no contexto da informação científica e tecnológica, seu significado, hoje, em um contexto mais geral, atinge proporções gigantescas.

  Por estabelecerem novas formas de pensamento e mesmo de lógica, a informática e a Internet vêm gerando impactos sociais e culturais importantes. A disseminação do microcomputador e a expansão da Internet vêm acelerando o processo de globalização tanto no sentido do mercado quanto no sentido das trocas simbólicas possíveis entre sociedades e culturas diferentes, o que tem provocado e acelerado o fenômeno de hibridização amplamente caracterizado como próprio da pós modernidade.

FERNANDES, M. F.; PARÁ, T. A contribuição das novas tecnologias da informação na geração de conhecimento. Disponível em: http://www.coep.ufrj.br. Acesso em: 11 ago. 2009 (adaptado).

Considerando-se o novo contexto social e econômico aludido no texto apresentado, as novas tecnologias de informação e comunicação

A
B
C
D
E

Como mostra a opção D, há elevado nível de contribuição das novas tecnologias de informação e comunicação para o desenvolvimento social, uma vez que através delas é possível disseminar o conhecimento entre diversas culturas e sociedades, isto é, de forma mais democrática e interativa, não só no que diz respeito ao alcance geográfico, mas também à velocidade da informação.


16
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

Texto I

   É praticamente impossível imaginarmos nossas vidas sem o plástico. Ele está presente em embalagens de alimentos, bebidas e remédios, além de eletrodomésticos, automóveis etc. Esse uso ocorre devido à sua atoxicidade e à inércia, isto é: quando em contato com outras substâncias, o plástico não as contamina; ao contrário, protege o produto embalado. Outras duas grandes vantagens garantem o uso dos plásticos em larga escala: são leves, quase não alteram o peso do material embalado, e são 100% recicláveis, fato que, infelizmente, não é aproveitado, visto que, em todo o mundo, a percentagem de plástico reciclado, quando comparado ao total produzido, ainda é irrelevante.

Revista Mãe Terra. Minuano, ano I, n. 6 (adaptado).

Texto II

   Sacolas plásticas são leves e voam ao vento. Por isso, elas entopem esgotos e bueiros, causando enchentes. São encontradas até no estômago de tartarugas marinhas, baleias, focas e golfinhos, mortos por sufocamento.

   Sacolas plásticas descartáveis são gratuitas para os consumidores, mas têm um custo incalculável para o meio ambiente.

Veja, 8 jul. 2009. Fragmentos de texto publicitário do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente.

Em contraste com o texto I, no texto II são empregadas, predominantemente, estratégias argumentativas que

A
B
C
D
E

Por meio de informações sobre os malefícios das sacolas plásticas, como o entupimento de bueiros e consequentes enchentes nas cidades e o sufocamento de animais marinhos e suas consequentes mortes, o texto publicitário constrói um perfil argumentativo contrário à utilização das sacolas plásticas, como afirma a opção E. Tal postura se confirma pela conclusão do texto “as sacolas descartáveis (...) têm um custo incalculável para o meio ambiente”.


17
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

Texto I

   É praticamente impossível imaginarmos nossas vidas sem o plástico. Ele está presente em embalagens de alimentos, bebidas e remédios, além de eletrodomésticos, automóveis etc. Esse uso ocorre devido à sua atoxicidade e à inércia, isto é: quando em contato com outras substâncias, o plástico não as contamina; ao contrário, protege o produto embalado. Outras duas grandes vantagens garantem o uso dos plásticos em larga escala: são leves, quase não alteram o peso do material embalado, e são 100% recicláveis, fato que, infelizmente, não é aproveitado, visto que, em todo o mundo, a percentagem de plástico reciclado, quando comparado ao total produzido, ainda é irrelevante.

Revista Mãe Terra. Minuano, ano I, n. 6 (adaptado).

Texto II

  Sacolas plásticas são leves e voam ao vento. Por isso, elas entopem esgotos e bueiros, causando enchentes. São encontradas até no estômago de tartarugas marinhas, baleias, focas e golfinhos, mortos por sufocamento.

   Sacolas plásticas descartáveis são gratuitas para os consumidores, mas têm um custo incalculável para o meio ambiente.

Veja, 8 jul. 2009. Fragmentos de texto publicitário do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente.

Na comparação dos textos, observa-se que

A
B
C
D
E

Como aponta a opção B, no texto I, a versatilidade das sacolas plásticas é ilustrada ao se mencionarem diversos contextos em que podem ser empregadas ("[...] embalagens [...], eletrodomésticos, automóveis etc."). Além disso, citam-se vantagens do seu uso para além da versatilidade, como sua atoxicidade e a propriedade de proteger alimentos. Já no texto II, alerta-se os consumidores sobre os malefícios de seu uso para o ambiente, agravados pelo fato de quase não se reciclarem sacolas plásticas.


18
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

BROWNE, C. Hagar, o horrível. Jornal O GLOBO, Segundo Caderno. 20 fev. 2009.

A linguagem da tirinha revela

A
B
C
D
E

Como bem aponta a alternativa C, o caráter de coloquialidade se expressa pelo uso da forma verbal composta no pretérito imperfeito do modo indicativo (tinha consertado). De acordo com a norma padrão da língua, dado o tom hipotético da oração, deveria ser utilizado o imperfeito do modo subjuntivo, tendo então “Pensei que você tivesse consertado.”


19
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

   O "Portal Domínio Público", lançado em novembro de 2004, propõe o compartilhamento de conhecimentos de forma equânime e gratuita, colocando à disposição de todos os usuários da Internet, uma biblioteca virtual que deverá constituir referência para professores, alunos, pesquisadores e para a população em geral. Esse portal constitui um ambiente virtual que permite a coleta, a integração, a preservação e o compartilhamento de conhecimentos, sendo seu principal objetivo o de promover o amplo acesso às obras literárias, artísticas e científicas (na forma de textos, sons, imagens e vídeos), já em domínio público ou que tenham a sua divulgação devidamente autorizada.

BRASIL. Ministério da Educação. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 29 jul. 2009 (adaptado).

Considerando a função social das informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, o ambiente virtual descrito no texto exemplifica

A
B
C
D
E

Como apontado pela alternativa C, uma vez que o ambiente virtual descrito (Domínio Público) é um site que disponibilizará uma biblioteca virtual de obras literárias e científicas – em forma de textos, sons, imagens e vídeos – para todos os que o acessarem (professores, pesquisadores, alunos e toda a população em geral), constata-se que é um serviço de democratização da informação.


20
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

Cuitelinho

  Cheguei na bera do porto

  Onde as onda se espaia.

  As garça dá meia volta,

  Senta na bera da praia.

  E o cuitelinho não gosta

  Que o botão da rosa caia.

  

  Quando eu vim da minha terra,

  Despedi da parentaia.

  Eu entrei em Mato Grosso,

  Dei em terras paraguaia.

  Lá tinha revolução,

  Enfrentei fortes bataia.

  

  A tua saudade corta

  Como o aço de navaia.

  O coração fica aflito,

  Bate uma e outra faia.

  E os oio se enche d´água

  Que até a vista se atrapaia.

Folclore recolhido por Paulo Vanzolini e Antônio Xandó. BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004.

Transmitida por gerações, a canção Cuitelinho manifesta aspectos culturais de um povo, nos quais se inclui sua forma de falar, além de registrar um momento histórico.

Depreende-se disso que a importância em preservar a produção cultural de uma nação consiste no fato de que produções como a canção Cuitelinho evidenciam a

A
B
C
D
E

Segundo o enunciado, “a canção Cuitelinho manifesta aspectos culturais de um povo, nos quais se inclui sua forma de falar”. A canção, portanto, representa uma proposta de construção da identidade nacional, à medida que traduz no texto escrito o registro oral da língua portuguesa pelo brasileiro: “Onde as onda se espaia” – se espalha (verso 2), “As garça dá meia volta” – as garças dão (verso 3), “E os oio se enche d’água” – olhos se enchem (verso 17), etc.


21
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

ECKHOUT, A. “Índio Tapuia” (1610-1666). Disponível em: http://www.diaadia.pr.gov.br. Acesso em: 9 jul. 2009.

   A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos.

   Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto.

CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 12 ago. 2009.

Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de Caminha, conclui-se que

A
B
C
D
E

Conforme o que diz a alternativa C, ambos os textos verbal e não verbal – a pintura de Eckhout e o texto de Pero Vaz de Caminha – tratam do índio, povo nativo encontrado na América, o qual seria colonizado e explorado pelos povos europeus. A pintura parece ilustrar exatamente o que diz Caminha, apresentando o índio completamente despido, em posição de extrema naturalidade, com seus instrumentos típicos.


22
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

   As tecnologias de informação e comunicação (TIC) vieram aprimorar ou substituir meios tradicionais de comunicação e armazenamento de informações, tais como o rádio e a TV analógicos, os livros, os telégrafos, o fax etc. As novas bases tecnológicas são mais poderosas e versáteis, introduziram fortemente a possibilidade de comunicação interativa e estão presentes em todos os meios produtivos da atualidade. As novas TIC vieram acompanhadas da chamada Digital Divide, Digital Gap ou Digital Exclusion, traduzidas para o português como Divisão Digital ou Exclusão Digital, sendo, às vezes, também usados os termos Brecha Digital ou Abismo Digital.

Nesse contexto, a expressão Divisão Digital refere-se a

A
B
C
D
E

A alternativa D afirma que a expressão Divisão ou Exclusão Digital refere-se a um aprofundamento das diferenças sociais já existentes na sociedade. Num mundo em que as tecnologias de informação e comunicação (TIC) são cada vez mais utilizadas, aqueles que não têm acesso às mesmas – normalmente pessoas de baixa renda e pouca escolaridade – acabam excluídos dos meios produtivos da atualidade. Assim, o meio digital transforma-se em mais um canal de exclusão daqueles que já são marginalizados.


23
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

  Você sabia que as metrópoles são as grandes consumidoras dos produtos feitos com recursos naturais da Amazônia? Você pode diminuir os impactos à floresta adquirindo produtos com selos de certificação. Eles são encontrados em itens que vão desde lápis e embalagens de papelão até móveis, cosméticos e materiais de construção. Para receber os selos esses produtos devem ser fabricados sob 10 princípios éticos, entre eles o respeito à legislação ambiental e aos direitos de povos indígenas e populações que vivem em nossas matas nativas.

Vida simples. Ed. 74, dez. 2008.

O texto e a imagem têm por finalidade induzir o leitor a uma mudança de comportamento a partir do(a)

A
B
C
D
E

O texto, dirigido à população metropolitana (grande consumidora de produtos feitos com recursos naturais da Amazônia – muitas vezes inconscientemente), tem a finalidade de atingir uma mudança de comportamento do consumidor, a partir da certificação de que o produto em questão tenha sido fabricado dentro dos limites da lei, como aponta a opção D. Assim, condiciona a compra desses produtos à presença do selo de certificação que garante a fabricação sob 10 princípios éticos.


24
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

   A dança é importante para o índio preparar o corpo e a garganta e significa energia para o corpo, que fica robusto. Na aldeia, para preparo físico, dançamos desde cinco horas da manhã até seis horas da tarde, passa-se o dia inteiro dançando quando os padrinhos planejam a dança dos adolescentes. O padrinho é como um professor, um preparador físico dos adolescentes. Por exemplo, o padrinho sonha com um determinado canto e planeja para todos entoarem. Todos os tipos de dança vêm dos primeiros xavantes: Wamarĩdzadadzeiwawẽ, Butséwawẽ, Tseretomodzatsewawẽ, que foram descobrindo através da sabedoria como iria ser a cultura Xavante. Até hoje existe essa cultura, essa celebração.

  Quando o adolescente fura a orelha é obrigatório ele dançar toda a noite, tem de acordar meia-noite para dançar e cantar, é obrigatório, eles vão chamando um ao outro com um grito especial.

WÉRÉ' É TSI'RÓBÓ, E. A dança e o canto-celebração da existência xavante. VIS-Revista do Programa de Pós-Graduação em Arte da UnB. V. 5, n. 2, dez. 2006.

A partir das informações sobre a dança Xavante, conclui-se que o valor da diversidade artística e da tradição cultural apresentados originam-se da

A
B
C
D
E

O excerto aborda a questão da dança como componente da identidade dos Xavantes. Sabemos que a identidade consiste na incorporação de elementos novos (provenientes do meio) e em sua filiação a práticas ou valores já integrados a determinado grupo humano, contando com o processo de adaptação e flexibilidade. Tais noções se encontram no texto de Wéré‘é Tsi’róbó: enquanto os cantos são inventados atualmente por um padrinho dos jovens da tribo, os tipos de dança se originam dos seus ancestrais.


25
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

Canção do vento e da minha vida

  O vento varria as folhas,

  O vento varria os frutos,

  O vento varria as flores...

    E a minha vida ficava

    Cada vez mais cheia

    De frutos, de flores, de folhas.

  

  [...]

  O vento varria os sonhos

  E varria as amizades...

  O vento varria as mulheres...

    E a minha vida ficava

    Cada vez mais cheia

    De afetos e de mulheres.

  

  O vento varria os meses

  E varria os teus sorrisos...

  O vento varria tudo!

    E a minha vida ficava

    Cada vez mais cheia

    De tudo.

BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.

Predomina no texto a função da linguagem

A
B
C
D
E

Trata-se de uma poesia cheia de recursos expressivos, como anáfora, aliteração, uso de figuras de linguagem – como metáfora e metonímia. Desta forma, a função de linguagem predominante no texto é a poética, já que preocupa-se mais com a maneira de dizer e a estrutura do texto, como aponta a alternativa E, do que com a precisão do conteúdo. E alcança-se, assim, significado não só por meio das palavras que são empregadas, mas também por intermédio do modo como elas se combinam.


26
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

Canção do vento e da minha vida

  O vento varria as folhas,

  O vento varria os frutos,

  O vento varria as flores...

    E a minha vida ficava

    Cada vez mais cheia

    De frutos, de flores, de folhas.

  

  [...]

  O vento varria os sonhos

  E varria as amizades...

  O vento varria as mulheres...

    E a minha vida ficava

    Cada vez mais cheia

    De afetos e de mulheres.

  

  O vento varria os meses

  E varria os teus sorrisos...

  O vento varria tudo!

    E a minha vida ficava

    Cada vez mais cheia

    De tudo.

BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.

Na estruturação do texto, destaca-se

A
B
C
D
E

Dentre os recursos expressivos empregados por Manuel Bandeira no poema, podem-se destacar, no plano da sonoridade, a repetição de fonemas como /v/ (como em vento, varria, vida), que imitam o barulho do vento, evocando dinamicidade e movimento contínuo; e, no plano sintático, a repetição de estruturas de frase, que se configura como importante recurso poético produtor da noção de repetição, da recorrência das mudanças na vida do eu-lírico.


27
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

  Teatro do Oprimido é um método teatral que sistematiza exercícios, jogos e técnicas teatrais elaboradas pelo teatrólogo brasileiro Augusto Boal, recentemente falecido, que visa à desmecanização física e intelectual de seus praticantes. Partindo do princípio de que a linguagem teatral não deve ser diferenciada da que é usada cotidianamente pelo cidadão comum (oprimido), ele propõe condições práticas para que o oprimido se aproprie dos meios do fazer teatral e, assim, amplie suas possibilidades de expressão. Nesse sentido, todos podem desenvolver essa linguagem e, consequentemente, fazer teatro. Trata-se de um teatro em que o espectador é convidado a substituir o protagonista e mudar a condução ou mesmo o fim da história, conforme o olhar interpretativo e contextualizado do receptor.

Companhia Teatro do Oprimido. Disponível em: www.ctorio.org.br. Acesso em: 1 jul. 2009 (adaptado).

Considerando-se as características do Teatro do Oprimido apresentadas, conclui-se que

A
B
C
D
E

Augusto Boal, em seu Teatro do Oprimido, desenvolveu uma linguagem teatral inovadora, de forma a possibilitar ao cidadão não ator uma visão mais nítida de sua realidade. Ao encenar, por meio do jogo teatral, um acontecimento do próprio cotidiano, o indivíduo passa a interagir, de forma reflexiva, com a situação vivida.


28
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

Texto I

  O professor deve ser um guia seguro, muito senhor de sua língua; se outra for a orientação, vamos cair na “língua brasileira”, refúgio nefasto e confissão nojenta de ignorância do idioma pátrio, recurso vergonhoso de homens de cultura falsa e de falso patriotismo. Como havemos de querer que respeitem a nossa nacionalidade se somos os primeiros a descuidar daquilo que exprime e representa o idioma pátrio?

ALMEIDA, N. M. Gramática metódica da língua portuguesa. Prefácio. São Paulo: Saraiva, 1999 (adaptado).

Texto II

  Alguns leitores poderão achar que a linguagem desta Gramática se afasta do padrão estrito usual neste tipo de livro. Assim, o autor escreve tenho que reformular, e não tenho de reformular; pode-se colocar dois constituintes, e não podem-se colocar dois constituintes; e assim por diante. Isso foi feito de caso pensado, com a preocupação de aproximar a linguagem da gramática do padrão atual brasileiro presente nos textos técnicos e jornalísticos de nossa época.

REIS, N. Nota do editor. PERINI, M. A. Gramática descritiva do português. São Paulo: Ática, 1996.

Confrontando-se as opiniões defendidas nos dois textos, conclui-se que

A
B
C
D
E

A ideia de rigidez gramatical se encontra clara no Texto I quando o autor, depois de dizer que o professor “deve ser um guia seguro, muito senhor da sua língua”, manifesta clara aversão pelo que ele chama de “língua brasileira”. A defesa da adequação da língua escrita ao padrão atual brasileiro está clara na parte final do Texto II: “com a preocupação de aproximar a linguagem da gramática do padrão atual brasileiro presente nos textos técnicos e jornalísticos de nossa época”.


29
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

  No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a tese de que no Brasil havia duas literaturas independentes dentro da mesma língua: uma do Norte e outra do Sul, regiões segundo ele muito diferentes por formação histórica, composição étnica, costumes, modismos linguísticos etc. Por isso, deu aos romances regionais que publicou o título geral de Literatura do Norte. Em nossos dias, um escritor gaúcho, Viana Moog, procurou mostrar com bastante engenho que no Brasil há, em verdade, literaturas setoriais diversas, refletindo as características locais.

CANDIDO, A. A nova narrativa. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 2003.

Com relação à valorização, no romance regionalista brasileiro, do homem e da paisagem de determinadas regiões nacionais, sabe-se que

A
B
C
D
E

O regionalismo aparece na literatura brasileira em diversos momentos, com várias propostas estilísticas e temáticas. O romance nordestino se caracteriza pela exploração de regionalismos linguísticos e pelo registro realista da luta do homem contra a natureza inóspita.


30
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

   Quando eu falo com vocês, procuro usar o código de vocês. A figura do índio no Brasil de hoje não pode ser aquela de 500 anos atrás, do passado, que representa aquele primeiro contato. Da mesma forma que o Brasil de hoje não é o Brasil de ontem, tem 160 milhões de pessoas com diferentes sobrenomes. Vieram para cá asiáticos, europeus, africanos, e todo mundo quer ser brasileiro. A importante pergunta que nós fazemos é: qual é o pedaço de índio que vocês têm? O seu cabelo? São seus olhos? Ou é o nome da sua rua? O nome da sua praça? Enfim, vocês devem ter um pedaço de índio dentro de vocês. Para nós, o importante é que vocês olhem para a gente como seres humanos, como pessoas que nem precisam de paternalismos, nem precisam ser tratadas com privilégios. Nós não queremos tomar o Brasil de vocês, nós queremos compartilhar esse Brasil com vocês.

TERENA, M. Debate. MORIN, E. Saberes globais e saberes locais. Rio de Janeiro: Garamond, 2000 (adaptado).

Os procedimentos argumentativos utilizados no texto permitem inferir que o ouvinte/leitor, no qual o emissor foca o seu discurso, pertence

A
B
C
D
E

Interpretação de Texto e Variação Linguística. Apesar de se tratar da fala de um indígena em nome de sua comunidade, a opção pela norma padrão é a adequada por se tratar justamente, em um debate com não índios, de uma reivindicação de tratamento igualitário. Assim, como afirma a opção B, o uso da norma padrão é uma forma de expressar esse desejo de igualdade, deixando claro que a comunidade indígena faz a sua parte ao ter o conhecimento de um cidadão brasileiro, como a língua portuguesa em norma padrão.


31
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

Se os tubarões fossem homens

  Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentis com os peixes pequenos? Certamente, se os tubarões fossem homens, fariam construir resistentes gaiolas no mar para os peixes pequenos, com todo o tipo de alimento, tanto animal como vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fresca e adotariam todas as providências sanitárias.

  Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas. Nas aulas, os peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo, a usar a geografia para localizar os grandes tubarões deitados preguiçosamente por aí. A aula principal seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. A eles seria ensinado que o ato mais grandioso e mais sublime é o sacrifício alegre de um peixinho e que todos deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando estes dissessem que cuidavam de sua felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência. Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos seria condecorado com uma pequena Ordem das Algas e receberia o título de herói.

BRECHT, B. Histórias do Sr. Keuner. São Paulo: Ed. 34, 2006 (adaptado).

Como produção humana, a literatura veicula valores que nem sempre estão representados diretamente no texto, mas são transfigurados pela linguagem literária e podem até entrar em contradição com as convenções sociais e revelar o quanto a sociedade perverteu os valores humanos que ela própria criou. É o que ocorre na narrativa do dramaturgo alemão Bertolt Brecht mostrada. Por meio da hipótese apresentada, o autor

A
B
C
D
E

Bertold Brecht, conhecido dramaturgo alemão do século XX, é conhecido pelo teor político de suas obras. Suas peças, poemas e narrativas são provas de como a literatura pode ser crítica, propondo reflexões acerca da realidade em que se vive, como, por exemplo, a organização social no mundo moderno. No texto em questão, por meio da situação hipotética de tubarões manipulando peixinhos, questionam-se o sistema capitalista e as relações de opressão entre socialmente fortes e fracos, como aponta D.


32
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

   Oximoro, ou paradoxismo, é uma figura de retórica em que se combinam palavras de sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão.

Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa.

Considerando a definição apresentada, o fragmento poético da obra Cantares, de Hilda Hilst, publicada em 2004, em que pode ser encontrada a referida figura de retórica é:

A
B
C
D
E

Nos versos da alternativa D, especialmente nos dois últimos, nota-se a exploração de uma imagem paradoxal: “E me deixa viver / nessa que morre.” Considerando paradoxo como uma figura de linguagem que opõe não só palavras de sentido oposto, mas também ideias que, através daquelas, se formam incoerentemente, sem lógica, entende-se como tal a contradição que é “viver e morrer”.


33
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

Veja, 7 maio 1997.

Na parte superior do anúncio, há um comentário escrito à mão que aborda a questão das atividades linguísticas e sua relação com as modalidades oral e escrita da língua. Esse comentário deixa evidente uma posição crítica quanto a usos que se fazem da linguagem, enfatizando ser necessário

A
B
C
D
E

Na parte superior do anúncio, o comentário escrito à mão — que sugere a possibilidade de que algumas pessoas escrevam como falam —, ao dizer que o menino está ”ferrado“ se fizer uso das marcas coloquiais da linguagem oral dos jovens, deixa implícito que tal coloquialidade é aceitável na modalidade oral, mas que as pessoas devem usar uma linguagem mais formal em textos escritos, como aponta a opção D.


34
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

BRASIL. Ministério da Saúde. Revista Nordeste, João Pessoa, ano 3, n. 35, maio/jun. 2009.

O texto exemplifica um gênero textual híbrido entre carta e publicidade oficial. Em seu conteúdo, é possível perceber aspectos relacionados a gêneros digitais. Considerando-se a função social das informações geradas nos sistemas de comunicação e informação presentes no texto, infere-se que

A
B
C
D
E

Como aponta a alternativa D, através das informações geradas nos sistemas de comunicação e informação – como a presença de “downloads de uso livre” na internet – que podem ser acessadas por qualquer pessoa mencionadas no texto, infere-se a necessidade de atingir diversos públicos — função típica do gênero “publicidade oficial” — ainda que a mensagem tenha traços de uma carta diretamente dirigida aos prefeitos.


35
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

BRASIL. Ministério da Saúde. Revista Nordeste, João Pessoa, ano 3, n. 35, maio/jun. 2009.

Diante dos recursos argumentativos utilizados, depreende-se que o texto apresentado

A
B
C
D
E

A publicidade oficial utilizada faz-se extensiva não só aos governantes como a todos os cidadãos brasileiros. Contudo, é aos prefeitos que o texto é dirigido de maneira direta, como se pode ver pelo uso do vocativo “Sr. Prefeito” e pelo verbo em pessoa que indica um sujeito para as ações imperativas: “organize mutirões, envolvendo líderes comunitários de sua cidade, para lutar contra a dengue” que, por imposição da concordância, deve ser preenchido por “O senhor”, “você”, “Vossa Senhoria”.


36
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

A partida

  Acordei pela madrugada. A princípio com tranquilidade, e logo com obstinação, quis novamente dormir. Inútil, o sono esgotara-se. Com precaução, acendi um fósforo: passava das três. Restava-me, portanto, menos de duas horas, pois o trem chegaria às cinco. Veio-me então o desejo de não passar mais nem uma hora naquela casa. Partir, sem dizer nada, deixar quanto antes minhas cadeias de disciplina e de amor.

   Com receio de fazer barulho, dirigi-me à cozinha, lavei o rosto, os dentes, penteei-me e, voltando ao meu quarto, vesti-me. Calcei os sapatos, sentei-me um instante à beira da cama. Minha avó continuava dormindo. Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras... Que me custava acordá-la, dizer-lhe adeus?

LINS, O. A partida. Melhores contos. Seleção e prefácio de Sandra Nitrini. São Paulo: Global, 2003.

No texto, o personagem narrador, na iminência da partida, descreve a sua hesitação em separar-se da avó. Esse sentimento contraditório fica claramente expresso no trecho:

A
B
C
D
E

A vontade de partir do personagem narrador misturada à sua hesitação em separar-se da avó que ali ficaria é claramente demonstrada no final do trecho citado, como aponta a alternativa E. Com seu “desejo de não passar mais nem uma hora naquela casa”, o narrador escaparia silenciosamente (“Partir, sem dizer nada”); no entanto, hesita quanto a essa decisão, pensando em se despedir ou não da avó, o que se manifesta na passagem “Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras...”.


37
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

   Serafim da Silva Neto defendia a tese da unidade da língua portuguesa no Brasil, entrevendo que no Brasil as delimitações dialetais espaciais não eram tão marcadas como as isoglossas1 da România Antiga. Mas Paul Teyssier, na sua História da Língua Portuguesa, reconhece que na diversidade socioletal essa pretensa unidade se desfaz. Diz Teyssier: “A realidade, porém, é que as divisões ‘dialetais’ no Brasil são menos geográficas que socioculturais. As diferenças na maneira de falar são maiores, num determinado lugar, entre um homem culto e o vizinho analfabeto que entre dois brasileiros do mesmo nível cultural originários de duas regiões distantes uma da outra.”

SILVA, R. V. M. O português brasileiro e o português europeu contemporâneo: alguns aspectos da diferença. Disponível em: www.uniroma.it. Acesso em: 23 jun. 2008.

   1isoglossa – linha imaginária que, em um mapa, une os pontos de ocorrência de traços e fenômenos linguísticos idênticos.

FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

De acordo com as informações presentes no texto, os pontos de vista de Serafim da Silva Neto e de Paul Teyssier convergem em relação

A
B
C
D
E

Como dito em E, os pontos de vista dos autores convergem em relação à presença de delimitações dialetais geográficas no Brasil. Para Serafim da Silva Neto, elas não são tão marcadas a ponto de dividir a língua, e, por isso, ele defende a unidade da Língua Portuguesa. Por outro lado, Teyssier, apesar de reconhecer as divisões dialetais geográficas, atribui a elas uma importância menor em relação à relevância da variação de natureza sociocultural e diz que estas comprometem a unidade linguística.


38
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

   Nestes últimos anos, a situação mudou bastante e o Brasil, normalizado, já não nos parece tão mítico, no bem e no mal. Houve um mútuo reconhecimento entre os dois países de expressão portuguesa de um lado e do outro do Atlântico: o Brasil descobriu Portugal e Portugal, em um retorno das caravelas, voltou a descobrir o Brasil e a ser, por seu lado, colonizado por expressões linguísticas, as telenovelas, os romances, a poesia, a comida e as formas de tratamento brasileiros. O mesmo, embora em nível superficial, dele excluído o plano da língua, aconteceu com a Europa, que, depois da diáspora dos anos 70, depois da inserção na cultura da bossa-nova e da música popular brasileira, da problemática ecológica centrada na Amazônia, ou da problemática social emergente do fenômeno dos meninos de rua, e até do álibi ocultista dos romances de Paulo Coelho, continua todos os dias a descobrir, no bem e no mal, o novo Brasil. Se, no fim do século XIX, Sílvio Romero definia a literatura brasileira como manifestação de um país mestiço, será fácil para nós defini-la como expressão de um país polifônico: em que já não é determinante o eixo Rio-São Paulo, mas que, em cada região, desenvolve originalmente a sua unitária e particular tradição cultural. É esse, para nós, no início do século XXI, o novo estilo brasileiro.

STEGAGNO-PICCHIO, L. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004 (adaptado).

   No texto, a autora mostra como o Brasil, ao longo de sua história, foi, aos poucos, construindo uma identidade cultural e literária relativamente autônoma frente à identidade europeia, em geral, e à portuguesa em particular. Sua análise pressupõe, de modo especial, o papel do patrimônio literário e linguístico, que favoreceu o surgimento daquilo que ela chama de “estilo brasileiro”.

Diante desse pressuposto, e levando em consideração o texto e as diferentes etapas de consolidação da cultura brasileira, constata-se que

A
B
C
D
E

Conforme afirma a opção C, é possível constatar que a identidade cultural brasileira no século XXI deixou de ser orientada por regras e padrões, ora associados à expressão dominante do eixo Rio-São Paulo, ora à do português europeu. Ao invés disso, a cultura nacional é definida como polifônica, isto é, composta por diferentes núcleos de produção dotados de autonomia, reconhecidos no âmbito nacional e também internacional.


39
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

Compare os textos I e II a seguir, que tratam de aspectos ligados a variedades da língua portuguesa no mundo e no Brasil.

Texto I

  Acompanhando os navegadores, colonizadores e comerciantes portugueses em todas as suas incríveis viagens, a partir do século XV, o português se transformou na língua de um império. Nesse processo, entrou em contato — forçado, o mais das vezes; amigável, em alguns casos — com as mais diversas línguas, passando por processos de variação e de mudança linguística. Assim, contar a história do português do Brasil é mergulhar na sua história colonial e de país independente, já que as línguas não são mecanismos desgarrados dos povos que as utilizam. Nesse cenário, são muitos os aspectos da estrutura linguística que não só expressam a diferença entre Portugal e Brasil como também definem, no Brasil, diferenças regionais e sociais.

PAGOTTO, E. P. Línguas do Brasil. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br.Acesso em: 5 jul. 2009 (adaptado).

Texto II

   Barbarismo é vício que se comete na escritura de cada uma das partes da construção ou na pronunciação. E em nenhuma parte da Terra se comete mais essa figura da pronunciação que nestes reinos, por causa das muitas nações que trouxemos ao jugo do nosso serviço. Porque bem como os Gregos e Romanos haviam por bárbaras todas as outras nações estranhas a eles, por não poderem formar sua linguagem, assim nós podemos dizer que as nações de África, Guiné, Ásia, Brasil barbarizam quando querem imitar a nossa.

BARROS, J. Gramática da língua portuguesa. Porto: Porto Editora, 1957 (adaptado).

Os textos abordam o contato da língua portuguesa com outras línguas e processos de variação e de mudança decorridos desse contato. Da comparação entre os textos, conclui-se que a posição de João de Barros (Texto II), em relação aos usos sociais da linguagem, revela

A
B
C
D
E

A posição de João de Barros em relação aos usos sociais da língua portuguesa é antiquada e preconceituosa, ao dizer que “África, Guiné, Ásia, Brasil barbarizam” quando querem imitar o modo de falar e escrever dos portugueses. Assim, o autor demonstra uma concepção de língua como homogênea e invariável, como afirma a opção D (como se ela estivesse imune às variações regionais, históricas e sociais), além de negar aos outros povos lusófonos o sentimento de que a língua também lhes pertence.


40
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

Texto I

  [...] já foi o tempo em que via a convivência como viável, só exigindo deste bem comum, piedosamente, o meu quinhão, já foi o tempo em que consentia num contrato, deixando muitas coisas de fora sem ceder contudo no que me era vital, já foi o tempo em que reconhecia a existência escandalosa de imaginados valores, coluna vertebral de toda ‘ordem’; mas não tive sequer o sopro necessário, e, negado o respiro, me foi imposto o sufoco; é esta consciência que me libera, é ela hoje que me empurra, são outras agora minhas preocupações, é hoje outro o meu universo de problemas; num mundo estapafúrdio — definitivamente fora de foco — cedo ou tarde tudo acaba se reduzindo a um ponto de vista, e você que vive paparicando as ciências humanas, nem suspeita que paparica uma piada: impossível ordenar o mundo dos valores, ninguém arruma a casa do capeta; me recuso pois a pensar naquilo em que não mais acredito, seja o amor, a amizade, a família, a igreja, a humanidade; me lixo com tudo isso! me apavora ainda a existência, mas não tenho medo de ficar sozinho, foi conscientemente que escolhi o exílio, me bastando hoje o cinismo dos grandes indiferentes [...].

NASSAR, R. Um copo de cólera. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

Texto II

   Raduan Nassar lançou a novela Um Copo de Cólera em 1978, fervilhante narrativa de um confronto verbal entre amantes, em que a fúria das palavras cortantes se estilhaçava no ar. O embate conjugal ecoava o autoritário discurso do poder e da submissão de um Brasil que vivia sob o jugo da ditadura militar.

COMODO, R. Um silêncio inquietante. IstoÉ. Disponível em: http://www.terra.com.br. Acesso em: 15 jul. 2009.

Na novela Um Copo de Cólera, o autor lança mão de recursos estilísticos e expressivos típicos da literatura produzida na década de 70 do século passado no Brasil, que, nas palavras do crítico Antonio Candido, aliam “vanguarda estética e amargura política”. Com relação à temática abordada e à concepção narrativa da novela, o texto I

A
B
C
D
E

O trecho da novela Um copo de cólera, escrito em primeira pessoa, demonstra o grau da extrema tensão vivida pelo narrador, que nega a sua condição por meio de críticas aos princípios que fundamentavam a sociedade da época (quando diz repetidamente que “já foi o tempo...”). No seu caso, não se pode falar em exclusão social (opção B), já que “foi conscientemente que escolhi o exílio”, e os temas levantados pelas opções C e E não são evidenciados no trecho em questão.


41
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

Texto I

  [...] já foi o tempo em que via a convivência como viável, só exigindo deste bem comum, piedosamente, o meu quinhão, já foi o tempo em que consentia num contrato, deixando muitas coisas de fora sem ceder contudo no que me era vital, já foi o tempo em que reconhecia a existência escandalosa de imaginados valores, coluna vertebral de toda ‘ordem’; mas não tive sequer o sopro necessário, e, negado o respiro, me foi imposto o sufoco; é esta consciência que me libera, é ela hoje que me empurra, são outras agora minhas preocupações, é hoje outro o meu universo de problemas; num mundo estapafúrdio — definitivamente fora de foco — cedo ou tarde tudo acaba se reduzindo a um ponto de vista, e você que vive paparicando as ciências humanas, nem suspeita que paparica uma piada: impossível ordenar o mundo dos valores, ninguém arruma a casa do capeta; me recuso pois a pensar naquilo em que não mais acredito, seja o amor, a amizade, a família, a igreja, a humanidade; me lixo com tudo isso! me apavora ainda a existência, mas não tenho medo de ficar sozinho, foi conscientemente que escolhi o exílio, me bastando hoje o cinismo dos grandes indiferentes [...].

NASSAR, R. Um copo de cólera. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

Texto II

   Raduan Nassar lançou a novela Um Copo de Cólera em 1978, fervilhante narrativa de um confronto verbal entre amantes, em que a fúria das palavras cortantes se estilhaçava no ar. O embate conjugal ecoava o autoritário discurso do poder e da submissão de um Brasil que vivia sob o jugo da ditadura militar.

COMODO, R. Um silêncio inquietante. IstoÉ. Disponível em: http://www.terra.com.br. Acesso em: 15 jul. 2009.

Considerando-se os textos apresentados e o contexto político e social no qual foi produzida a obra Um Copo de Cólera, verifica-se que o narrador, ao dirigir-se à sua parceira, nessa novela, tece um discurso

A
B
C
D
E

Como aponta a alternativa C, o discurso do narrador de Um copo de cólera assume um tom desmistificador, porque ataca, de forma pontual, os valores e instituições sociais de grande representatividade: “me recuso pois a pensar naquilo em que não mais acredito, seja o amor, a amizade, a família, a igreja, a humanidade; me lixo com tudo isso!”.


42
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

   Nunca se falou e se preocupou tanto com o corpo como nos dias atuais. É comum ouvirmos anúncios de uma nova academia de ginástica, de uma nova forma de dieta, de uma nova técnica de autoconhecimento e outras práticas de saúde alternativa, em síntese, vivemos nos últimos anos a redescoberta do prazer, voltando nossas atenções ao nosso próprio corpo. Essa valorização do prazer individualizante se estrutura em um verdadeiro culto ao corpo, em analogia a uma religião, assistimos hoje ao surgimento de novo universo: a corpolatria.

CODO, W.; SENNE, W. O que é corpo(latria). Coleção Primeiros Passos. Brasiliense, 1985 (adaptado).

Sobre esse fenômeno do homem contemporâneo presente nas classes sociais brasileiras, principalmente, na classe média, a corpolatria

A
B
C
D
E

O trecho em questão compara essa atual preocupação e valorização do corpo às religiões. A alternativa A ratifica a semelhança entre o culto ao corpo e os cultos religiosos, valendo-se do estereótipo que se tem das religiões (algo sagrado, espiritual, ao contrário de material) para classificar a “corpolatria” como “uma religião pelo avesso”, já que esta implica o culto ao prazer.


43
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

Confidência do Itabirano

  Alguns anos vivi em Itabira.

  Principalmente nasci em Itabira.

  Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.

  Noventa por cento de ferro nas calçadas.

  Oitenta por cento de ferro nas almas.

  E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.

  

  A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,

  vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.

  E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,

  é doce herança itabirana.

  

  De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:

  esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,

  este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;

  este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;

  este orgulho, esta cabeça baixa...

  

  Tive ouro, tive gado, tive fazendas.

  Hoje sou funcionário público.

  Itabira é apenas uma fotografia na parede.

  Mas como dói!

ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003.

Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do movimento modernista brasileiro. Com seus poemas, penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente as inquietudes e os dilemas humanos. Sua poesia é feita de uma relação tensa entre o universal e o particular, como se percebe claramente na construção do poema Confidência do Itabirano. Tendo em vista os procedimentos de construção do texto literário e as concepções artísticas modernistas, conclui-se que o poema acima

A
B
C
D
E

Como aponta a opção C, nota-se que o poema “Confidência do Itabirano” evidencia uma troca entre universal e particular, no que diz respeito ao eu-lírico e sua comunidade, visto que ele revela que carrega consigo as marcas de seu meio de origem (versos 1 a 3), a cidade de Itabira, região produtora de minério de ferro localizada em Minas Gerais. Ao longo do poema, vemos que tais marcas se manifestam nele de forma a torná-lo também “de ferro”, tornando o sofrimento uma diversão.


44
(ENEM 2009 - 1ª Aplicação).

   Quando eu falo com vocês, procuro usar o código de vocês. A figura do índio no Brasil de hoje não pode ser aquela de 500 anos atrás, do passado, que representa aquele primeiro contato. Da mesma forma que o Brasil de hoje não é o Brasil de ontem, tem 160 milhões de pessoas com diferentes sobrenomes. Vieram para cá asiáticos, europeus, africanos, e todo mundo quer ser brasileiro. A importante pergunta que nós fazemos é: qual é o pedaço de índio que vocês têm? O seu cabelo? São seus olhos? Ou é o nome da sua rua? O nome da sua praça? Enfim, vocês devem ter um pedaço de índio dentro de vocês. Para nós, o importante é que vocês olhem para a gente como seres humanos, como pessoas que nem precisam de paternalismos, nem precisam ser tratadas com privilégios. Nós não queremos tomar o Brasil de vocês, nós queremos compartilhar esse Brasil com vocês.

TERENA, M. Debate. MORIN, E. Saberes globais e saberes locais. Rio de Janeiro: Garamond, 2000 (adaptado).

Na situação de comunicação da qual o texto foi retirado, a norma padrão da língua portuguesa é empregada com a finalidade de

A
B
C
D
E

Interpretação de Texto e Variação Linguística. Apesar de se tratar da fala de um indígena em nome de sua comunidade, a opção pela norma padrão é a adequada por se tratar justamente, em um debate com não índios, de uma reivindicação de tratamento igualitário. Assim, como afirma a opção B, o uso da norma padrão é uma forma de expressar esse desejo de igualdade, deixando claro que a comunidade indígena faz a sua parte ao ter o conhecimento de um cidadão brasileiro, como a língua portuguesa em norma padrão.





Nenhum comentário:

Postar um comentário